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Site do boletim do MST do Rio de Janeiro

Feira reafirma necessidade da reforma agrária no Rio de Janeiro

quarta-feira 11 dezembro 2013 - Filed under Notícias do MST Rio

por Alan Tygel, do Boletim do MST RJ

Durante dois dias, assentados e assentadas da reforma agrária expuseram os produtos de seu trabalho no Largo da Carioca, centro do Rio. Objetivo foi dialogar com a população e mostrar a importância de uma reforma agrária popular no contexto atual.

Foto: Alan Tygel

Foi apenas a quarta edição da feira, mas os números dão o tom de um evento que já se consolidou no Rio de Janeiro: 30 toneladas de alimentos, sendo 11t industrializados e 19t frescos, 110 agricultores e agricultoras,  2 cooperativas do RJ, 6 cooperativas de outros estados, e uma estimativa de 50 mil visitantes em dois dias.

Esses foram os números da IV Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, realizada nos dias 9 e 10 de dezembro, no Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro. Mas para Andrea Matheus, umas das coordenadoras da feira, isso não foi o mais importante:

“A feira cumpriu seu objetivo fundamental, de seguir pautando a reforma agrária e a necessidade de se olhar para os assentamentos. Mostramos para os cariocas que as áreas de reforma agrária do nosso estado são capazes de produzir alimentos diversificados e saudáveis. Para além da questão financeira, das vendas, o importante é a oportunidade de dialogar com a população sobre o sentido da luta pela terra.”

Produtos industrializados foram novidade

A novidade deste ano foi a vinda dos alimentos industrializados – arroz, feijão, laticínios, sucos – de 6 cooperativas ligadas ao MST no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. “Assim podemos mostrar que a capacidade do MST vai além da produção in natura, e ao mesmo tempo apontamos que o nosso estado precisa de investimentos para a construção de agroindústrias. Se não olharem para os nossos assentamentos, vai sempre precisar vir de fora.”, explica ela.

Andrea conta que o movimento já aprovou a construção de uma agroindústria para beneficiamento da cana na região Norte, e já tem pronto o projeto para outra na Baixada Fluminense, dedicada à cadeia da mandioca. “É necessário avançar na construção de agroindústrias no nosso estado”, complementou.

Foto: Alan Tygel

Para participar do evento, agricultores dos cerca de 30 de assentamentos do MST em todo o estado vieram para a capital com sua produção. A eles, se juntaram camponeses do Movimento dos Pequenos Agricultores e da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro. Andrea explicou a importância deste momento para os camponeses:

“A feira tem um aspecto interessante, que é o de colocar os assentados em contato com o povo da cidade grande. Por um lado, sentem as exigências e curiosidades dos consumidores; por outro, têm a oportunidade de dialogar e de contar da realidade do campo. Tem gente que anda dizendo que a reforma agrária não é mais necessária. Mas isso não se sustenta, porque a realidade do campo e da cidade mostra isso. No Rio de Janeiro, a necessidade da reforma agrária é muito clara, e a feira reafirma isso.”

Contra Reforma Agrária

A avaliação do MST, tanto a nível nacional quanto no Rio de Janeiro, é de que a situação da reforma agrária é péssima. “Temos poucas perspectivas de saírem novos assentamentos, e temos muita gente acampada produzindo como se fosse assentada. Mas sem a posse da terra, a pessoa fica sem perspectiva de vida.”, disse a coordenadora. Para Marcelo Durão, da coordenação nacional do MST, o momento é de “contra reforma agrária, pois estamos com dificuldades de conquistar novas áreas, e perdendo outras já conquistadas.” No Rio de Janeiro, o último assentamento em áreas do movimento foi concedido em 2007.”

Foto: Alan Tygel

Este ano, a feira recebeu o nome do militante Cícero Guedes. Ele coordenava o acampamento Luis Maranhão, em Campos, e foi assassinado em janeiro deste ano. “A feira mantém viva a memória do Cícero. Ele sempre pautou isso com as famílias, sempre falava da importância das feiras. O trabalho dele foi essencial pra chegarmos a uma feira desse tamanho hoje.”, conta Andrea.

