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Site do boletim do MST do Rio de Janeiro

Moradores de Santa Cruz realizam ato contra TKCSA

sexta-feira 11 março 2011 - Filed under Notícias do Rio

Do Jornal da AdUFRJ – www.adufrj.org.br

Ao final da atividade, movimento recebeu a notícia de que a siderúrgica não receberá a licença definitiva

Manifestação teve o apoio de pesquisadores da fiocruz. Foto: Clarice Castro.

Manifestação teve o apoio de pesquisadores da fiocruz. Foto: Clarice Castro.

Moradores de Sepetiba e Santa Cruz se uniram a estudantes e movimentos sociais em ato contra a Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA) ligada ao grupo ThyssenKrupp, em frente ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) na última sexta-feira, 25. As denúncias dos moradores vão desde a contaminação das águas, o desmatamento do manguezal, a redução e comprometimento da pesca até a privatização dos rios e da Baía.

Segundo uma carta de repúdio produzida pelo movimento, as obras da empresa alteraram o sistema de drenagem do entorno de suas instalações e provoca alagamentos. O trem que chega com minério e que passa próximo a muitas residências é fonte de muito ruído e poeira. A carta afirma ainda que, segundo especialistas da Fiocruz, o material particulado emitido pode conter elementos que irritam o aparelho respiratório e que podem provocar até câncer.

De acordo com informações de estudos do próprio Inea, cerca de 411 moradores foram entrevistados e, desse total, 86,8% disseram que a qualidade do ar que respiram não é boa, 71% percebem a existência de poeira, 14,3% percebem fumaça e 10,1% sentem odores. Criada para se transformar na maior siderúrgica da América Latina, a siderúrgica atingiu principalmente os pescadores, que perderam as condições de pescar.

O deputado estadual Marcelo Freixo mostra os resíduos do material e da poeira inalada pelos moradores da região. Foto: Clarice Castro

O deputado estadual Marcelo Freixo mostra os resíduos do material e da poeira inalada pelos moradores da região. Foto: Clarice Castro

Entidades se solidarizam
A economista Sandra Quintela afirmou que essa questão não é apenas um problema dos pescadores e marisqueiros de Santa Cruz, mas de toda a cidade e também do Brasil: “Essa siderúrgica sozinha vai aumentar 76% da emissão de gás carbônico, que é o principal provocador do aquecimento global”. A professora Sandra Martins, que representou a Adufrj-SSind, falou da importância de se utilizar todo o conhecimento produzido na universidade em apoio a essa luta, e segundo ela, a seção sindical dará todo o apoio aos moradores da região. O estudante da Escola Politécnica Joaquim Venâncio/Fiocruz, Jorge Luis da Costa Silva, de 17 anos, denunciou o Inea por receber dinheiro da siderúrgica, o que segundo ele, tira a credibilidade do órgão que tem a função de fiscalizar. A militante do MST Nivia Regina da Silva disse que é um grande desafio enfrentar a empresa, tendo em vista o poder político e econômico que ela tem: “É de uma ousadia muito grande fazer este enfrentamento. Os pescadores e as famílias estão de parabéns. O MST e a Via Campesina querem se somar a essa luta”.

Depois de uma conversa com representantes do Inea, os moradores receberam a notícia de que a licença permanente não será concedida, mas a luta ainda está longe de terminar.

Relato dos moradores
Os moradores, além de impulsionar o ato, estiveram presentes e apresentaram suas reivindicações, além de provas de que a saúde da população local tem sido prejudicada. Cirleide de Oliveira Fernandes, moradora de Santa Cruz há 15 anos, disse que sente seu direito de viver retirado: “Santa Cruz está esquecida dentro do mapa do Brasil. Queremos nosso direito de viver”.

Aurora Liz, de 56 anos, moradora há 22 anos, sofre de sangramentos constantes no nariz, e segundo ela, desde a instalação da empresa, necessita fazer visitas regulares ao médico: “Nem mesmo a atendimento local nós temos direito. Vivemos a mercê de hospitais. Sinto como se tivesse uma agulha em meu corpo, precisamos de socorro”.

Moradora mostra os resíduos do material e da poeira inalados pela população local. Foto: Clarice Castro

Moradora mostra os resíduos do material e da poeira inalados pela população local. Foto: Clarice Castro

A diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) em Campo Grande, Eva de Jesus, que é moradora de Sepetiba disse que os estudantes tiveram suas condições já precárias acentuadas, sobretudo pela falta de ventilação nas salas de aula da região.

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2011-03-11  »  alantygel

Talkback

  1. 17 de Abril marcado com debate sobre a violência no campo e na cidade | MST Rio
    20 abril 2011 @ 3:50

    […] uma luta maior, a disputa pelo modelo de cidade e de país: “As milícias, a instalação da usina TKCSA em Santa Cruz e o latifúndio representam um modelo excludente de cidade e de país. E não é este […]

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Re: Moradores de Santa Cruz realizam ato contra TKCSA







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