8 de março: “Chega de Estupros em Rio das Ostras”
terça-feira 19 março 2013 - Filed under Notícias do MST Rio
Jessica Monteiro, Dayse Oliveira, Elson Hoyos, Ana Paula Natal Penno*
No dia 8 de março de 2013, os integrantes do acampamento Osvaldo de Oliveira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) participaram do ato público “Chega de Estupros em Rio das Ostras”. Constituído pela comunidade acadêmica local (UFF/PURO) e representantes da sociedade civil de Rio das Ostras, a manifestação aconteceu na Praça José Pereira Câmara, localizada no centro da cidade. O movimento luta contra a violência de gênero contra as mulheres e especificamente no município e denuncia o aumento silencioso de estupros e propor o debate sobre as formas de enfrentamento dessa problemática que vem atingindo a realidade da população riostrense. Nesse sentido, o movimento elaborou uma qualificada carta de reivindicações ao poder público, exigindo medidas urgentes nesta questão.
O acampamento Osvaldo de Oliveira preparou cartazes e falas pautando a violência contra as mulheres, evidenciando a realidade das mulheres no campo além de realizar uma homenagem à companheira Regina dos Santos, trabalhadora rural brutalmente assassinada em fevereiro de 2013, no assentamento Zumbi dos Palmares em Campos dos Goytacazes-RJ.
Segundo dados oficiais, a cada 15 segundos, 1 mulher é agredida no Brasil. Em Rio das Ostras, o aumento da ocorrência de estupros de mulheres pode ser comprovado por dados de oficiais de órgãos públicos, quanto pelos relatos de mulheres vítimas de estupro e de diversos casos conhecidos pela população. Inúmeros casos ainda não integram as estatísticas oficiais, mas estão bastantes presentes na realidade do município. O Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro que aponta esses dados, afirma que no mês de setembro de 2012 foram registrados 14 casos de estupros na 128ªDP.
O debate sobre violência de gênero contra as mulheres não pode está desvinculado da luta pela terra, na medida em que lamentavelmente é uma realidade vivenciada pelas companheiras que bravamente protagonizam o Movimento Sem Terra. Nas lutas do MST, as mulheres trabalhadoras atuam bravamente, pautando o rompimento das correntes do patriarcado e construindo novas relações de gênero e de classe.
É ainda essencial pensar nessa grave expressão da barbárie à luz deste modo de organização social, que naturaliza e reproduz o machismo de forma funcional à acumulação burguesa. A violência masculina contra a mulher é fruto do modelo patriarcal de sociedade, em que as relações pessoais afetivas estão fundamentadas no princípio da propriedade, do controle e do domínio sobre a mulher. Enfim, reafirmando a importância da participação do Movimento Sem Terra em manifestações e discussões como esta, salientamos a necessidade de identificar e discutir as diferentes expressões da estrutura de desigualdades sociais para o fortalecimento da luta pela transformação da sociedade.
“Para cada companheira tombada, nem um minuto de silêncio! Regina dos Santos, presente, presente, presente!”
*Bolsistas do Programa de Extensão Universidade Itinerante: formação político-cultural em direitos humanos voltada para comunidades rurais da baixada litorânea e região norte do estado.
PURO/UFF – PROEXT 2013 – MEC-SESu
2013-03-19 » vivian