Cícero gostava de mobilizar as famílias antes das feiras, ajudando na preparação da produção. Para ele, além da reforma agrária e do direito à alimentação saudável, a questão da agroecologia era fundamental. “Homenagear o Cícero hoje é reafirmar a feira como instrumento para pautarmos os direitos humanos, alimentação saudável, reforma agrária, e sobretudo a vida. Ele sempre falava da importância de doar os alimentos, para que mais pessoas tenham acesso aos frutos da reforma agrária.”, lembra Andrea. Segundo ela, quando o MST iniciou seu trabalho no Rio de Janeiro, em Campos, no ano de 1997, as feiras eram só de doação de alimentos. “O importante era dialogar com a população. Depois é que começaram a vender, pois a produção precisava dar sustento às famílias.”

Elisângela Carvalho, do Setor do Educação, também lembrou a importância de Cícero para feira: “Ele está presente nesta feira, não vamos deixar que sua memória se apague. Cícero nos ensinou a todos os dias nos indignarmos com as injustiças, com o uso de agrotóxicos envenenando nosso povo. Ele, que tanto alegrava esta feira com seus gritos de ordem, sempre nos dizia que o mais importante aqui não era vender os produtos, mas  dialogar com a população, e dizer que o capital nos mata todos os dias e que é possível fazer uma mudança.”

Foto: Alan Tygel

A feira foi encerrada por uma mística celebrada pelo Pe. Geraldo, da Comissão Pastoral da Terra de Nova Iguaçu. A todo momento, ele reforçou que “a terra não é coisa, a terra é mãe”. E evocou os regimes da Bolívia e Equador, que incluíram em suas constituições o conceito do Bem-Viver. O padre declarou apoio à reforma constitucional no Brasil: “Essa que está aí já foi estragada por muita gente.”

Geraldo finalizou a mística lembrando o legado dos militantes do MST assassinados na luta pela terra: “Nós, com Cícero e Regina, e todos que semearam a terra com seu sangue, temos o dever de seguir sua luta.” E entoou: “Põe a semente na terra / não será em vão / não te preocupe a colheita / plantas para o irmão.”

A feira acontece sempre em torno do dia 10 de dezembro, em que se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Marina dos Santos, do MST, explica que a luta pela reforma agrária é em si uma luta por direitos humanos: “Queremos repartir a terra para que todos tenham direito ao trabalho, direto a produzir e consumir alimentos saudáveis. Isso está na nossa constituição como direito humano.”

Ainda por conta da data, familiares de Cícero Guedes receberam no dia 9 o Prêmio João Canuto para defensores dos direitos humanos, concedido pelo Movimento Humanos Direitos (MHuD).

Foto: Uschi Silva

5 comments  ::  Share or discuss  ::  2013-12-11  ::  alantygel

Primeiro dia da Feira da Reforma Agrária termina com samba, maracatu e funk carioca

segunda-feira 9 dezembro 2013 - Filed under Notícias do MST Rio

por Alan Tygel, do Boletim do MST RJ

Coordenador do MST lamenta situação do campo brasileiro e já fala em “contra reforma agrária”. Mas garante: “O MST se mantém na rebeldia.”

Foto: Alan Tygel

Ao som dos blocos Samba Brilha, Olokum e Apafunk, termina o primeiro dia da IV Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes. Desde as 7 sete da manhã, agricultoras e agricultores de assentamentos de todo o estado venderam seus produtos no Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro, e dialogaram com a sociedade.

A movimentação começou lenta pela manhã. O público parecia ainda estar de ressaca pela última rodada do Campeonato Brasileiro, em que dois times do Rio foram rebaixados. No entanto, na hora do almoço, os trabalhadores desceram dos prédios e a feira ficou lotada. Algumas barracas venderam todos os seus produtos ainda na metade do primeiro dia.

