Experiência do setor de saúde RJ se concretiza no Curso de Saúde em Medicina Popular e Terapias Chinesas
quarta-feira 15 dezembro 2010 - Filed under Notícias do MST Rio
Por Francisco Martinez – Setor Saúde MST-RJ
Frente à necessidade de construir um Coletivo de Saúde para discutir e enfrentar os principais problemas e demandas de saúde no campo, organizar um setor que esteja presente nos acampamentos e assentamentos de Reforma Agrária no Estado, conquistar autonomia nos cuidados de saúde com práticas acessíveis e populares e defender as conquistas sociais, o MST – RJ vem organizando desde 2006 um curso de formação de Agentes de Saúde.
Experiência
O Curso é organizado em 8 etapas (800h) e utiliza a metodologia da alternância, sendo realizado durante10 dias a cada 2 meses, intervalo em que os educandos retornam à suas áreas e praticam / multiplicam o que foi estudado no Curso. Tem como foco: a) terapias naturais: exercícios corporais, shiatsu, moxabustão, acupuntura e uso de plantas medicinais; b) políticas públicas em saúde; c) promoção e prevenção em saúde e primeiros socorros; d) agroecologia.
A primeira turma aconteceu entre 2006 e 2008 e a segunda entre 2008 e 2010. Ao todo foram formados 20 terapeutas populares, sendo os educandos da primeira turma os educadores da segunda. O Curso foi autosustentado com produtos fitoterápicos e fitocosméticos produzidos durante o mesmo.
Efeitos: apropriação do saber e democratização do mesmo ao ser multiplicado; o saber popular presente sobretudo no uso das plantas medicinais foi respeitado e incorporado permanentemente no Curso; as diversidades (idade, sexo, escolaridade, experiências, necessidades) foram respeitadas e estimulada a troca de saberes. A experiência ocorreu num contexto de luta pelas políticas públicas de Reforma Agrária e de saúde com uma permanente defesa do Sistema Único de Saúde.
A experiência do Curso nos permitiu discutir um conceito de saúde no qual a autonomia individual e coletiva é central para lutar contra as opressões. Num momento de crise ambiental no mundo, a defesa e apropriação de terapias naturais e da biodiversidade constituem elementos centrais para a defesa da vida no planeta. A apropriação coletiva do saber e a democratização do mesmo constituem elementos que combatem o modelo hegemônico medicalizante que concentra o conhecimento nas mãos dos profissionais de saúde. Desafio: Para os movimentos sociais a luta pela autonomia não se contrapõe com a luta pelas Políticas Públicas. Ao resgatar nossos saberes, valores e tradições aumentamos nossa força e auto-estima; assim fortalecidos e organizados lutamos por nossos direitos.
2010-12-15 » alantygel
16 dezembro 2010 @ 8:58
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