Marmita Solidária se consolida no Rio e chega a 8ª edição nesta segunda (21)
sexta-feira 18 setembro 2020 - Filed under Armazém do Campo RJ + Notícias do MST Rio + Solidariedade
Conheça as Mãos Solidárias que constroem a iniciativa na capital carioca desde o início da pandemia
Por Clivia Mesquita e Pablo Vergara
Da Página do MST
Mais uma edição da Marmita Solidária acontece na próxima segunda-feira (21) na capital carioca. Serão preparadas 300 quentinhas no Armazém do Campo RJ para a 8ª edição da iniciativa realizada por movimentos populares e centrais sindicais.
Localizado na Lapa, o Armazém do Campo comemora dois anos desde sua abertura na Avenida Mem de Sá, 135. Com o início da pandemia e com os devidos cuidados, a loja tem sido o local de preparação dos alimentos para a Marmita Solidária.
A ação já distribuiu mais de 2.500 refeições de abril a agosto com alimentos produzidos pela agricultura familiar nos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária no Rio de Janeiro. Cada kit inclui a quentinha com o cardápio do dia, talheres, água e uma fruta de sobremesa.
Os pontos de entrega da Marmita Solidária visam oferecer uma refeição saudável e de qualidade para quem mais precisa, neste momento de crise econômica e sanitária. São atendidas, principalmente, a população em situação de rua, camelôs, trabalhadores informais e entregadores de aplicativo na rua do Passeio, Arcos da Lapa e praça da Cruz Vermelha.
Cada edição da Marmita Solidária começa muito antes do dia da ação. Ao todo, cerca de 100 Mãos Solidárias contribuem na cozinha, limpeza, montagem e distribuição das quentinhas na capital e no sul fluminense. Mais do que isso, voluntárias e voluntários contribuem com doses generosas de solidariedade.
“Nossa equipe de Mãos Solidárias organiza a preparação do alimento antes dele ser cozido, cortando e picando os mais deliciosos temperos, verduras e legumes. Todos fresquinhos, fruto da agricultura familiar que fazem cada refeição ser tão saborosa”, conta Allanis Pedrosa, da equipe de logística da Marmita e do Levante Popular da Juventude.
Mãos que fazem a Marmita Solidária
“Acredito na proposta do trabalho que, além do apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade, também visa o fortalecimento dos pequenos agricultores usando a produção da agroecologia”, ressalta a Mão Solidária Rafaela Lopes.
São diversas as equipes que constroem a Marmita Solidária quinzenalmente no Rio de Janeiro desde o início da pandemia. Rafaela, por exemplo, é pesquisadora de biotecnologia e microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e conheceu a Marmita Solidária através de uma postagem nas redes sociais.
Além de ajudar na confecção das Marmitas, ela atua na equipe de saúde, trazendo toda sua experiência nos cuidados específicos para o combate ao novo coronavírus. Um dos desafios e prioridades do projeto são os cuidados com os protocolos de segurança e saúde no preparo dos alimentos, montagem, limpeza e distribuição das refeições nos pontos de entrega no centro da cidade.
“Nesse caos de pandemia e quarentena, e vendo a péssima gestão da crise pelo governo, senti que precisava sair da minha zona de conforto e agir. Pude contribuir com meus conhecimentos acadêmicos e profissionais, montando estratégias de biossegurança para conter a pandemia dentro das ações e trazer segurança para os voluntários e pessoas assistidas”, conta a pesquisadora. A equipe de saúde acompanha toda a ação passando orientações e distribuindo álcool gel.
Na equipe de montagem – cerca de 300 quentinhas por edição – está Ana Paula, professora de educação fundamental e Mão Solidária em todas as edições da Marmita no Rio.
“É um prazer muito grande trabalhar na Marmita, a sensação é de que estamos em família e o ambiente traz a segurança sanitária que precisamos nesse momento. Tudo é feito com muito carinho porque queremos levar o melhor para quem vai receber”, diz.
Para a professora, a iniciativa se faz ainda mais necessária no contexto social precário que se encontra o Rio de Janeiro. “O selo Fora Bolsonaro estampado na Marmita vai com toda nossa força de luta. É um trabalho extremamente necessário no Rio de Janeiro, visto que a situação aqui é dramática. Muitas pessoas perderam suas casas e foram expulsas de ocupações durante a pandemia”, completa Ana Paula.
Outra Mão Solidária é o trabalhador gráfico Pedro Rangel, de 60 anos. Ele questiona a “solidariedade” das grande empresas, em contraponto às ações realizadas do povo para o povo. “A mídia comercial divulga diariamente no principal veículo de informação do país as doações de grandes grupos empresariais e omite completamente o trabalho voluntário dos movimentos sociais, que aliás é muito mais efetivo”.
Além do MST, também constroem a Marmita Solidária no Rio de Janeiro o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Levante Popular da Juventude, Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ), Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES), União da Juventude Socialista (UJS), Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, Sindicato dos Trabalhadores do Comércio do Rio de Janeiro e a Frente Brasil Popular (FBP).
2020-09-18 » Clivia Mesquita
22 junho 2021 @ 16:57
[…] nas ocupações urbanas, que as mulheres são muito afetadas por esse contexto de crise. E as Mãos Solidárias são pessoas fundamentais para a continuidade do projeto”, […]