Foto: Alan Tygel

“Não esperávamos tanta procura e tanta aceitação dos produtos da reforma agrária. Vamos ter que fazer mais para amanhã”, afirmou Ivi Tavares, do Coletivo de Saúde do MST. Os xampus, condicionadores, tinturas e xaropes fizeram sucesso entre os consumidores.

A feira foi aberta com um ato, em que participou o coordenador da Concrab, Milton Fornazieri. “O papel do assentamento é produzir alimento saudável. Mas isso é cada vez mais difícil no Brasil, com o avanço do agronegócio”. A Concrab é a cooperativa nacional que comercializa os produtos do MST.

Gustavo Noronha, superintendente do INCRA, ressaltou a tristeza pela ausência do militante Cícero Guedes, mas lembrou da alegria por poder mostrar “a reforma agrária que dá certo”. José Otávio, do MDA, lembrou de Sebastião Lan, que foi assassinado nas mesmas circunstância de Cícero, há 10 anos: “A culpa é da estrutura agrária brasileira. É do executivo, do legislativo, e principalmente do Judiciário, que é incapaz de se pronunciar sobre a desapropriação da Fazenda Cambahyba.”

Foto: Alan Tygel

O técnico da cooperativa dos assentamentos da região Norte – Coopscamp, Pedro Campeão, lembrou que a reforma agrária é uma luta não só do MST, mas de toda a sociedade. A assentada Cristina, do Roseli Nunes, disse que “a Feira é prova de que podemos produzir”, e que apesar da tristeza pela ausência do companheiro Cícero, não faria “nem um minuto de silêncio,mas sim toda uma vida de luta.”

Marcelo Durão, da Direção Nacional do MST, encerrou o ato de abertura lembrando que passamos pelo pior período para a reforma agrária no país. Segundo ele, “já podemos falar de uma contra reforma agrária. Não conseguimos mais conquistar territórios, e os que tínhamos, estamos perdendo, juntos com os indígenas e os quilombolas.” E afirma: “O MST se mantém na rebeldia.”

Foto: Alan Tygel

A noite termina com a tradicional roda de samba do bloco Samba Brilha, sempre presente nos eventos da esquerda carioca. Em seguida, os tambores do Olokum vão sacudir o Largo da Carioca. E finalizando a noite, misturando samba com funk carioca, o bloco de carnaval da APAFUNK encerra o dia e convida os trabalhadores e trabalhadoras do centro do Rio para o segundo dia da feira.

Foto: Alan Tygel

Foto: Alan Tygel

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Começa a IV Feira da Reforma Agrária no Centro do Rio

segunda-feira 9 dezembro 2013 - Filed under Notícias do MST Rio

do Boletim do MST RJ, com fotos de Alan Tygel
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Começou nesta manhã a IV Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, no Centro do Rio de Janeiro. Camponeses de todas as regiões do estado trouxeram sua produção para dialogar com a sociedade carioca.

O ato de abertura homenageou o militante Cícero Guedes, assassinado no início do ano em Campos dos Goytacazes. Segundo Elisângela Carvalho, da coordenação estadual do MST, Cícero foi um dos maiores incentivadores desta feira. “Abrimos esta feira com um misto de alegria e tristeza. É bom estar aqui hoje com nossos produtores, mas sentimos a falta do Cícero. Ele pode não estar fisicamente, mas toda a nossa luta é inspirada nele. Por isso dizemos: Cícero Guedes, presente, presente, presente!”

Estiveram presentes na abertura o superintendente do INCRA, Gustavo Noronha, e representantes da Concrab, do MDA, e da Coopscamp, a cooperativa dos assentados da região norte do estado.

Camponeses do Movimentos dos Pequenos Agricultores, e da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro se somaram ao trabalhadores e trabalhadoras rurais para expor frutas, legumes, verduras, alimentos processados e industrializados, bebidas e derivados de leite. O Coletivo de Saúde do MST oferece seus fitoterápicos produzidos nos assentamentos do estado.

