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Site do boletim do MST do Rio de Janeiro

Comitê Popular reúne as críticas à Copa do Mundo

quarta-feira 17 agosto 2011 - Filed under Notícias do Brasil

O rega-bofe da FIFA, no último dia 30, serviu pra mostrar que a sociedade está se mobilizando

Por Gustavo Mehl

No dia 30 de julho de 2011, a FIFA deu oficialmente seu pontapé inicial para a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. Com produção especial e generosa dos governos do estado e do município do Rio de Janeiro, o sorteio dos grupos das eliminatórias para o Mundial custou 30 milhões de reais aos cofres públicos e foi transformado em um mini-mega-evento que reuniu na Marina da Glória cartolas, políticos, empresários, celebridades e centenas de jornalistas de todo o mundo. Estavam presentes figuras do porte de Ricardo Teixeira, Eike Batista, Dilma Roussef, Sergio Cabral Filho, Eduardo Paes e, claro, Pelé. Todos à vontade no mesmo balaio, embalados pelos últimos hits de Ivete Sangalo e focados ao vivo pelas câmeras dos Marinho.

Do lado de fora, na valente cesta das vozes críticas à Copa, uma diversidade bem maior. A Marcha por uma Copa do Povo levou às ruas cerca de 1500 pessoas, entre representantes de movimentos e organizações sociais, moradores de comunidades atingidas, acadêmicos, líderes sindicais, geraldinos e arquibaldos. Reduzida na imprensa a uma manifestação “contra Ricardo Teixeira”, “contra as remoções”, ou até mesmo a uma manifestação “de taxistas do Rio de Janeiro”, a Marcha por uma Copa do Povo foi, na verdade, o pontapé inicial do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro, a representação regional de uma articulação que reúne nas cidades-sede da Copa diversos setores da sociedade, todos chutados pra fora das festinhas da FIFA, para fora dos estádios, para fora de suas casas e dos espaços de decisão política.

Os manifestantes se reuniram no Largo do Machado e caminharam até a porta do rega-bofe de Joseph Blatter, onde foram, obviamente, barrados no baile. Em faixas, cartazes, bandeiras e falas ao microfone, foram expressas as diversas perspectivas críticas à forma como os governos estão pensando e operando as transformações urbanas para a Copa do Mundo no país. Do mau uso do dinheiro público ao superfaturamento das obras, da elitização do futebol às remoções ilegais de comunidades, das denúncias de corrupção ao compadrio de amigos empreiteiros, do assassinato do Maracanã ao modelo de cidade-empresa, da falta de participação popular ao autoritarismo dos governos, do aumento do custo de vida à periferização das classes mais pobres, todas as questões estavam lá. “Os Comitês locais abrem espaço para todas as pessoas e grupos que queiram se manifestar. É um espaço de construção coletiva que pretende contemplar as lutas e as demandas específicas de cada movimento, de cada instituição e de cada pessoa que estejam descontentes”, explica Marcelo Edmundo, representante do Comitê Rio.

Se, por um lado, a situação do Rio de Janeiro é emblemática, devido aos preparativos também para as Olimpíadas de 2016, por outro, os Comitês Populares da Copa já estão articulados e ativos em todas as doze capitais que terão jogos em 2014, o que faz desta movimentação a primeira experiência de uma articulação nacional organizada para o questionamento das formas como a Copa é imposta à sociedade. Paralelamente à Marcha por uma Copa do Povo, aconteceram no mesmo dia manifestações similares em outras cidades. Em São Paulo, por exemplo, centenas de pessoas se mobilizaram em Itaquera, onde a construção de um novo estádio promete sugar dinheiro público e remover as famílias que estiverem no caminho. “Esperamos que a partir de agora a sociedade se sensibilize e se mobilize cada vez mais para impedir os abusos e as ilegalidades que estão acontecendo em todas as cidades-sede da Copa do Mundo”, completa Marcelo.

Esta parece ser a expectativa de muitos. Sob a arbitragem suprema da FIFA, a articulação de jogadas dos governos, e os muitos tentos ilegais de grandes empresas, está mais que claro que é o povo quem segue tomando balão. A geral e a bancada não podem continuar caladas.

2011-08-17  »  marcelodurao

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  1. Boletim 26 | MST Rio
    17 agosto 2011 @ 10:58

    […] Comitê Popular reúne as críticas à Copa do Mundo […]

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Re: Comitê Popular reúne as críticas à Copa do Mundo







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