Breve Balanço e Perspectivas para Reforma Agrária e Movimentos Sociais em 2011
terça-feira 28 dezembro 2010 - Filed under Sem categoria
Sobre o Governo Lula:
Vários ingredientes nos indicam do ponto de vista da economia que há uma continuidade do processo anterior, que se inicia no período do governo FHC. A aposta bastante grande no agronegócio e uma exploração bastante grande dos recursos naturais brasileiros.
A economia cresceu muito pelo estimulo ao mercado de massas: como exemplo o consumo a crédito e habitação populares. A construção civil esta sendo um dos grandes estimuladores do crescimento e podemos dizer que também contribuiu em atenuar a crise internacional aqui no Brasil, claro que existem diversos fatores como a ampliação do mercado internacional brasileiro com países em desenvolvimento com os países da África e da Ásia e a diminuição com os Estados Unidos e países da Europa.
O Brasil é um dos principais países, na estratégia mundial, para a produção de commodities, pois possui sol o ano inteiro, bastante rico em água e imensas extensões de terra. Condições privilegiadas para o fortalecimento do agronegócio que se pauta pela produção de commodities: produção de matérias primas agrícolas para a exportação, em imensas propriedades em sua maioria griladas, com intensa exploração da mão de obra por muitas vezes escrava moderna ou análoga a escravidão, forte degradação ambiental, utilização de toneladas de agrotóxicos e adubos químicos que poluem e envenenam a produção e os seres humanos no próprio processo produtivo ou na ingestão dos produtos.
Dentre as contradições deste governo temos a aplicação dos programas sociais que estão tirando uma boa parte da população da miserabilidade, mas ao mesmo tempo os banqueiros estão comemorando seus lucros obtidos neste final de ano, mais uma vez.
Na Reforma Agrária:
Não tivemos grandes avanços poucas desapropriações de terras e com isso poucos assentamentos foram criados. As metas de assentamentos não foram cumpridas devido aos poucos recursos orçamentários destinados para obtenções e desapropriações de terras. O que avançou muito timidamente foi luz elétrica no campo, habitações populares no campo e alguns tipos de créditos. A diminuição por parte do governo de uma criminalização direta ao MST, embora o estado brasileiro continue o mesmo como antes criminalizando não só o MST, mas também outros movimentos sociais e a pobreza.
Em resumo, tivemos uma reforma agrária focada, pontual sem nenhum processo massivo de desapropriações que alterasse a estrutura agrária brasileira que se manteve como uma das mais concentradas do mundo, isso não se alterou nos 8 anos de governo Lula.
Perspectivas da Reforma Agrária:
A reforma agrária não depende do MST, depende de um debate da sociedade brasileira em perceber a sua importância para o povo brasileiro. Qual o uso que a sociedade vai querer dar para o campo e para os recursos naturais? Saber deste debate o que a sociedade brasileira vai querer comer, pois a cada ano que passa com o fortalecimento do agronegócio os principais produtos da nossa cesta básica (arroz, feijão e mandioca) estão com diminuição na quantidade da produção e da área plantada.
Se o MST conseguir colocar este debate na sociedade brasileira, talvez recoloque a reforma agrária com um novo significado com uma pauta nova, moderna e dentro do contexto de lutas e enfrentamento a lógica do grande capital, não se separando da luta contra o sistema capitalista.
Desafio da Classe Trabalhadora:
Estamos em um momento de descenso das lutas sociais e de massas, de forte crise e fragmentação da esquerda, da classe trabalhadora em escala internacional. E isto nos diz que o nosso inimigo esta forte, daí a necessidade de nos posicionarmos de forma tática e estratégica neste período na construção e fortalecimento da classe trabalhadora para o enfretamento do que esta por vir.
Percebemos a possibilidade da chegada de mais uma crise do capital para os próximos anos e se não estivermos preparados e organizados para tirar oportunidades dela para dar unidade a classe trabalhadora, poderemos sofrer derrotas ainda maiores para o capital.
Algumas lutas foram travadas no ano de 2010 e ainda o serão trabalhadas para o ano que vem. Teremos que ser ainda mais fortes e unidos que outros períodos, pois o capital esta a passos largos caminhando a nossa frente.
Temas como: Remoções/Moradia; Reforma Agrária; TK – CSA; Violência; Mulheres; Meio Ambiente; Mudanças Climáticas; Agrotóxicos; Educação; Saúde; Previdência; Olimpíadas, Copa do Mundo; Jornada de Trabalho; Petróleo e outros serão pauta de lutas e resistências para este nosso Rio de Janeiro.
Daí a grande importância de nos mantermos minimamente organizados e com unidade em 2011.
Veja o vídeo de Gilmar Mauro:
2010-12-28 » alantygel
28 dezembro 2010 @ 19:53
[…] Ao final de mais um ano de lutas, o Boletim do MST Rio traz nesta edição um breve balanço de 2010 e as perspectivas para reforma agrária e movimentos sociai…. […]