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Rádio Levante na Feira da Reforma Agrária

segunda-feira 9 dezembro 2013 - Filed under Sem categoria

Acompanhe a feira ao vivo pela Rádio Levante:

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Começa amanhã – IV Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes

domingo 8 dezembro 2013 - Filed under Notícias do MST Rio

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Começa amanhã a IV Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, no Largo da Carioca. Além da venda de produtos da Reforma Agrária do Rio de Janeiro e de outros estados, a feira conta ainda uma vasta programação cultural. Confira:

SEGUNDA – 9 de dezembro TERÇA – 10 de dezembro
07h – Início da Feira
10h – 11h – Abertura
11h – 12h – DEBATE: Agroecologia e Soberania Alimentar: Um diálogo entre Campo e Cidade
13h – 14h – Lá e Cá (Instrumental regional)
14h – 15h – DEBATE: Transição Agroecológica em Assentamentos de Reforma Agrária
15h – 16h – Teatro – Brecht
16h – 17h – Tambores de Olokum (Maracatu de baque virado)
17h – 20h – Sambabrilha (Roda de samba)
20h – 22h – Apafunk (Bloco de carnaval)
07h – Início da Feira
10h – 11h – DEBATE: Agroindustrialização em Assentamentos
15h – 16h – Us Neguin Q Ñ C Kala (Rap militante)
14h – 15h – DEBATE: Cooperação e Comercialização em Assentamentos: Limites e Perspectivas
17h – 18h – Encerramento
18h – 19:30h – Caramuela (Forró de qualidade)
19:30h – 21:00h – Terreirada Cearense (Música brasileira de raíz)

Os produtos frescos virão das regiões onde o movimento atua no Rio de Janeiro: Norte, Sul e Baixada Fluminense. No total, os cerca de 30 assentamentos trarão, frutas, legumes e verduras frescas. Maracujá, coco, aipim e jiló são apenas alguns dos frutos da reforma agrária que os consumidores poderão encontrar no Largo da Carioca. Os assentados e assentadas trarão também produtos beneficiados, como pimentas e bolos caseiros e geleias. Fitoterápicos e mudas de plantas também estarão à venda.

Outra grande novidade deste ano será a presença dos produtos processados. Cooperativas do MST no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo trarão à cidade arroz agroecológico, suco de uva, açúcar mascavo e melaço. A Cooperoeste, de SC, especializada em laticínios, irá oferecer leite, leite condensado, queijo e doce de leite. Mas o produto mais esperado é o achocolatado Terrinha, sempre um sucesso entre as crianças Sem Terrinha.

A Coopercontestado, também de SC, virá com um delicioso queijo colonial e iogurte. As compotas da Coopertel de pepino, cebola, cenoura e beterraba são sucesso garantido. E as sementes de abóbora com chocolate, café e canela prometem ser disputadas na feira deste ano.

Contamos com a presença de todas as amigas e amigos do MST!

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IV Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes – Release de Imprensa

sexta-feira 6 dezembro 2013 - Filed under Notícias do MST Rio

IV Feira Estadual da Reforma Agrária

Nos dias 9 e 10 de dezembro, o MST realiza a já tradicional Feira Estadual da Reforma Agrária, no Largo da Carioca. Em sua quarta edição, a feira conta este ano com diversas novidades. A principal delas é a homenagem a Cícero Guedes, militante assassinado em janeiro deste ano. Cícero foi um dos maiores idealizadores da feira, que passa agora incorporar seu nome.

“Este ano vamos cumprir um dos grandes desejos do Cícero, que era aumentar ainda mais a feira. Serão 100 camponeses e camponesas, trazendo produtos do estado do Rio e do Brasil.”, afirma Andrea Matheus, coordenadora do MST e responsável pela organização do evento.

