quarta-feira 27 outubro 2010 - Filed under Boletins
Boletim do MST RIO — Nº 06 — De 26/10 a 09/11/2010
Habitação nos assentamentos de Reforma Agrária
A habitação é um tema que tem movimentado os Assentados da Reforma Agrária do Médio Paraíba do Sul/RJ, onde os assentamentos estão em processo de discussão para acessar o Credito Aquisição de Material de Construção, também conhecido como crédito habitação, que dá inicio à base da moradia sonhada pelas famílias Sem Terra. O valor atual do crédito é de 15 mil reais, chegando a este valor depois de muitas lutas das famílias nestes últimos anos. Aqui no Rio de Janeiro, a cooperativa e o Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente (SPCMA), tem buscado discutir metodologia que atinja ao máximo o desejo das famílias neste momento simbólico. Para tal, foram elaboradas cartilhas sobre crédito, identificação de pessoas com habilidade em construção civil, para decidir a forma de construção, seja individual, ou coletiva em forma de mutirão. Contando com a parceria de estudantes da Arquitetura da UFRJ, as famílias agora estão entrando na fase de discussão da tipologia das casas, com auxilio de uma maquete.
Curso de Licenciatura em Educação do Campo
Encerra no dia 29 de setembro a primeira etapa do curso de licenciatura em educação do campo, que está acontecendo no campus de Seropédica na UFRRJ parceria INCRA/PRONERA e movimentos sociais.
Esta etapa está sendo marcada por várias atividades curriculares de introdução a Agroecologia, Soberania Alimentar e Ciências Sociais e Humanidade. Além dessas atividades, os educandos/as participaram de outros momentos muito importante para o curso e para a formação da turma, no último dia 08 de setembro a turma relembrou em uma Jornada Socialista a morte do comandante Ernesto Che Guevara, reafirmando os valores socialistas e reforçando o compromisso com a classe trabalhadora.
A turma também participou no dia 20 de setembro, da solenidade oficial dos 100 anos da UFRRJ, esse foi mais um momento em que ficou claro que a educação do campo se dá através da luta também no espaço da universidade, pois a mesma proibiu a turma de se manifestar com gritos de ordem e utilização de bandeiras,mas ainda assim a turma não se deixou esmorecer e mais uma vez deixou registrado a importância de um curso que dialoga com a realidade do campo brasileiro, comprovando que a universidade não deixa de ser um latifúndio do saber. E como nos diz Paulo Freire “ Não é na resignação, mas na rebeldia em face das injustiças que nos afirmaremos.”
É na indignação e no sentido de garantir que todos possam ter acesso a educação, e educação de qualidade, que a turma de Licenciatura em Educação do Campo seguirá se reafirmando perante as injustiças e fazendo luta para que um nova proposta de educação seja estendida aos povos indígenas, quilombolas e aos movimentos sociais.
Curso de formação teatral militante
O Curso de Formação Teatral Militante está sendo realizado desde agosto de 2009 no estado do Rio de Janeiro. No curso estão sendo formados artisticamente militantes de movimentos sociais do campo e da cidade como o MST, o Fórum do Meio Ambiente do Trabalhador, o Núcleo Socialista de Campo Grande e Movimento Estudantil. Os educandos possuem a tarefa militante de repassar a metodologia aprendida para sua organização. Para produzir um teatro comprometido com nossas lutas recorremos ao Teatro do Oprimido (TO), uma vez que este é um método estético que visa à transformação da realidade e a humanização a partir do DIÁLOGO – os oprimidos como protagonistas de sua própria libertação – e através de meios estéticos. Ao longo do curso a turma participou de atividades políticas com apresentações de peças teatrais, intervenções artísticas e oficinas. Entre as atividades está a manifestação do Grito dos Excluídos (7 de setembro de 2009), o Encontro dos Sem-Terrinha (2009), a abertura do Fórum Social Urbano (2010).
O ‘Comitê trabalho escravo norte fluminense’ recebe Prêmio João Canuto 2010
Dia 21 de outubro, o Movimento Humanos de Direito (MhuD) realizou o Fórum de Direitos Humanos com entrega do Prêmio João Canuto 2010, no CFCH/UFRJ. O MhuD é um movimento que reúne artistas e personalidades que desenvolvem atividades em prol da paz e dos Direitos Humanos. O foco do movimento está em temas como o trabalho escravo, os abusos praticados contra criança e adolescentes, as questões dos quilombolas, índios e do meio ambiente.
O objetivo da atividade foi dar visibilidade a organizações socais rurais e urbanas que se dedicam a diversas ações na luta por direitos humanos. Do Rio de Janeiro foram agraciados o Comitê contra Trabalho Escravo região Norte Fluminense, do qual a CPT e o MST fazem parte e o AHOMAR, Associação homens do mar da Bahia de Guanabara. A atividade também foi importante para dar visibilidade à luta contra a exploração do trabalho nos monocultivos da cana na Região Norte Fluminense, já que em 2009 o Rio de Janeiro o estado com maior quantidade de trabalhadores resgatados em situação de trabalho escravo.
