Marcha das Vadias 2012: Sem feminismo, não há socialismo
quarta-feira 30 maio 2012 - Filed under Notícias do Rio
por Ana Maria Raietparvar, com fotos de Samuel Leal
Neste sábado (26 de maio), as ruas de Copacabana se mancharam de cores, gritos e vozes de mulheres (e alguns homens) que formavam a Marcha das Vadias do RJ . Sob o lema de “Ensine os homens a não estuprar, e não as mulheres a não serem estupradas”, a Marcha das Vadias ocorre pelo 2º ano no Rio, e desta vez foi organizada nacionalmente com outras cidades, como Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Belém, Natal, Florianópolis, Salvador e mais. A Marcha veio pra exigir a liberdade da mulher, de poder ser quem quiser, vestir como quiser, amar quem quiser e como quiser, sem medo de ser julgada , estuprada, apedrejada ou simplesmente, chamada de Vadia.
A 1a Marcha das Vadias foi em 2011 no Canadá, com o nome Slut Walk e foi uma iniciativa das mulheres da Universidade de Toronto em protesto à fala de um policial que disse que para não serem estupradas, as mulheres não deveriam se vestir como vadias. Assim surgiu a marcha e logo várias mulheres do mundo se identificaram com a situação e com a causa.
No Rio de Janeiro, a marcha levantou questões que iniciaram com o estupro e a violência, mas liberaram vários lemas do feminismo que estavam presos na garganta. Questionaram temas como a divisão do trabalho em casa (gritando palavras de ordem como “José, José, faça seu café”), a liberdade sexual feminina e a questão do Aborto e a liberdade da mulher de decidir sobre seu corpo.
Foi nesse embalo que a Marcha das Vadias tinha em seu roteiro um protesto em frente à Igreja Nossa Senhora de Copacabana, rumando depois para a 12ª. DP, na mesma rua. Ao passar em frente à Igreja, manifestantes subiram ao pátio e protestaram nuas contra setores da Igreja que historicamente mantêm posições pela restrição da liberdade feminina, entre elas o aborto (para conhecer posições divergentes, o grupo Católicas pelo Direito de Decidir – http://catolicasonline.org.br). Segundo esta lógica, respaldada pelo Estado brasileiro que criminaliza o aborto, a vida de um embrião vale mais que a de milhares de mulheres que sonham, lutam, desejam e que morrem todo ano por práticas inseguras de aborto.
É nesse movimento que a mulherada vem rompendo seus grilhões. Além da luta diária, das batalhas individuais, cotidianas contra as muitas formas que o machismo e o capitalismo nos abate diariamente, uma vez mais as mulheres se uniram e não mais se sentiram sós. Se olharam, deram as mãos, gritaram juntas e caminharam cada vez mais fortalecidas e certas de que não aceitarão mais caladas.
Para conhecer o Manifesto da Marcha das Vadias do Rio de Janeiro: http://marchadasvadiasrio.blogspot.com.br/
2012-05-30 » alantygel
31 maio 2012 @ 0:20
Ana Maria,
Parabéns pelo artigo e por compartilhar o sentimento da manifestação feminista que inaugura novos tempos de pensarmos as formas de movimento e a busca pela autonomia e liberdade da mulher!
Um grande beijo,
Saudações feminista,
Luciana Ramirez
31 maio 2012 @ 10:43
Ana Maria,
Muito bom o texto! Parabéns!
Sempre é revigorante compartilhar a luta pela liberdade de todas as mulheres. E realmente é impossível pensar em uma sociedade igualitária que reproduz a divisão sexual do trabalho.
Saudações Feministas,
Andressa Passetti
14 junho 2012 @ 7:55
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