Os produtos frescos virão das regiões onde o movimento atua no Rio de Janeiro: Norte, Sul e Baixada Fluminense. No total, os cerca de 30 assentamentos trarão, frutas, legumes e verduras frescas. Maracujá, coco, aipim e jiló são apenas alguns dos frutos da reforma agrária que os consumidores poderão encontrar no Largo da Carioca. Os assentados e assentadas trarão também produtos beneficiados, como pimentas e bolos caseiros e geleias. Fitoterápicos e mudas de plantas também estarão à venda.

Outra grande novidade deste ano será a presença dos produtos processados. Cooperativas do MST no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo trarão à cidade arroz agroecológico, suco de uva, açúcar mascavo e melaço. A Cooperoeste, de SC, especializada em laticínios, irá oferecer leite, leite condensado, queijo e doce de leite. Mas o produto mais esperado é o achocolatado Terrinha, sempre um sucesso entre as crianças Sem Terrinha.

A Coopercontestado, também de SC, virá com um delicioso queijo colonial e iogurte. As compotas da Coopertel de pepino, cebola, cenoura e beterraba são sucesso garantido. E as sementes de abóbora com chocolate, café e canela prometem ser disputadas na feira deste ano.

Além da venda de produtos frutos da luta pela terra, a feira ainda contará com debates e atividades culturais. Nos dois dias haverá debates sobre soberania alimentar, transição agroecológica, agroindustrialização e cooperativas. Segundo Cosme Gomes, também coordenador da feira, a feira não é somente para venda de alimentos.

“O maior objetivo da Feira da Reforma Agrária é o diálogo com a sociedade. É mostrar que a reforma agrária pode dar certo, mostrar que o MST pode produzir alimentos saudáveis, e principalmente, que são os camponeses que matam a fome do mundo. O agronegócio está aí pra encher a terra de venenos e o bolso da multinacionais de dinheiro.”

Na tarde e noite dos dois dias, várias atrações culturais estão previstas. Haverá apresentações de teatro, bandas de samba e danças populares, com os grupos Sambarilha, Tambores de Olokum e Lá e Cá. O primeiro dia da feira será encerrado com funk carioca da APAFUNK, que vai marcar presença esquentando os tambores em ritmo de carnaval. Na terça-feira, o encerramento fica a cargo do forró das bandas Caramuela e Terreirada Cearense.

Serviço:

IV Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes
9 e 10 de dezembro, de 7h as 22h no Largo da Carioca – Centro – Rio de Janeiro.

Assessoria de Imprensa: Alan Tygel – 21 9 8085-8340

Contatos para entrevistas: Andrea Matheus – 9 69510345, Cosme Gomes – 9 9604 0247  e Marcelo Durão –  9 8055-1545

 

Programação:

Programação:

SEGUNDA – 9 de dezembro
07h – Início da Feira
10h – 11h – Abertura
11h – 12h – DEBATE: Agroecologia e Soberania Alimentar: Um diálogo entre Campo e Cidade
13h – 14h – Lá e Cá (Instrumental regional)
14h – 15h – DEBATE: Transição Agroecológica em Assentamentos de Reforma Agrária
15h – 16h – Teatro – Brecht
16h – 17h – Tambores de Olokum (Maracatu de baque virado)
17h – 20h – Sambabrilha (Roda de samba)
20h – 22h – Apafunk (Bloco de carnaval)

TERÇA – 10 de dezembro
07h Início da Feira
10h – 11h DEBATE: Agroindustrialização em Assentamentos
15h – 16h – Us Neguin Q Ñ C Kala (Rap militante)
14h – 15h DEBATE: Cooperação e Comercialização em Assentamentos: Limites e Perspectivas
17h – 18h – Encerramento
18h – 19:30h – Caramuela (Forró de qualidade)
19:30h – 21:00h – Terreirada Cearense (Música brasileira de raíz)

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Cambahyba: Justiça dá mais uma prova de que não foi feita para os pobres

quinta-feira 28 novembro 2013 - Filed under Notícias do MST Rio

por Alan Tygel, publicada no Brasil de Fato RJ

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Declaradas improdutivas em 1998, terras da Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, não foram desapropriadas até hoje. MST exige que a área seja destinada à reforma agrária.

