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21 anos em 6 meses: A ocupação Cícero Guedes e o legado das lutas pelas terras da Cambahyba

quinta-feira 23 dezembro 2021 - Filed under Boletins + Fazenda Cambahyba + Notícias do MST Rio

São seis meses de ocupação, mas muitas histórias de resistência que as famílias do Acampamento Cícero Guedes podem contar. A ocupação foi a forma que tivemos para forçar o INCRA a ser imitido na posse e com isso iniciar o processo de regularização fundiária. 

Ocupação da Cambahyba para pressionar o INCRA a realizar a imissão na posse, junho de 2021.

Junto com a decisão da imissão ao INCRA, o juízo federal de Campos também decidiu pela permanência das famílias na pequena porção determinando que a autarquia faça mediação e evite o uso da violência criando um assentamento provisório. E esse assentamento é o que criamos no Acampamento Cícero Guedes, com as famílias produzindo, com a criação da escola, um espaço de troca de saberes.

Infelizmente, o INCRA ainda não se predispôs a estabelecer a mesa de negociação com os dois lados de famílias que almejam se tornarem beneficiárias da reforma agrária. Essa omissão por parte do INCRA, que deveria ter o papel de mediação, de impedir conflitos, acaba por gestar acirramentos, especialmente, naqueles que não compreendendo o que é terra para reforma agrária, acredita que podem ter um lote apenas para arrendar e especular.

Nós, famílias do Acampamento Cícero Guedes, sabemos que a terra obtida para reforma agrária é para produzir alimentos, é para garantir o sustento das muitas famílias de trabalhadores rurais que sabem da importância que é ter uma produção diversificada e sem agrotóxicos. Esse era o projeto de vida do companheiro Cícero Guedes.

A omissão do INCRA vem despertando a cobiça dos que acreditam que podem ameaçar,, intimidar e expulsar os trabalhadores sem terra do Acampamento Cícero Guedes, como se a terra lhes pertencessem porque estão “armados” da confiança na iniquidade e na omissão do INCRA.

Mas nossa legitimidade é reconhecida por uma série de parceiros que já passaram pelo Acampamento, desde integrantes do sistema de justiça, passando pelo legislativo, e o próprio Prefeito esteve em nossa área e viu a capacidade de trabalhar a terra que temos!

O reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) esteve no dia 20/12 no acampamento Cícero Guedes para esclarecer os trabalhadores e trabalhadoras de que o acordo de cooperação da instituição de ensino superior pública com o INCRA já foi efetivado e agora estão principiando os estudos para dar prosseguimento ao processo de criação do PA. 

Reitor da UENF em assembleia na escola do acampamento Cícero Guedes com trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra.

Para o Reitor da UENF esse processo  vai envolver a participação de todas e todos, colocando a universidade a serviço dos trabalhadores e trabalhadoras, fazendo cumprir a função social de uma Universidade Pública! 

Para ele, as famílias Sem Terra devem se manter tranquilas na área ocupada pelo acampamento Cícero Guedes. “O inimigo não é quem está aqui dentro ou lá fora, é quem está tentando criar essa briga”, destacou Raul que chamou a atenção para permanência das famílias na luta

A Deputada estadual Renata Souza, presidente da Comissão Especial de Combate à Miséria e à Pobreza Extrema da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que acompanha a situação das famílias Sem Terra do acampamento Cícero Guedes cobra agilidade do INCRA para resolver a situação dos trabalhadores e trabalhadoras com transparência e responsabilidade no cumprimento de suas atribuições.  

 “O Incra deveria se preocupar em fazer a Reforma Agrária e não ser um agente causador de conflitos. Presenciei uma entrada autoritária e intimidatória do Incra no acampamento em Campos, na Cambahyba, e sugeri uma mesa de negociações entre o Incra e o MST. Após o fato, ainda realizei uma audiência política na Alerj, mas o superintendente ignorou todas as tentativas de resolução e não foi à audiência. Não é razoável que enquanto o povo passa fome, os trabalhadores rurais sejam impedidos de acessar suas terras e produzir alimentos”. Pontuou a presidente da comissão da Alerj. 

Reforma agrária para o Brasil se alimentar!

A Cambahyba é nossa!

Lutar, Construir Reforma Agrária popular!!!

2021-12-23  »  Alexandre

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