Governo de Calderón começa o diálogo com camponeses em greve na Colômbia
quarta-feira 25 setembro 2013 - Filed under Notíciais Internacionais e da Via Campesina
Desde a segunda feira 19 de agosto, se deu inicio a uma greve e paralização nacional agrária e popular na Colômbia, convocada por diversas organizações e movimentos sociais e políticos em cabeça dos camponeses, mas que conseguiu uma rápida adesão de transportadores, trabalhadores da saúde, estudantes, professores, povos indígenas, comunidades negras, entre outros sectores da sociedade, que entenderam a importância de apoiar a greve iniciada pelos camponeses, mas que também aproveitaram o momento para impulsar as suas pautas de lutas que vem se mobilizando nos últimos anos.
A pauta construída pelo espaço de articulação dos diversos movimentos sociais e políticos que impulsaram a greve e paralização, denominada Mesa Nacional Agropecuária de Interlocução e Acordo (MIA) é a seguinte:
1. Exige-se a implementação de medidas e ações diante à crise da produção agropecuária.
2. Exige-se acesso à propriedade da terra.
3. Exige-se reconhecimento da territorialidade camponesa, indígena e negra.
4. Exige-se a participação efetiva das comunidades e dos mineiros pequenos e tradicionais na formulação e desenvolvimento da política mineira.
5. Exige-se a adoção de medidas e o cumprimento das garantias efetivas para o exercício dos direitos políticos da população rural.
6. Exige-se investimento social para a população rural e urbana em educação, saúde, moradia, serviços públicos e rodovias.
A greve e paralização conseguiu só na primeira semana mobilizar mais de 70.000 camponeses e 11.000 indígenas, com atos em 20 Departamentos (regiões) e bloqueios em pelo menos 6 estradas principais do país.
A resposta do Estado lamentavelmente foi a perseguição militar, política e moral, pelo que depois de 20 dias de greve e paralização se contavam: 660 casos de violações de direitos humanos, 485 feridos, 12 camponeses assassinados, 262 detenções arbitrárias, 52 perseguições e ameaças contra manifestantes e lideranças sociais e 04 pessoas desaparecidas.
Só até o domingo 08 de setembro o governo iniciou um diálogo com os porta-vozes da MIA, os camponeses levantaram os bloqueios, mas as mobilizações continuaram e em caso do governo não cumprir com acordos ou dilatar os diálogos, então novamente se retomarão os bloqueios.
Na quarta feira 11 de setembro começariam a serem abordados os temas da pauta, no mesmo dia houve diversas mobilizações pelo país todo, e no dia 12 de setembro se realizou uma Cúpula Nacional Agrária e Popular, com participação dos diversos sectores em greve, como resposta à proposta do governo nacional de um Pacto Nacional Agrário, onde não se tem garantias de participação real e efetiva do conjunto do movimento social e popular, especialmente dos camponeses, povos indígenas e comunidades negras.
O povo colombiano está se levantando contra o aprofundamento da estratégia neoliberal, contra a reprimarização do campo, pela efetivação de seus direitos políticos, sociais, econômicos, ambientais e culturais; no atual contexto de diálogos de paz, a ação do governo evidencia mais uma vez sua ambiguidade com uma abertura democrática que garanta a oposição e luta política, por isso é fundamental o acompanhamento internacional dos protestos que estão acontecendo na Colômbia, uma luta que repercute não só neste povo mas também no resto da América Latina.
Vivam as justas lutas do povo colombiano no caminho pela sua segunda e definitiva independência! e a independência de toda Nossa América!
Viva a greve e paralisação nacional agrária e popular!
Liberdade para o companheiro Hubert Ballesteros, liderança histórica de Fensuagro, atual dirigente da CUT e da Marcha Patriótica, e porta-voz da MIA.
No Rio de Janeiro se vem fazendo diversas atividades de solidariedade e para dar a conhecer a greve e paralisação na Colômbia, maiores informes no e-mail: marchapatrioticario@gmail.com
2013-09-25 » alantygel