No Brasil, dizer que a Justiça é cega apenas para os pobres já é comum. Entretanto, poucos casos mostram de forma tão contundente a vontade do Judiciário em defender os interesses dos poderosos. O processo da Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes (RJ) é certamente um deles.

Nos anos 1970, a Cambahyba era umas das principais usinas de cana-de-açúcar do Rio de Janeiro. Seu dono, Heli Ribeiro Gomes, foi vice-governador biônico do estado durante a ditadura civil-militar. Com a decadência do mercado sucroalcooleiro, a usina encerrou suas atividades em 1995.

Desde então, famílias sem terra lutam pela desapropriação da área, equivalente a 3500 campos de futebol. Ainda em 1998, a fazenda foi declarada improdutiva, mas a demora na desapropriação fez com o que o MST ocupasse a terra em 2000.

Cerca de 300 famílias resistiram no local até 2006, quando foram despejadas. “Passaram com escavadeiras em cima das casas e atearam fogo em tudo. Foi o pior despejo que já vi”, conta Marina dos Santos, do MST. Ela lembra ainda que o preposto da usina, Jorge Lysandro, acompanhou o despejo de dentro do carro da polícia.

A disputa pela terra continuou no Judiciário. Fernanda Vieira, advogada do MST, explica que por duas vezes, os juízes de 1a instância afirmaram que a usina é improdutiva. E pergunta: “A quem interessa não desapropriar essa usina?”. Além disso, por conta de dívidas milionárias, o terreno já poderia ter sido arrendado para o estado.

Neste período, dois juízes de Campos se declararam incompetentes para julgar o caso, causando ainda mais demora na decisão.
Hoje, as cerca de 200 famílias que vivem no acampamento Luiz Maranhão, ocupado em 2012, aguardam uma decisão do Tribunal de Justiça Federal do Rio.

Marina faz um apelo: “Essa demora de 15 anos já gerou muita violência, inclusive a morte de um companheiro neste ano. O MST exige que a Justiça pare de empurrar o processo com a barriga e dê a terra para quem quer trabalhar nela.”

pela desapropriação da cambahyba

 ::  Share or discuss  ::  2013-11-28  ::  alantygel

IV Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes

quarta-feira 27 novembro 2013 - Filed under Notícias do MST Rio

IV Feira Estadual da Reforma Agrária

 ::  Share or discuss  ::  2013-11-27  ::  alantygel

MST homenageia Cícero Guedes em sua IV Feira Estadual da Reforma Agrária

terça-feira 19 novembro 2013 - Filed under Notícias do MST Rio

IV Feira Estadual da Reforma Agrária - Cícero Guedes

Nos próximos dias 9 e 10 de dezembro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, irá realizar a quarta edição da Feira Estadual da Reforma Agrária, no Rio de Janeiro. O evento acontece no Largo da Carioca, região central da cidade. Uma grande tenda receberá cerca de 100 camponeses e camponesas, que trarão os frutos da luta pela terra para o centro da cidade.

Este ano, a feira recebe o nome de Cícero Guedes, militante do MST assassinado em janeiro, no município de Campos dos Goytacazes. Cícero era referência na produção de alimentos saudáveis, e foi o grande idealizador da feira. Em uma de suas últimas entrevistas, Cícero falou sobre o significado da feira: “É de grande importância para nós dialogar com a sociedade, mostrar os produtos da reforma agrária e falar com a população sobre o que significa essa luta.”

A expectativa é de que sejam comercializadas 25 toneladas de produtos, entre frutas, legumes e verduras in natura, produtos processados, fitoterápicos, mudas, receitas caseiras e camisetas. Quatro cooperativas do MST estarão presentes, além dos camponeses e camponesas vindos de acampamentos e assentamentos das regiões norte e sul do estado, da baixada fluminense e da região dos lagos.

