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Site do boletim do MST do Rio de Janeiro

Mestrado profissional em Trabalho, Saúde, Ambiente e Movimento Sociais começa na ENSP

terça-feira 6 maio 2014 - Filed under Notícias do Brasil

Começou neste mês de maio, no Rio de Janeiro, o Mestrado Profissional em Trabalho Saúde, Ambiente e Movimentos Sociais, na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP- Fiocruz). Esse mestrado nasceu de uma reivindicação dos movimentos sociais do campo, em especial do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Via Campesina e Campanha Nacional Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida , e foi construído por meio de uma parceria com a Escola Nacional Florestan Fernandes. O curso tem à frente os pesquisadores Ary Miranda e Marcelo Firpo da ENSP, além de Virginia Fontes (EPSJV- Fiocruz) e Nívia Regina (Escola Nacional Florestan Fernandes – ENFF).  É uma experiência inovadora, envolvendo a articulação de várias instituições e pesquisadores que vêm atuando de forma engajada com os movimentos sociais (inclusive movimentos urbanos) e a Campanha Nacional Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, fazendo parte da estratégia de implementação da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA), do Ministério da Saúde.

Na abertura do curso, dia 05 de maio, Hermano Castro, diretor da ENSP, enfatizou que “esse curso rompe barreiras, sai do modelo que preza o mercado e valoriza o retorno do conhecimento à sociedade. É preciso inundar a Escola [ENSP] de experiências assim”. Guilherme Franco Netto, da vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, representando a presidência da instituição, sublinhou a relação circular entre aprender e ensinar, bem como a importância de que um espaço público “financiado pelo povo” ganhe com a experiência dos trabalhadores rurais e sua reflexão sobre a prática. Lembrou que a ENSP tem uma história de relação com essas lutas: participa da Comissão da Verdade da Reforma Sanitária, da luta contra o amianto, contra os agrotóxicos e do mapeamento das injustiças ambientais.

Há uma importante conexão entre os objetivos da reforma agrária, as reivindicações dos movimentos sociais do campo e a luta histórica pela reforma sanitária, assim como a conquista do SUS. Em sua origem, a reforma sanitária tinha um compromisso histórico de enfrentar as desigualdades e construir a democracia no país, o que está expresso no referencial dos determinantes sociais da saúde. Esse curso resulta da cooperação entre os movimentos sociais do campo, a Fiocruz e o Ministério da Saúde, reafirmando uma decisão política de estender a abrangência de oferta da formação acadêmica, legitimando o compromisso social e ético que toda gestão pública deve trazer para o âmbito de sua responsabilidade. Para Kátia Souto, da SEGEP (Secretaria de Gestão Participativa) do Ministério da Saúde: “as instituições e universidades não respondem às demandas da sociedade. Esse mestrado tem o apoio do Ministério. Nossa responsabilidade é um grande desafio: a formação a partir da perspectiva de um novo lugar”.

O objetivo geral do mestrado é formar e qualificar profissionais graduados atuantes nos campos da saúde, da educação do campo, ciências agrárias, em áreas voltadas para a reforma agrária e comunidades camponesas. A formação será feita por meio do mestrado profissional, com vistas à consolidação de conhecimentos acerca da teoria crítica e do desenvolvimento de investigações sobre os temas do trabalho, saúde, ambiente e movimentos sociais. A turma tem 28 educandos, todos com experiência de trabalho voltado para o campo. O curso segue os pressupostos da Educação do Campo – entendida como processo e resultado das contradições e conflitos em que camponeses e trabalhadores rurais estão envolvidos – e da pedagogia da alternância, que respeita a dinâmica de trabalho dos educandos em seus territórios. Dessa forma, o curso prevê a realização de cinco etapas que intercalarão o tempo escola com o tempo comunidade.

Na fala de Erivan Hilário, representante da ENFF: “Apropriar-se do conhecimento é uma necessidade da luta. Nós não somos qualquer um, viemos com um mandato social, pelas nossas comunidades e movimentos, produzir ciência e conhecimento para mudar essa realidade, fortalecer a prática militante de que o conhecimento tem de ser a favor da humanidade, como no exemplo de Dom Tomás Balduíno [que falecera dois dias antes e foi homenageado na abertura]. Aqui estamos lançando sementes em terra árida, em vista de colher poesia no futuro”.

No dia 06 de maio, houve a aula de abertura do curso, proferida pelo João Pedro Stédile, membro da coordenação nacional do MST e da Via Campesina, sobre o tema “O modelo de desenvolvimento e seus impactos socioambientais”. O curso está em andamento e a primeira etapa termina no dia 06 de junho.

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2014-05-06  »  alantygel

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