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“Soberania Alimentar é se opor a forma de como o Capital atua no campo” afirma dirigente da Via Campesina no CBA

segunda-feira 19 outubro 2015 - Filed under Campanha Contra os Agrotóxicos

Por Viviane Brigida e Natália Almeida, com fotos de Jean Britto

Foto: JEAN BRITO

Militantes da Via Campesina denunciaram os transgênicos, os agrotóxicos utilizado no campo. “O Veneno está na mesa da sociedade brasileira, devemos lutar pela soberania alimentar e que esta seja agroecológica!”, afirmaram com palavras de ordem e gritos que soavam de aleta aos participantes do Congresso Brasileiro de Agroecologia, na abertura do segundo dia do maior evento sobre agroecologia que ocorreu em outubro em Belém.

Diferentes mesas redondas iniciaram os debates sobre o eixo das denúncias, uma das três dimensões que compõe o CBA (resistências e proposições serão tratadas nos próximos dias) (link). O objetivo do eixo de denúncias é refletir sobre os impactos do modelo hegemônico de produção agropecuária e sua consequente geração de conhecimentos científicos de controle e dependência externa.

Com a mediação de Leonardo Melgarejo, do Grupo de Trabalho dos Transgênicos da ABA – Associação Brasileira de Agroecologia, a mesa contou com a participação de Nívia Regina do MST e da Via Campesina, Jean Marc – ASPTA/Agricultura Familiar e Agroecologia e Damian Verzenassi – UCCSN-LA Unión de los Cientificos Comprometidos com la Sociedad y la Naturaleza de America Latina da Universidade Nacional de Rosario, na Argentina.

 Olhar da Via Campesina

Para a Nivia Silva, “essa mesa reflete o processo de diálogo que a Via Campesina vem realizando com a acadêmia. A Via, ao lutar pelos transgênicos, tem um olhar local, mas tem uma dimensão estrutural contra o capital que vem impactando a vida no campo e na cidade. Lutar pelos transgênicos é lutar contra essas grandes empresas, é lutar contra o modelo econômico”.

Segundo a dirigente da Via Campesina, houve um distanciamento da classe trabalhadora da produção de alimentos. Um exemplo concreto é a redução da produção de arroz e feijão no Brasil é reflexo da escolha feita pelo país. Na abertura da mesa ela Os transgênicos vieram com a promessa de redução do consumo de venenos. Segundo Nivia, “O que vemos é justamente o contrário. A soja e milho, que aumentam sua área de produção no país e isso muito favorecido pelo uso intensivo de agrotóxicos”.

Ela ressalta ainda a participação do MST do Pará na construção de alguns espaços, como na mística que, para ela, convoca a todos e todas para este momento importante e delicado de enfrentamento e luta contra os agrotóxicos e venenos no país. Para a representante da Via Campesina, a soberania alimentar é uma luta de classes.É uma luta da classe trabalhadora. “Precisamos organizar a vida no campo e na cidade, esse modelo só mudará com enfrentamento” afirma Silva.

JEAN BRITO (3)

 Saúde do Povo

 Para Damian Verzzenazi, que é médico e compõe uma importante rede científica da América Latina que luta também contra os transgênicos, a UCCSN-LA, apresentou em dados, os elevados casos de câncer causados por agrotóxicos na Argentina em localidades agroindustriais.

“Existem provas cientificas que mostram os riscos do uso dos transgênicos”. Ele denúncia: essas grandes empresas, além das contaminações genéticas ainda promovem um processo de dependência cultural. Os agricultores conservam a herança cultural, produzem em qualidade. Para ele, o caminho dessa revolução necessária passa pela saúde do povo. “Necessitamos em toda a América Latina da posição dos movimentos sociais” convoca.

O conferencista apresentou em dados, os elevados casos de câncer causados por agrotóxicos na Argentina em localidades agroindustriais. “Necessitamos em toda a América Latina da posição dos movimentos sociais, pois já existem provas científicas e conclusivas a respeito dos danos causados pelo agrotóxicos”, declarou.

Para o argentino, é urgente fortalecermos projetos estratégicos para eliminarmos os transgênicos e os venenos, lutando por uma vida digna. Damian destaca ainda que falar de transgênico é falar de um projeto de segurança nacional onde a agroecologia tem que ser ferramenta dessa construção. Ressalta princípios importantes para ele, afirmando que “onde sem saúde, não há liberdade. Sem saúde, não há soberania. Seguimos dizendo e lutando por alimentos saudáveis para povos livres”.

Ele encerrou sua fala dizendo que estamos convencidos de que é preciso repensar o sentido da ciência. Verzenassi diz que é imprescindível o debate da agroecologia, sem saúde não há soberania e de que só existe soberania alimentar a partir da saúde dos povos. “Alimentos são para povos livres, modelo de produção livre” afirmou.

É o que defende também Jean Marc, da ASPTA – Agricultura Familiar e Agroecológica. Os impactos dos transgênicos são alarmantes na agricultura. “antes era questão de risco, previsões. Hoje, está comprovado”. É assim que economista, iniciou sua apresentação. Acrescentou que há 4 milhões de toneladas previstas para os próximos 3 anos do mercado de soja não transgênica porque os transgênicos ainda se mantém os EUA, Argentina e Brasil que ainda são foco de plantio.

Em relação ao controle das empresas conforme a legislação brasileira, o pesquisador diz que 1% da produção devem pagar royalties, pois quem é o responsável pela contaminação é o produtor de transgênico. Para ele, as empresas utilizam a lógica de agricultura convencional do agronegócio.

De acordo com Marc, a campanha contra os transgênicos e agrotóxicos tem que se tornar única e que CTNBio (A Coordenação-Geral da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) tem que ser um lugar de enfrentamento a lógica imposta. “A opção para o futuro são radicais ou não teremos futuro para humanidade. Mudamos o caminho social e ambiental ou seguimos para o caos!” disse.

jean brito (5)

Plenária

A mesa ainda contou com os depoimentos como de Paulo Kageyama, que denuncia os processos antidemocráticos da CTNBio. Outros participantes trazem o debate sobre a “banalização da noção de alimentos saudável”. Frederico Campos, da Paraíba, desabafa: “Lá na Paraíba não se como mais cuscuz que não seja transgênico”. João Guilherme, membro do GEA, apesar de relembrar da aprovação do eucalipto transgênicos, diz que com a luta muitos processos podem ser revertidos.

2015-10-19  »  alantygel

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