Encontro das Amigas e Amigos do MST debate reforma agrária no Rio
sexta-feira 14 dezembro 2012 - Filed under Notícias do MST Rio
por Vívian Viríssimo
Mística, música e poesia marcaram o Encontro dos Amigos e Amigas do MST realizado na última terça-feira (11), no Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro/RJ), no Rio de Janeiro. O encontro fez balanços e projetou o próximo ano que será de preparação para o 6o Congresso Nacional em 2014, que definirá os rumos do movimento.
O dirigente do MST Nacional, Gilmar Mauro, analisou o atual cenário da reforma agrária no governo federal e o classificou como “adverso”. “A política de assentamentos vem minguando. Até agora foram assentadas 10 mil famílias e é provável que não se atinja o patamar do ano passado em que foram assentadas 20 mil. Além disso, está havendo retrocessos em áreas já conquistadas, como é o caso do assentamento Milton Santos que está enfrentando um processo de reintegração de posse”, falou.
De acordo com ele, as famílias acampadas têm esperado pela desapropriação entre 6 e 10 anos para o assentamento definitivo. “Fizemos um levantamento e estimamos que 85 mil famílias estão acampadas no Brasil. Mesmo índice que tínhamos no governo FHC. Este número diminuiu no governo Lula, mas agora está crescendo novamente”, destacou.
Ele ressaltou que na busca de um saldo positivo na balança comercial, os governos Lula e Dilma deram prosseguimento à política desenvolvida na gestão de Fernando Henrique Cardoso que privilegia a exportação de produtos primários. “E isso tem um impacto grande na reforma agrária já que numa perspectiva de aumento de exportação para China, as áreas serão cada vez mais disputadas pelo agronegócio”, explicou Gilmar Mauro, defendendo uma reforma agrária distributiva e produtivista. “Reforma agrária é umas das coisas mais modernas que se pode fazer atualmente”, acrescentou.
“MST é um conquista gigantesca da classe trabalhadora”
Em sua intervenção, a professora e pesquisadora Virgínia Fontes (UFF) ressaltou que, pela primeira vez, a classe trabalhadora brasileira possui organizações de âmbito nacional. “A construção do MST é uma conquista gigantesca para o conjunto da classe. Nestes quase trinta anos, o movimento permanece na luta sempre se confrontando com a grande propriedade. Porém, nossas conquistas não são permanentes porque estão sob o jugo do capital. Por isso não podemos perder de vista a sociedade socialista”, explicou.
Ela enfatizou que as questões que o MST coloca para o debate dizem respeito a toda a classe trabalhadora: “Que tipo de vida queremos? Que tipo de produção queremos? De que forma essa produção precisa ser definida, alocada e repartida? Todas essas são nossas lutas vivas”, destaca Virginia. “Eu tenho certeza que o MST, com toda a experiência da Via Campesina, segue sendo fundamental na virada que a gente precisa. A classe trabalhadora cresceu, não diminuiu, portanto as crises daqui pra frente serão diferentes e nós precisamos estar preparados para isso. E é na experiência da luta de quem lutou e que tem clareza para onde precisamos ir que a classe trabalhadora estará junto”, concluiu.
O dirigente estadual do MST RJ, Marcelo Durão, encerrou a atividade reconhecendo a importância de todos os amigos e amigas presentes na atividade. “Em nome do movimento, quero agradecer aos sindicatos, partidos, movimentos sociais, movimentos estudantis, centrais sindicais que são verdadeiramente amigas do MST. Vocês ajudaram na construção destes 29 anos de luta em defesa da reforma agrária e fortalecimento da classe trabalhadora”, concluiu.
2012-12-14 » alantygel
24 dezembro 2012 @ 7:19
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