Acampamento 17 de abril do MST-RJ é despejado de área do grupo Othon
terça-feira 28 junho 2011 - Filed under Notícias do MST Rio
Fonte: Ururau. Fotos: Leonardo Berenger
Famílias do MST são retiradas por decisão da Justiça de área em Guandu. Mandato de Intimação e Reintegração de Posse foi executado na manhã desta terça-feira
A Polícia Federal, com apoio da Polícia Militar, com determinação da Justiça, executou na manhã desta terça-feira (28/06), uma ação de reintegração de posse, na Fazenda São Cristóvão, na localidade de Guandu, onde estavam 42 famílias. Na ação, a decisão era para que fosse retiradas 38 famílias que fazem parte do Movimento Sem Terra (MST) e que estavam entre a margem da estrada vicinal e um açude.
A briga pelas terras acontece desde 2006 e neste período, já aconteceram duas reintegrações de posse das propriedades que pertencem a Açucareira Usina Barcelos, do Grupo Othon.
Na ação de reintegração, o juiz Elder Fernandes Luciano, ordenou que as famílias fossem retiradas do local, assim como seus pertences e qualquer plantação que tenha sido feita pelos sem terra.
Hermes Oliveira, um dos líderes do movimento, alegou que as famílias não foram avisadas sobre a ação e que muitos já haviam saído para trabalhar e outras tiveram que retornar do caminho, além de ressaltar que não houve o cumprimento do que está na ação, onde o Juiz determinava que as famílias fossem avisadas e tivessem um período de 30 dias para deixarem o local. “Isso aqui é uma arbitrariedade. A decisão é do dia 28 de maio e só estão vindo hoje para notificar e retirar todas as famílias, sem que tivéssemos condições de buscar nossos direitos, assim como fizemos das outras vezes e retornamos”.
O questionamento por conta da falta de aviso inclui o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) que segundo a vereadora Odisséia Carvalho, também não foram avisados e com isso pegos de surpresa, assim como as famílias.
“O INCRA normalmente é que define para onde vamos nessas horas e dá todo auxílio as famílias, que neste momento estão sem respaldo algum”.
A vereadora Odisséia Carvalho (PT) foi chamada ao local e defendeu a tese de que as famílias estavam em área que pertence a Prefeitura, por conta de estarem no limite de 15 metros da estrada vicinal. “Isso aqui não pertence a Usina Barcelos. O que eles estão alegando é que a plantação está na área deles, então que retirem a plantação e não as famílias. Estivemos aqui há seis meses com o engenheiro da Prefeitura que reconheceu a área como da Prefeitura e a possibilidade de as famílias ficarem aqui. Vamos entrar com uma petição para reverter mais uma vez essa situação”, declarou vereadora.
Em entrevista concedida a Rede Inter TV, por telefone, o procurador regional do INCRA, Carlos Henrique Gondin, confirmou que não foram notificados e que deveriam pedir a reconsideração da decisão. Já Prefeitura de Campos confirmou que não faz parte da ação e não recebeu nenhuma solicitação do INCRA.
O Conselho Tutelar também foi acionado para averiguar a situação de cerc de 20 crianças. Segundo Lucas Miranda, 22 anos, ao todo são cerca de 38 e que estariam matriculadas em escolas em Guandu, em Campos, e também na localidade de Foresta, em São Francisco de Itabapoana.
A assistente social Diana Rocha Fernandes disse que até a Polícia foi acionada por conta de resistências iniciais, mas que houve conversa e consenso com a definição de que as crianças poderiam permanecer com suas famílias.
Segundo Lucas Miranda, as famílias retiradas foram levadas pela coordenação do MST para a Fazenda Arroz Dourado, onde fica o acampamento Madre Crisitina, próximo a Seis Marias, em Campos. Essa foi a terceira vez que acontece a reintegração de posse.
2011-06-28 » alantygel
6 julho 2011 @ 11:52
Mais uma vez o interesse empresarial se impõe e viola direitos humanos. A sociedade valoriza claramente o patrimônio, acima da vida. Compare uma delegacia de crimes contra o patrimônio com uma de homicîdios. Uma escola de ciências sociais com uma de engenharia ou medicina. Somos todos responsáveis, cada um com seu quinhão, por essa estrutura desigual, injusta e covarde. Temos todos um papel nisso. Valores que sustentam essa vergonha, desejos, objetivos de vida, visões de mundo, formas de relacionamento e de comportamento nos são impostos desde o insconsciente, a partir dos profissionais de mídia e do controle social pelo Estado, em favor das empresas. A luta começa dentro de cada um, e só depois se espalha pra fora.
Muita luz, resistência e consciência.
12 julho 2011 @ 16:49
[…] da cana de açúcar. Valter Júnior possui ligações com o Grupo Othon, responsável pelo despejo do acampamento 17 de abril, ocorrido há 15 […]
12 julho 2011 @ 18:56
[…] da cana de açúcar. Valter Júnior possui ligações com o Grupo Othon, responsável pelo despejo do acampamento 17 de abril, ocorrido há 15 […]
13 julho 2011 @ 15:16
[…] Acampamento 17 de abril do MST-RJ é despejado de área do grupo Othon […]