Siderúrgica TKCSA é o novo matadouro de Santa Cruz, no Rio de Janeiro
O professor de história da Universidade Federal Fluminense – UFF, Marcelo Badaró, escreveu um texto denunciando a Siderúrgica TKCSA por desrespeito ao meio ambiente, à legislação trabalhista, dentre outras questões. No dia 17 de setembro, uma missão de solidariedade e investigação de denúncias esteve em Santa Cruz, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, nas imediações da recém-inaugurada Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA). De capital majoritariamente alemão, ligada ao grupo transnacional Tyssen Krupp, com participação da Vale do Rio Doce, a CSA foi projetada para se transformar na maior siderúrgica da América Latina. Durante a construção, e agora com a ativação de parte da Indústria, foram registradas perseguições e ameaças aos pescadores, contratação ilegal de trabalhadores chineses, moradores com doenças causadas pela poluição e tantas outras ilegalidades. Mas é importante observar que há também uma intensa mobilização e organização coletiva dos moradores, pescadores, mulheres, professores e outros grupos envolvidos na luta contra a empresa, que afirmam que não estão sozinhos na luta.
Leia o texto de Marcelo Badaró na íntegra
Breve análise sobre a Colômbia, a questão da militarização e violência contra mulheres
Amanda Matheus- Direção Nacional do MST-RJ
Na Colômbia, além da concentração da terra, estão em curso os mega-projetos conduzidos por empresas multinacionais estrangeiras. Estas empresas atuam principalmente na exploração de matérias-primas como petróleo, carbono, ouro e gás natural para exportação. Mais de 50% da exportação do país no ano passado no país foi de petróleo e carbono.
Outro elemento central na Colômbia é a política de militarização, implementada pelo governo colombiano e dos EUA. A militarização tem sido uma estratégia dos EUA para exercer um controle econômico, social, político e ideológico no mundo e na America Latina. A presença de militares dos EUA na Colômbia vem desde muitos anos, e faz parte da estratégia de dominação dos EUA nos países da America Latina.
Os governos colombiano e estadunidense adotaram diversos acordos militares entre si. É o chamando Plan Colômbia, uma aposta armamentista e de militarização norte-americana, que tem por objetivo a instalação de bases militares norte-americanas no território colombiano e em outros países da America latina. Com isso, pretende-se avançar na ocupação dos territórios latino-americanos.
Nesse contexto de conflito armado, a população é a que mais sofre as conseqüências. Nos desplazamentos de terras de campesinos e indígenas, nos assassinatos, as mulheres são as que mais sofrem com esses conflitos.
A violência contra as mulheres pode ser observada no Encontro Internacional de Mulheres e Povos das Américas contra a militarização que ocorreu na Colômbia, convocado pela Marcha Mundial de Mulheres; Via Campesina; COMPA (Convergência dos Movimentos e Povos das Américas; Conselho Mundial de Paz CMP; Coordinador Agrário Nacional – CNA; PCN (Processos de Comunidades Negras; Movimento Social de Mujeres Contra La Guerra y por La Paz; grupo Compromisso; USD – União Sindical Obrera da industria de Petróleo, Corporación Colômbia de Teatro.
Camponeses das Américas organizam congresso no Equador
A articulação dos movimentos camponeses e indígenas do continente americano e a luta e incidência política foram os objetivos que permearam o 5º Congresso da Coordenação Latino Americana de Organizações do Campo (CLOC), aconteceu entre 8 e 16 de outubro, na cidade de Quito, no Equador. A CLOC nasceu em 1994, a partir de um encontro entre 84 organizações, de 18 países da América Latina e Caribe, nos marcos da ‘Campanha Continental 500 anos de Resistência Indígena, Negra e Popular’. Essa articulação teve como eixo central dar unidade aos movimentos sociais camponeses e indígenas contra o impacto das políticas neoliberais implementadas em nosso continente. O 5° CLOC contou com a presença de 1200 delegados e se propôs a discutir um novo projeto de desenvolvimento para a América Latina, colocando em pauta a ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América).
Jovens haitianos chegam ao Brasil para intercâmbio de um ano
Desde o dia 27 de setembro, setenta e seis (76) jovens haitianos de origem camponesa estão na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em São Paulo, para um intercâmbio de um ano no Brasil. A vinda dos jovens é fruto de um projeto de cooperação entre a Via Campesina brasileira e movimentos camponeses haitianos. Durante o primeiro mês os haitianos estarão na ENFF e depois se dividirão por áreas de Reforma Agrária em diversas regiões do país, onde terão contato com as experiências desenvolvidas pelos movimentos camponeses brasileiros.
O princípio da cooperação é o da solidariedade entre os povos. Desde janeiro de 2009 uma Brigada Internacionalista da Via Campesina está no Haiti, construindo um processo de integração entre camponeses dos dois países e o objetivo deste intercâmbio no Brasil é também fortalecer as organizações e movimentos de ambos os países através do apoio técnico e político.
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2010-10-27 » alantygel