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Site do boletim do MST do Rio de Janeiro

O Trabalho de base na Construção da Agroecologia: uma Experiência dos mutirões de Assentamentos no RJ

quarta-feira 9 fevereiro 2011 - Filed under Notícias do MST Rio

Nivia Regina- Setor produção MST-RJ
Andrea Matheus- Setor de produção MST-RJ

O setor Produção do MST no estado do RJ realiza um trabalho de base nos assentamentos conhecida como “Mutirão de Organização e Planejamento dos Assentamentos”, realizado em conjunto com outros setores do movimento (intersetorial) como Educação, Formação e Saúde, se fundamentando na necessidade de planejamento e organização permanente das áreas de assentamentos de reforma agrária.

Nestes trabalhos tem sido constado junto com as famílias conseqüências do modelo de produção realizado na antiga fazenda com alto grau de degradação e a necessidade de recuperação daquele ambiente, se apresentando agroecologia como instrumento fundamental neste processo.

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Historicamente as áreas da reforma agrária foram pensadas sem considerar a realidade do local, tanto quanto aos recursos naturais, quanto às características sócio-culturais das famílias, num quadro a ser revertido e que demanda novas formas de organização que possibilitem a consolidação participativa dos assentamentos.

A experiência de aplicação da metodologia “Mutirões de Planejamento e Organização de Assentamentos”, cuja implementação é feita de forma articulada com outras instituições – como o Grupo de Estudos Trabalho em Ensino e Reforma Agrária-GETERRA e o Grupo de Agricultura Ecológica–GAE, da UFRRJ, parceiros no exercício do Programa de Assessoria Técnica Social e Ambiental – ATES, do INCRA-RJ, tem se revelado um importante instrumento para o “novo” assentamento.

Foi concebida para ser uma metodologia que facilite a tomada de decisões pelas famílias assentadas, apontando para construção do assentamento baseado nos princípios da agroecologia e da cooperação, que traga novas perspectivas e estimule um processo de planejamento participativo, levando em consideração os aspectos sociais, culturais, econômico e ambiental.

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As famílias se apropriam do planejamento sobre o local onde moram. São elas que definem os caminhos para desenvolver as ações conjuntas, pensadas para a construção e desenvolvimento do “novo” assentamento. Desta forma participam homens, mulheres, idosos, jovens e crianças visto que a construção está pautada em novos valores para a sociedade e sua relação com o ambiente.

A formação, capacitação e planejamento, para permitir às famílias condições de definir as ações que serão implementadas a curto, médio e longo prazo, imprimem um ciclo de crescimento do trabalho, para o qual se mostra fundamental a identificação e o acionar de novas parcerias que irão potencializar o desenvolvimento do assentamento, junto às famílias.

A Experiência e o Método
A experiência foi realizada em assentamentos na região Norte e Sul Fluminense, sendo no assentamento Vida Nova- Município de Barra Piraí, Terra da Paz e Roseli Nunes- Município de Piraí, Josué de Castro- Município de Campos dos Goytacazes, Chico Mendes- Município de Cardoso Moreira. Estes dois últimos ainda estão em processo de conclusão.

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A execução é subdivida em etapas, que contemplam: formação, capacitação e atividades de campo, com coletas de dados qualitativos e quantitativos, tanto do assentamento, quanto da sua região de inserção. Todo o levantamento de informações e planejamento das ações se dá em forma de reuniões, assembleias, oficinas e entrevistas.

Para facilitar os trabalhos e a sistematização dos dados a “equipe” que envolve as famílias assentadas, os profissionais da ATES, os parceiros e os setores do MST, são divididos em grupos de trabalho, a saber: Territorial – identifica as questões referentes à composição física e geográfica do assentamento, deverá analisar os dados de solo, clima, relevo, hidrografia, vegetação, fauna, flora e localização; Social – identifica as informações relacionadas às dimensões sócio-cultural das famílias; Político – identifica o nível de organização política do assentamento; Econômico – identifica o perfil produtivo do assentamento, levando em consideração a composição e a utilização dos meios de produção no atual estágio do assentamento.

Dessa forma, os Mutirões têm por propósito construir, junto às famílias do “novo” assentamento, uma nova forma de pensar o modelo produtivo, com base em práticas mais sustentáveis, bem como com a valorização e o restabelecimento das relações sócio-culturais, de forma a promover a inserção de trabalhadores na sociedade. Entende-se que para além do acesso a terra, a reforma agrária envolve um processo de reestruturação fundiária, melhor distribuição de terra e renda, aprofundando na questão da mudança do modelo tecnológico aplicado na agricultura.

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2011-02-09  »  alantygel

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