Além do MST, participam da feira agricultores ligados à Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro e ao Movimento dos Pequenos Agricultores. A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida também estará presente para dialogar com os visitantes sobre os motivos que levam nosso país a ser maior consumidor de agrotóxicos do mundo.

A feira conta ainda com apoio do Sindipetro-RJ, do jornal Brasil de Fato e da editora Expressão Popular.

Veja fotos da III Feira Estadual da Reforma Agrária

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“Ainda se morre de fome no Brasil”

terça-feira 12 novembro 2013 - Filed under Notícias do Brasil

Camila Nobrega e Rogério Daflon, do Canal Ibase

A chegada de uma mineradora a uma região próxima a um quilombo nos arredores da cidade de Goiânia mudou a rotina dos moradores. Eles sonharam com  empregos, mas poucos se concretizaram. A disputa pela terra se acirrou, o espaço para plantar diminuiu. O jeito passou a ser comprar comida. Os modos de vida se alteraram, as relações foram atropeladas. E, como resultado, as comunidades vivem hoje uma nova tragédia: em troca de alimento, há famílias que oferecem até suas filhas a operários da mineração. A prostituição infantil passou a ser uma triste realidade no quilombo.

A denúncia foi feita recentemente no Fórum Brasileiro de Segurança e Soberania Alimentar (FBSSAN), em junho, pelo Grupo de Mulheres Negras Malunga. Desde então, de acordo com a organização, nada mudou e a situação só se agrava. O caso se perde em meio a outros que se multiplicam Brasil afora, invisíveis frente à euforia das estatísticas que mostram a redução da fome em nível nacional. Segundo a ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), o número de  22,8 milhões de pessoas em 1992 com fome caiu para 13,6 milhões em 2012. A mudança foi significativa, pois, em 1990, 15% dos brasileiros passavam fome. Hoje, são 6,9%.  Procurado pelo Canal Ibase, o MDS disse não ter os dados das áreas específicas onde há insegurança alimentar, sugerindo que se procurasse o IBGE.

Indígenas são o maior grupo de risco do país. Foto: Wilfred Paulse/Flickr

Os dados recentes poderiam ser festejados, já que a economia brasileira é a sétima do mundo em termos de Produto Interno Bruto e, em alguma medida, isso se reverteu em mudança social. Mas, ao seguir à risca um modelo de desenvolvimento excludente, surge um anticlímax: o país se expõe a um vexame quando se verifica a  persistência da fome em algumas regiões. O que vem à tona claramente sobre o tema é que o Norte e o Nordeste apresentam quadros de insegurança alimentar incompatíveis com a riqueza nacional. Nessa geografia da fome atual, existem territórios em que populações vivem situações gravíssimas, como afirma Francisco Menezes, pesquisador do Ibase e referência nacional no tema:

–  Eu diria que os que estão em pior situação atualmente são os indígenas. Em muitas regiões, perderam suas terras (com a chegada da soja, cana, etc), foram muito violentados em sua cultura e vivem situações de calamidade, ao qual o Estado pouco ou nada contribui – diz Menezes, fazendo um contraponto à euforia das estatísticas.

Na Terra Indígena Governador, no município de Amarantes, a 700 km da capital maranhense, o problema da fome está associado ao conflito com latifundiários do agronegócio e, consequentemente, à dificuldade de acesso à terra. Como o Brasil nunca consolidou uma reforma agrária de fato, há muitas comunidades abandonadas pela ausência de garantia do território pelo Estado. Segundo Joaquim Cardoso, morador da TI de Governador e membro do comitê gestor da Fundação Nacional do Índio (Funai), há muitos indígenas sofrendo por escassez de alimentos:

– A falta de acesso à terra no país é uma das causadoras da fome. Sem regularização de terras, o governo deixa que as batalhas continuem. Os pequenos, claro, continuam perdendo. Há índios na beira da estrada, sem ter onde plantar e sem dinheiro para comprar – contou Joaquim em entrevista ao Canal Ibase.

