Dicionário de Educação do Campo é lançado na UFRJ
quinta-feira 26 abril 2012 - Filed under Notícias do Rio
por Talles Reis, do MST
O dia 17 de abril foi marcado por manifestações em 13 estados do Brasil, lembrando os 21 militantes do MST assassinados em 1996. A cada ano que passa a dor aumenta, pois é um ano a mais de impunidade. Enquanto os assassinos, mandantes e executores, comemoram a injustiça, dezenas de sobreviventes ainda vivem com graves sequelas, traumas físicos e psicológicos e, pior ainda, as chacinas de sem-terra, militantes ambientais, indígenas ainda continuam em nosso país.
Em meio a tanta luta pelo país inteiro, no dia 17 de abril também ocorreu o lançamento do livro Dicionário de Educação do Campo, editado pela Expressão Popular e FIOCRUZ, no auditório da pós-graduação da Escola de Serviço Social (ESS) da UFRJ, campus Praia Vermelha.
Para apresentar o Dicionário estavam presentes o militante do MST de Pernambuco, Júnior Bernardo, também educando de Serviço Social na turma especial do MST com a ESS/UFRJ; as professoras Isabel Brasil da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP-FIOCRUZ), uma das organizadoras do livro e Virgínia Fontes, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV-FIOCRUZ) autora, junto com outras 106 pessoas, de vários verbetes.
O representante do MST, Júnior, fez um breve histórico da educação no movimento e sobre a proposta pedagógica desenvolvida nas áreas, destacando a educação do campo, a partir de uma perspectiva crítica. Ressaltou que, ao longo destes 28 anos de luta, o MST têm lutado pela construção de sujeitos do campo e, ao fazê-lo, também se torna um sujeito coletivo. Para ele, “este Dicionário é um passo a mais para o fortalecimento da Educação do Campo”.
Virgínia Fontes destacou que o livro é fruto de uma dupla luta: dos movimentos sociais do campo e das instituições públicas. Lembrou que mais de 60% da sociedade brasileira apóia a reforma agrária, ainda nunca realizada no nosso país. Colocou que neste mesmo momento em que comemoramos o livro, a poucos dias atrás o governo federal contingenciou 70% dos recursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) para o pagamento de juros da dívida. Para Virgínia o livro só foi possível graças a um esforço coletivo gigantesco, onde destacou a contribuição da profa. Isabel Brasil que demonstrou coragem para levá-lo até o fim.
Lembrando os lançamentos anteriores, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) e na própria FIOCRUZ, a profa. Isabel Brasil destacou que devemos publicizar, dar visibilidade ao livro, e que mais de 100 autores contribuíram na elaboração dos verbetes. Em relação à parceria com o MST, destacou que “parcerias como esta alargam o sentido do público, da instituição pública”. Criticou a criminalização dos movimentos sociais e o apoio do governo ao agronegócio. Para ela a educação do campo significa resistência como resistência de superação e resistência de criação, criação do novo.
Para Isabel o dicionário “vai trazer um nova visão de construção do conhecimento e da tecnologia, significará uma nova forma de fazer ciência. Não se trata de unir o saber popular com o saber acadêmico, na verdade se trata sim de criar uma nova ciência”.
O MST e a Expressão Popular estão organizando outros lançamentos do Dicionário no Rio de Janeiro.
O que é o Dicionário?
O DICIONÁRIO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO é uma elaboração coletiva cujo principal objetivo é o de apresentar para debate uma síntese da compreensão teórica e prática da Educação do Campo. Os verbetes selecionados referem-se a conceitos ou categorias que expressam, na perspectiva dos movimentos sociais camponeses e de suas lutas, os fundamentos filosóficos e pedagógicos da Educação do Campo, articulados em torno dos eixos campo, educação, políticas públicas e direitos humanos.
Esta primeira edição do Dicionário inclui 113 verbetes e envolveu 107 autores em sua produção. O Dicionário, embora tenha sido elaborado a partir de eixos, foi organizado pelos verbetes em ordem alfabética, pelo entendimento de que essa visão intereixos é pedagogicamente mais fecunda para o objetivo que temos de firmar uma concepção de abordagem ou de tratamento teórico e prático da Educação do Campo.
Trata-se de obra dirigida a educadores das escolas do campo, pesquisadores da área da educação, estudantes do ensino médio à pós-graduação, integrantes dos movimentos sociais e lideranças sindicais e políticas comprometidas com as lutas da classe trabalhadora.
Como comprar?
O livro custa R$ 50,00 e pode ser comprado na Livraria Antonio Gramsci, localizada na Rua Alcindo Guanabara, nº 17, térreo, Cinelândia; ou pelo site da Editora:
http://expressaopopular.com.br/
2012-04-26 » alantygel
23 junho 2016 @ 4:08
As escolas de campo receberam exemplares? Moro em uma região histórica com vários assentamentos rurais, e Magé é uma cidade histórica em que há um desprezo total, a começar pela grafia, está grafada com “g” um sinal de desrespeito a uma grande personagem dessa história. Majepmirim fora uma das maiores Líderes Espirituais (pajé mulher pequenina) que no advento da Santa Inquisição fora incinerada, e preservada para ressurgir das águas ribeirinhas sobre a égide de Aparecida!!!
Um local de muita história soterrada pelo descaso de muitos, a exemplo dos muitos campos, terras de lutas sendo parcelado de forma ilegal, uma política coronealista de assassinatos….
23 junho 2016 @ 10:15
Olá Valdemiro.
As escolas não receberam. O livro pode ser baixado gratuitamente aqui: http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/l191.pdf ou adquirido aqui http://www.epsjv.fiocruz.br/livraria ou aqui https://www.expressaopopular.com.br/.