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Site do boletim do MST do Rio de Janeiro

O olhar dos agricultores sobre as perspectivas de produção dos assentamentos.

quarta-feira 15 dezembro 2010 - Filed under Notícias do MST Rio

Por Gabriel Pereira

Crédito: Samuel Tosta. “A feira foi uma ótima oportunidade para ter contato com colegas de outros acampamentos e assentamentos. Os visitantes só de olhar já podem conhecer nosso trabalho”, disse Francisco Nilzo (Ceará), que vive no acampamento 17 de Abril, em Campos dos Goytacazes

Crédito: Samuel Tosta. “A feira foi uma ótima oportunidade para ter contato com colegas de outros acampamentos e assentamentos. Os visitantes só de olhar já podem conhecer nosso trabalho”, disse Francisco Nilzo (Ceará), que vive no acampamento 17 de Abril, em Campos dos Goytacazes

Na Feira promovida pelo MST/RJ nos dias 9 e 10 de dezembro, os agricultores puderam expor uma diversidade de produtos da reforma agrária e falar sobre as condições as quais estão sujeitos, assim como os entraves que ainda limitam o aumento da produção dentro dos assentamentos. Mesmo com toda a diversidade de alimentos e produtos produzidos pelos assentados, os mesmos falam da falta de medidas voltadas ao incentivo à produção e comercialização dos produtos.

Segundo o relato de grande parte dos agricultores presentes, as áreas de Reforma Agrária, “onde antes só tinha monocultura”, passam a produzir diversos alimentos para as feiras e mercados locais, oferecendo também possibilidades de alimentação, renda e emprego para as famílias assentadas. Os agricultores Cícero e João, do assentamento Zumbi dos Palmares – Campos dos Goytacases, falam do potencial produtivo de seu assentamento: “Nós produzimos banana de vários tipos, mandioca, coco, milho, feijão, etc. Mas a dificuldade está em escoar a produção”. Tal situação também é um problema para todas as áreas de Reforma Agrária do estado. Os agricultores contam com apoio insuficiente do poder público para produzir em seus assentamentos assim como são escassos os recursos e garantias para que possibilitem a venda do que foi produzido. Existem alguns programas federais para garantir a compra de produtos agrícolas, como o Programa de Aquisição de Alimentos, o P.A.A., mas hoje ele só atinge 10% dos assentados da reforma agrária.

Esses problemas acabam oferecendo poucas possibilidades de venda ao produtor assentado, que se vê diante de alternativas pouco vantajosas. Como fala Ceará, da Ocupação 17 de Abril – Região Norte do estado: “a alternativa que temos é vender nossa produção para donos de mercados da cidade, que inclusive vão buscar nossa produção lá no assentamento de carro. O problema é que eles pagam um preço muito baixo, de forma que não vale a pena. Aí, as vezes, a gente não vende não”.

Crédito: Salvador Scofano. No dia 10, foi realizado um ato público pelo Direito Humano à Alimentação, pela Reforma Agrária e contra as Mudanças Climáticas, que contou com a participação de várias pessoas e entidades

Crédito: Salvador Scofano. No dia 10, foi realizado um ato público pelo Direito Humano à Alimentação, pela Reforma Agrária e contra as Mudanças Climáticas, que contou com a participação de várias pessoas e entidades

Cícero e João falam de uma iniciativa organizada junto a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e o MST, a Feira da Agroecologia e da Reforma Agrária, como estratégia para possibilitar a venda dos produtos ecológicos produzidos pelos assentados da região. As feiras figuram como ótimas alternativas para venda dos produtos num contexto de assentamentos que recebem pouca assistência para a produção e comercialização. Já o agricultor Eufrázio, da Ocupação Mariana Crioula, em Valença, conta como a demora da regularização das áreas ocupadas acaba impedindo que os agricultores produzam e acessem os créditos disponíveis para o plantio: “Sem a posse da terra não tem como a gente produzir, não tem como pegar o dinheiro do crédito. Sem contar que a ocupação fia nesse ‘vai ou não vai’, daí a gente fica com medo de produzir”.

A falta de acesso a créditos que possibilitem o incremento de maquinários e irrigação, por exemplo, também influencia a produtividade dos assentamentos. O panorama se torna mais complicado quando consideramos que as áreas destinadas à reforma agrária em todo o país são, geralmente, as mais degradadas pelas condições de uso anteriores, o que acaba dando ao assentado o desafio de produzir num contexto de terras degradadas, incertezas de crédito, escassez de assistência técnica e de mecanismos de venda. Além disso, os assentamentos contam com estradas em péssimos estados, normalmente sem asfaltamento, o que dificulta mais a saída dos produtos.

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2010-12-15  »  alantygel

Talkback

  1. | MST Rio
    16 dezembro 2010 @ 8:07

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Re: O olhar dos agricultores sobre as perspectivas de produção dos assentamentos.







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