Nordeste é maior foco da fome no país

A situação dos índios só ganhou visibilidade com o anúncio de um possível suicídio coletivo dos Guarani-Kaiowa, um ano atrás. Mas a situação permanece inalterada lá e em muitos outros territórios indígenas espalhados pelo país.

A professora Sandra Maria Chaves dos Santos, da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia, afirma que os dados dos últimos 20 anos deixam clara a diminuição da fome do país, mas isso não é justificativa, enfatiza ela, para deixar de combatê-la. Ela estuda o tema na região Nordeste e afirma que, em Sergipe, por exemplo, houve melhora. Mas a insegurança alimentar continua grave em outros estados.

– E como serão os resultados do próximo censo do IBGE em relação à fome, levando-se em conta que a seca da região já dura quase três anos? – ressalta ela.

Foto: Rafael Belzunces/Flickr

No Vale do Jiquiriçá, a professora fez uma pesquisa com base  na Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e de um questionário socioeconômico. O resultado é que, de 2.002 domicílios, constatou-se  insegurança alimentar em 70,3%, com predomínio da insegurança grave e moderada (36,0%) em nove municípios.

– Há que se chamar atenção quanto às estatísticas do Censo de 2010. Embora tenha havido uma redução importante da fome, o que se vê nos dados é a manutenção das desigualdades regionais. O problema é estrutural. Quanto menor o nível de escolaridade, por exemplo, maior é o risco de insegurança alimentar – diz ela.

No contexto atual, em que muitas populações estão na iminência de perder acesso à terra com a chegada de megaempreendimentos e a expansão do agronegócio, a situação se agrava. É o que afirma o coordenador-executivo da Action Aid Brasil, Adriano Campolina:

– As obras de infraestrutura no Brasil estão gerando novas pobrezas, com a expulsão das pessoas de seus locais de origem. Precisamos reverter isso, que também ocorre em função dos megaeventos esportivos: a Copa e as Olimpíadas.

A presidente  do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Maria Emília Pacheco, diz que o desafio é frear esse processo.

– É preciso investir na agricultura familiar, no banimento do uso de agrotóxicos. Há um conjunto articulador de políticas que está diretamente relacionado à segurança alimentar. O alimento tem que ser visto como direito humano e não como mercadoria.

Para Maria Emília, a soberania alimentar ainda não foi alcançada no país. Isso, prevê a presidente do Consea, só ocorrerá quando todos os povos tiverem direito de estabelecer suas políticas do direito humano à alimentação.

– É preciso pensar a produção, a distribuição e o acesso ao alimento. E não adianta apenas comer, é preciso saber quais alimentos estão chegando à mesa dos brasileiros. O Brasil assiste neste momento, por exemplo, ao aumento do sobrepeso. E há casos que combinam subnutrição com sobrepeso devido à baixa qualidade dos alimentos.

Há pesquisadores que questionam, inclusive, se alguns alimentos superprocessados devem ser chamados de alimentos. Nessa linha, a professora Inês Rugani, do Departamento de Nutrição da Uerj, aponta  um aspecto dramático no país, que aparece também no programa Bolsa Família. Ela alerta que famílias cuja renda é mais baixa estão adquirindo o hábito de  comprar alimentos processados, a fim de consumir produtos semelhantes aos da classe média.

A professora Inês Rugani, do Departamento de Nutrição da Uerj, vê um um aspecto dramático no país, que aparece também no programa Bolsa Família. Ela alerta que famílias cuja renda é mais baixa estão adquirindo o hábito de  comprar alimentos processados, a fim de consumir produtos semelhantes aos da classe média.

– A qualidade da alimentação cai muito, e a consequência na saúde é direta, como o aumento da diabetes. Um grande exemplo são os refrigerantes. Os mais baratos são ainda mais nocivos do que os mais divulgados pela propaganda maciça.

As pessoas a que Rugani se refere ao menos são beneficiadas por políticas públicas, como o Bolsa-Família. Mas há aquelas que ainda sofrem de privação.

– Ainda se morre de fome no Brasil – afirma Francisco Menezes.

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