Intercâmbio da Via Campesina em Moçambique
quarta-feira 15 dezembro 2010 - Filed under Notíciais Internacionais e da Via Campesina
Moçambique, um país da África Austral, conquistou sua independência de Portugal em 1975, após de 10 anos de luta armada, oraganizada pela Frente de Libertação Nacional – FRELIMO. Após um ano da criação da Republica Popular de Moçambique surge a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), oposição à FRELIMO, sob a ideologia da democracia, financiada e apoiada pelos inimigos Rodésia e África do Sul. Inicia-se então uma guerra civil que dura 16 anos, a chamada guerra de desestabilização, que trouxe enormes prejuízos humanos e materiais para o país. Em 04 de outubro de 1992, o acordo de paz foi assinado em Roma pelos dois partidos que faziam frente a guerra, FRELIMO e RENAMO.
Hoje Moçambique está passando por várias dificuldades, mais de 50% da população está abaixo da linha da pobreza; mais de 50% do orçamento do estado vem de empréstimos e doações; devido aos megas projetos o PIB do país vem crescendo, mas a pobreza continua aumentando, segundo dados do próprio governo. E a maioria da população vive no campo, Moçambique é um país com 70% da população rural. Mas os investimentos do governo para agricultura está baseada em quatro produtos, tabaco, algodão, cana-de-açúcar e madeira. Esses quatros produtos recebem 80% dos investimentos do estado. Só que esses quatros produtos estão controlados por grandes empresas. Os camponeses que produzem alimentos, não recebem nenhum incentivo do governo, sobrevivem da produção de auto-consumo, são poucos os que consegue excedentes para o mercado.
O Intercâmbio da Via Campesina vem para fortalecer os laços que unem os camponeses de Moçambique e Brasil, duas ex-colônias de Portugal. Através da articulação dos camponeses que estão vinculado ao MST – Movimento Sem Terra e UNAC – União Nacional de Camponeses, a Via Campesina vem há vários anos desenvolvendo atividades de intercâmbio e construindo laços de companheirismo e compromisso com a luta pelo socialismo.
O nosso intercâmbio iniciou com um curso de formação para militantes e dirigentes de movimentos sociais dos países que falam a língua portuguesa. Após o curso, começou a troca de experiências entre militantes do MST, com as associações de camponeses e camponesas ligados à UNAC. A região definida foi a região centro do país, na província de Tete, onde está concentrada a maioria dos camponeses que estão abaixo da linha da pobreza e também onde se encontra a maior reserva de carvão do mundo e uma das maiores usina hidrelétricas da África, a Hidrelétrica de Cahora Bassa. Devido a essa reserva de carvão mineral, localizado no distrito de Moatize, a província de Tete vem sendo alvo de grandes empresas mineradoras, como a Vale e a Riversdale.
Com a chegada dessa empresa na cidade de Tete, a vida das pessoas mudou completamente. Camponeses sendo removidos, deixando para trás sua história e suas vidas construídas há séculos. A empresa Vale do Brasil, vem com autoritarismo e ameaças, obrigando as famílias a abandonar suas comunidades e ir para reassentamentos construídos por ela, sem o mínimo de condições das famílias sobreviverem no local.
Nosso trabalho em Tete, foi de sensibilização dessas comunidades, para se organizar e lutar por seus direitos, além do trabalho com os atingidos pela mineração, trabalhamos com as associações de camponeses, na área de associativismo, agroecologia e gênero. Os camponeses que visitamos passam por muitas dificuldades como: falta de financiamento do estado, falta de assistência técnica, baixo grau de escolaridade, mais de 90% das mulheres são analfabetas, produção apenas para auto-consumo e muita dependência externa. O trabalho foi realizado nos distrito de Mutarara e Moatize, na província de Tete, e Guro e Barue, na província de Manica.
Os camponeses tem apoio da sociedade Civil através do Fórum das Entidades da Sociedade Civil de Tete. Esse Fórum é composto por várias organização, como a União Provincial dos Camponeses. O Fórum, junto com CIP – Centro de Integridade Publica, entregou ao governo um relatório sobre os danos causados por esses grandes investimentos realizados por essas multinacionais no país.
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