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Dorothy Stang presente: a luta na Serra e no Vale à sombra da ferrovia e rodovia

sexta-feira 11 março 2011 - Filed under Notícias do MST Rio

Por Nancy Cardoso Pereira – Pastora metodista CPT, com fotos de Nanda Scarambone

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O Acampamento Dorothy Stang em Quatis (RJ) está marcado por cenários fortes que atravessam a vista: no pé da Serra da Mantiqueira, no Vale do Paraíba, próximo da Rodovia Dutra e à sombra da gigantesca da Ferrovia do Aço.

Antigas fazendas de café e coisa nenhuma e um rápido processo de industrialização no Rio de Janeiro e São Paulo transformaram a região do Vale do Paraíba numa extensão mal feita das políticas urbano-industriais e no abandono de políticas agrárias e agrícolas. De acordo com pesquisadores, a agricultura participa com menos de 1% na economia da região.

Acampamento Dorothy Stang

O Vale do Paraíba apresenta um vasto cenário de terras e matas degradadas, já abandonadas no passado pela cafeicultura que continuam sendo erodidos pelo gado. O impacto deste modelo urbano-industrial não planejado e o abandono da agricultura atinge também as beiras da Serra da Mantiqueira tendo como principais problemas:

  • o parcelamento irregular do solo;
  • ocupação desordenada e mau uso do solo;
  • poluição dos recursos hídricos;
  • abertura e manutenção de estradas;
  • corte ilegal de vegetação nativa (mata ciliar);
  • queimadas.

E cruzando a região está um dos maiores empreendimentos ferroviários que liga as principais minas de minério de ferro e usinas siderúrgicas do Brasil, seus maiores mercados consumidores e seus principais portos marítimos: a Ferrovia do Aço (MRS Logística). No rastro da Ferrovia e sua história conturbada de mandos e desmandos desde a ditadura militar, a Ferrovia deixa também um rastro de degradação ambiental e social: áreas anteriormente contaminadas e degradadas durante o período frenético de construção que ainda não foram sanadas; o contínuo problema de gestão de materiais perigosos que vão sendo deixados por onde passa; Emissões ao ar de produtos perigosos; a falta de segurança operacional e prevenção de acidentes; e o não tratamento de resíduos, emissões e efluentes derivados de operações de manutenção; a vulnerabilidade de saúde e segurança dos empregados; ocupação irregular da faixa de domínio; nenhum envolvimento e desenvolvimento da comunidade; impacto negativo sob o patrimônio cultural das cidades atingidas; comprometimento de condições de vida de povos indígenas; e ausência total de sistemas de gestão ambiental que garantam a saúde do território e das comunidades.

Acampamento Dorothy Stang

Neste cenário que retrata bem as opções desenvolvimentistas que vêm se mantendo na história do Brasil, a ocupação do MST em 2006 na região de Quatis (RJ) coloca a questão da terra em suas dimensões agrária, agrícola e ambiental, exigindo que os movimentos sociais encarem a região de uma outra maneira. A presença do Acampamento Dorothy Stang na região do Vale do Paraíba é importante e vital para a reflexão e ação dos setores da sociedade que se juntam na luta por um modelo de sociedade que rompa com a lógica destrutiva do capitalismo. A luta segue para transformar as estruturas das forças produtivas e do aparelho produtivo, na busca de um desenvolvimento ecossocialista, baseado na agricultura orgânica dos camponeses e nas cooperativas agrárias, nos transportes coletivos, nas energias alternativas e na satisfação igualitária e democrática das necessidades sociais da grande maioria.

Nesta busca e compromisso à memória de Dorothy Stang, é muito importante aglutinar a luta pela terra na terra, com a luta ecológica e de defesa das maiorias pobres. Relembrar a vida, paixão e morte de irmã Dorothy cria o espaço da mística importante, reafirma a necessidade da resistência e da cumplicidade entre as lutas da cidade, da roça e da floresta. A conquista da terra em Quatis passa também pela discussão das questões da Serra e do Vale, o enfrentamento da lógica do capital expressa na Ferrovia e na Rodovia.

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Este objetivos nos uniram no dia 12 de fevereiro de 2011 no Acampamento Dorothy Stang: aglutinar setores dos movimentos sociais e eclesiais que se juntam na luta pela terra e na terra como exercício de formulação de um “outro mundo possível” também no Vale do Paraíba. A presença de setores eclesiais progressistas, sindicatos, parlamentares e de movimentos pela moradia mostraram o desafio de aglutinar os movimentos sociais na região a partir de uma pauta comum de formação e intervenção.

A comunidade de fé e luta reunida foi convidada pelo coordenador do Acampamento – Sr. Chiquinho – a plantar muitas árvores nativas da Mata Atlântica firmando assim um compromisso de defesa do Acampamento Dorothy Stang mas também de luta conjunta.

Acampamento Dorothy StangAcampamento Dorothy Stang
Foto  Acampamento Irmã Doroty

2011-03-11  »  alantygel

Talkback x 2

  1. | MST Rio
    11 março 2011 @ 15:04

    […] Dorothy Stang presente: a luta na Serra e no Vale à sombra da ferrovia e rodovia […]

  2. Mais uma conquista do MST no RJ: sai o assentamento Irmã Dorothy | Boletim do MST Rio
    17 outubro 2014 @ 14:59

    […] Dorothy Stang presente: a luta na Serra e no Vale à sombra da ferrovia e rodovia (10/02/2011 […]

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Re: Dorothy Stang presente: a luta na Serra e no Vale à sombra da ferrovia e rodovia







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