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Site do boletim do MST do Rio de Janeiro

…“Façamos Greves De Soldados Somos Irmãos Trabalhadores”…

terça-feira 14 junho 2011 - Filed under Notícias do Rio

por Marcelo Durão-MST, com fotos de Ivi Tavares

40 mil Trabalhadores se mobilizam no Rio de Janeiro

No último domingo, dia 12 de junho, tivemos na orla de Copacabana uma das maiores mobilizações por aumento de salários e melhores condições de trabalho para a rede pública do estado dos últimos tempos. O protesto foi protagonizado pelos trabalhadores do Corpo de Bombeiros, que estão desde o início de abril se mobilizando em busca de diálogo com o Governador Sérgio Cabral (PMDB). Este, no entanto, em nenhum momento se dispôs a conversar.

Juntos estavam os professores, que desde o ano passado vêm construindo mobilizações e nada conseguiram. Todos e todas devem lembrar-se da violência dispensada por este governo aos professores na ALERJ em setembro de 2009, quando diversos professores saíram feridos pela truculência de Sérgio Cabral. Encontravam-se também diversos outros segmentos da população do Rio de Janeiro, que também estão sofrendo com a linha política e econômica repressiva estabelecida. Trabalhadores da saúde, comunidades que estão em processo de despejo, Sem-Terras, Sem-Tetos, Movimento Estudantil entre muitos outros que somados chegaram a aproximadamente a 40 mil pessoas.

O Rio de Janeiro é o Estado que mais recebe investimentos no Brasil, e é o 2º que mais arrecada impostos. Nos últimos anos vem se preparando para ser o grande exemplo de estado e cidade do capital. A cidade está passando por um processo de reordenamento territorial,  com foco total nos megaeventos esportivos que teremos até 2016: Olimpíadas Militares este ano, a Rio+20 em 2012, a Copa do Mundo em 2014, a Copa America em 2015, e finalmente as Olimpíadas em 2016.

Mas não são só os eventos que estão ditando as regras da cidade. Os megaprojetos também passam por cima da população mais pobre: a implantação da TK-CSA em Santa Cruz; a construção do Arco Metropolitano de Itaboraí até Santa Cruz; e o pólo petroquímico de Itaboraí. Teremos ainda o Porto de Açu no município de Campos, onde uma BR passará por dentro do Assentamento Zumbi do Palmares, com 12 anos de existência, sem qualquer ação concreta contrária por parte do INCRA. Todos estes projetos vêm proporcionando um imenso Choque de Capital na cidade e no estado. É importante lembrar que o financiamento do estado pelo BNDES está presente em quase todas estas ações do capital.

Os impactos proporcionados por estas ações são as remoções e despejos de comunidades, poluição, degradação e as catástrofes ambientais, opressão e repressão aos trabalhadores. Surge daí a importância da construção da unidade e da resistência, unindo a mobilização dos bombeiros e dos professores da Rede Pública com o conjunto da população que vem sofrendo com o processo descrito acima.

Nestes dois meses de mobilizações, os trabalhadores do Corpo de Bombeiros conseguiram um forte apoio da população do Rio de Janeiro, fato que muitos segmentos também importantes para a sociedade, como os trabalhadores da educação e da saúde, têm tido dificuldade de conseguir há muitos anos. E o mais surpreendente é que os trabalhadores do Corpo de Bombeiros vêm se utilizando dos mesmos métodos históricos da classe como paralisações, mobilizações, marchas, greves, acampamentos e ocupações, ações que pareciam não ser mais simpáticas para a sociedade.

O que surge de diferente neste momento? Quais os elementos que proporcionaram com que a população aderisse tão fortemente agora e antes não?

Torna-se importante aglutinarmos forças e fazermos com que as lutas que vêm dificilmente sendo ouvidas pela sociedade do Rio de Janeiro sejam também colocadas em pauta em conjunto com a luta atual dos Bombeiros. Estabelecida a negociação e concretizada a conquista de sua pauta por parte dos trabalhadores do Corpo de Bombeiros, o que acontecerá?

A grande questão posta é construir uma unidade que possa, em um processo articulado de resistência e luta popular, sair da armadilha deste “Choque de Capital” representado pelos megaeventos e megaprojetos aqui no Estado. Este choque massacra a todos como trabalhadores (da educação, da saúde, Sem-Tetos, Sem-Terras, do Corpo de Bombeiros, etc.), com a perda de direitos e conquistas em favor dos lucros, e proporcionam a mercantilização de todas as formas de vida.

...“Paz Entre Nós, Guerra Aos Senhores
Façamos Greves De Soldados
Somos Irmãos Trabalhadores”…

Veja mais fotos da passeata por Henrique Fornazin e também fotos do acampamento dos bombeiros na ALERJ.

2011-06-14  »  marcelodurao

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