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Site do boletim do MST do Rio de Janeiro

Impactos do agronegócio: MST recebe visita de técnicos norte-americanos

quarta-feira 23 março 2011 - Filed under Notícias do MST Rio

No dia 18 de março no Sindipetro-RJ, o MST recebeu a visita de 20 pessoas dos Estados Unidos entre pesquisadores, professores, agricultores e técnicos de Ong´s, coordenados por Carlos Aguilar do Ibase.

A perspectiva dos Norte Americanos foi de conhecer melhor o modelo do agronegócio em especial a produção do Etanol no Brasil e suas influências na agricultura camponesa.
O debate foi construído em dois momentos: o primeiro momento com a exposição e comentário de um vídeo sobre o modo de produção da cana; e um segundo momento o debate mais geral sobre os ramos de produção do agronegócio no Brasil e suas influências no campo.

O vídeo trouxe elementos do dia-a-dia dos trabalhadores dos canaviais desde a implantação da cultura até a colheita. Comentado por Marcelo Durão, do MST, o vídeo explicitava as questões do modelo da monocultura da cana como a super exploração do trabalhador, o desrespeito as leis trabalhistas, a degradação e a poluição ambiental causados pela perda da biodiversidade e pelas queimadas, a contaminação dos trabalhadores pelo uso totalmente inadequado de agrotóxicos, enfim todas as mazelas que este modelo causa.
Marcelo Durão ressalta que a queima do etanol como combustível é realmente muito mais limpa que os combustíveis derivados do petróleo, mas a sua produção não tem nada de limpa e muito menos de “bio”. A produção de cana no Brasil ainda segue padrões da época do Brasil colônia, grandes extensões de terras com um único produto – monoculturas, com utilização de trabalho escravo ou análogo, e isso em pleno Rio de Janeiro, visando basicamente o comércio exterior. A lógica deste modelo é produzir commodities e não alimentos ou até mesmo energia.

“Nós não chamamos de bio-combustiveis, porque bio é vida e este modelo não tem nada de vida. Chamamos de agro-combustiveis, pois vem de produtos agrícolas.” – Diz Marcelo Durão.

O segundo momento se deu com a exposição do professor da Uerj e Fiocruz, e pesquisador da ABRA, Paulo Alentejano. Ele trouxe as questões gerais do modelo do agronegócio e seus impactos no campo brasileiro. Discorreu sobre como este modelo vem a passos largos ganhando cada vez mais força e espaço competindo diretamente com a agricultura camponesa familiar na produção de alimentos. Cada vez mais culturas como eucalipto, cana, soja, pecuária vão ganhando espaço em detrimento da diminuição de culturas da nossa cesta básica como arroz, feijão e mandioca.

Realçou também a expansão da fronteira agrícola cada vez mais pra cima da região amazônica proporcionando também o aumento da violência no campo, principalmente nesta região.

“Este modelo proporcionou ao Brasil o titulo de ser o país que mais utiliza agrotóxico no mundo, a ponto de termos em media o consumo de 6 quilos de agrotóxicos por habitantes ao ano no Brasil” – expõe Paulinho.

Alguns questionamentos colocados foram da possibilidade de produção de agrocombustíveis dentro dos assentamentos e na agricultura camponesa familiar. O colocado pelos debatedores foi que a lógica não pode ser de substituir a produção de alimentos da agricultura camponesa para a produção de agrocombustíveis. Os agrocombustíveis devem ser um incremento a mais que proporcione mais uma estratégia no aumento da renda das famílias camponesas, e não a substituição.

Após o debate o grupo se deslocou para o aeroporto para seguirem ao Mato Grosso do Sul para continuarem as investigações e indagações sobre os impactos do agronegócio, só que agora iriam ver além da cana a produção de soja.

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2011-03-23  »  alantygel

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