Camponeses ocupam unidade de pesquisa da Monsanto e plantam sementes crioulas
quarta-feira 16 outubro 2013 - Filed under Notícias do Brasil
do Boletim do MST-RJ, com informações do MPA
Protesto contra a multinacional de agrotóxicos e transgênicos reúne 5000 camponeses na cidade de Petrolina (PE)
Na manhã da última terça-feira (15), cerca de cinco mil camponeses e camponesas do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) ocuparam a unidade de pesquisa da empresa Monsanto, em Petrolina-PE. A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas por Soberania Alimentar, que teve início na segunda (14) e segue até sexta-feira (18).
O currículo de violações aos direitos humanos da empresa Monsanto é extenso. Ela foi responsável pela produção do Agente Laranja, usado pelos EUA na Guerra do Vietnã, entre 1964 e 1975. De acordo com a Cruz Vermelha, 150 mil casos de malformação congênita estão ligados ao Agente Laranja.
Hoje, a Monsanto é a maior produtora mundial de agrotóxicos e de sementes transgênicas. Estas sementes recebem uma modificação genética e para serem resistentes aos agrotóxicos fabricados pela mesma empresa. Hoje, a maior parte da soja, do milho e do algodão plantados no Brasil são transgênicos, e o país se tornou com isso o maior consumidor mundial de agrotóxicos.
O camponês Zé Santana, que participa da ocupação, compreende que as sementes crioulas são patrimônios da humanidade a serviço dos povos. “É importante que os movimentos sociais levantem a voz contra os grandes grupos que estão aí, matando o nosso povo, com veneno e modificando geneticamente nossas sementes”, declarou.
Outra ação da empresa que é contestada pelos camponeses é a propriedade intelectual das sementes. A semente transgênica possui patente, o que obriga o agricultor a comprar sementes todos os anos, sem possibilidade de guardá-las ou reproduzi-las. Os manifestantes plantaram sementes crioulas no lugar das transgênicas.
De acordo com Maria Kazé, da coordenação nacional do MPA, vários motivos justificam a substituição das sementes plantadas pela Monsanto. “Os donos das sementes do mundo são os camponeses e camponesas, que participaram do processo de transformação da biodiversidade existente. Não aceitamos que nenhuma empresa transnacional se aproprie do nosso patrimônio genético”, ressaltou Kazé.
2013-10-16 » alantygel