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Site do boletim do MST do Rio de Janeiro

MST inaugura site de comercialização Terra Crioula no Sul Fluminense

terça-feira 29 junho 2021 - Filed under Notícias do MST Rio + Terra Crioula

Por Gabriel Amorin

Coletivo de Comunicação MST-RJ

No último domingo (20), as famílias assentadas do MST na região Sul Fluminense passaram a contar com um sistema de comercialização das Cestas da Reforma Agrária, é o site Terra Crioula. Os pedidos foram abertos de domingo a quinta-feira, e as entregas foram feitas em quatro sedes do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEPE) em Volta Redonda, Barra Mansa, Resende e Quatis/Porto Real.

O processo de comercialização no território é organizado pelo Coletivo Alaíde Reis, mantendo vivo o nome de Seu Alaíde, um histórico e saudoso militante do movimento na região. Reunindo núcleos de famílias dos assentamentos Terra da Paz, Roseli Nunes e Irmã Dorothy, o coletivo conta com uma produção diversificada em mais de cem itens, entre verduras, ervas, raízes, grãos, laticínios e beneficiados caseiros.

Desde 2016 o coletivo desenvolve sua estratégia de organização da produção e cooperação na comercialização, organizando-se a partir de experiências de comercialização direta como cestas, feiras locais e a Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, realizada anualmente na capital do estado. Nesse processo local, tem sido importante a relação de apoio mútuo com os as trabalhadoras e trabalhadores da educação que compõem o SEPE na região. Pois a organização dos trabalhadores da cidade para adquirirem a produção do pequenos agricultores organizados no campo é fundamental para o fortalecimentos das alianças entre o povo do campo e da cidade. Essa relação entre o MST e o SEPE na região busca ir para além da comercialização, construindo um trabalho político conjunto, com a organização de visitas, confraternizações e mini vivências dos “cestantes” nas áreas de produção.

O site de comercialização, por sua vez, é consequência dos acúmulos do MST na organização do Espaço de Comercialização Terra Crioula, entre 2017 e 2019, no Centro do Rio de Janeiro. Um espaço quinzenal onde os coletivos de produção e comercialização dos assentamentos e acampamentos do estado comercializavam sua produção em bancas de feira no espaço e na Cesta da Reforma Agrária. Também eram realizadas atividades culturais, de comunicação, rodas de conversa, almoços da Culinária da Terra, produção de camisas pelo coletivo de serigrafia e oficinas. E formações com base em tecnologias sociais com membros dos coletivos regionais ali presentes, contribuindo com a cooperação e organização dos processos organizativos locais. O nome Terra Crioula é também a identidade social da produção do MST no estado. Elaborada em 2010, carrega as simbologias da terra e da identidade “crioula” na diversidade latino-americana dos povos e comunidades do campo e das florestas, propondo uma outra relação entre quem produz e quem consome, e reforçando os valores da produção fruto de trabalho coletivo e cooperado e auto-organização dos territórios.

É a partir dessa política do movimento para a comercialização na capital que se desenvolve a proposta do site, elaborado pela equipe de estudantes e professores do TIC-DEMOS (Tecnologias da Informação e Comunicação, Democracia e Movimentos Sociais), um projeto do SOLTEC/NIDES/UFRJ. Buscando solucionar a demanda de otimizar o processamento de pedidos da Cesta da Reforma Agrária neste espaço, reduzindo o trabalho que era feito manualmente com planilhas e aplicativo de celular, e contribuindo em uma melhor organização e envolvimentos de mais “cestantes”.

Agora o movimento busca implementar este sistema de comercialização das Cestas da Reforma Agrária nas regiões do estado, e também está em fase de desenvolvimento do sistema para utilização no Armazém do Campo, no Centro da Cidade do Rio. Contribuindo com a otimização do trabalho e maior divulgação das cestas organizadas pelos coletivos do movimento nos territórios.

Além de gerar menos trabalho para o processamento dos pedidos, que geralmente são feitos por aplicativo de celular ou formulário online internet, o site possibilita inserir variados conteúdos como fotos e diversos tipos de informações sobre os produtos, como receitas e ingredientes. Além de conteúdos sobre o histórico do coletivo, perguntas frequentes, entre outros. Ou seja, o site também contribui com a propaganda, difusão e reunião de informações sobre a produção que muitas vezes podem estar dispersas, e informando sobre as propriedades de algum alimento, que muitas pessoas podem desconhecer. O sistema também pode auxiliar a produção pois gera planilhas com os dados das vendas, por produtos e suas categorias, quantidades, valores de venda, totais comercializados num dado período etc.

No momento, o site Terra Crioula está sendo utilizado na região sul, com vendas mensais em quatro municípios. Os resultados já são sentidos, mas seguem os desafios para avançar em outras regiões, ao passo das realidades locais, o que demanda também estrutura, como computadores, energia elétrica estável e internet. Além de cada vez maior organicidade planejamento dos coletivos e formação de pessoas para gerir o sistema, que também está em permanente processo de ajuste e adaptação à realidade dos coletivos.

O desenvolvimento do site é uma ação que se insere e dialoga dentro de um conjunto do planejamento do MST para a comercialização no estado. O que demanda também a luta permanente pelas devidas políticas de estruturação e de garantia de permanência dos assentamentos, que não são cumpridas por parte do INCRA e governos. Na região, por exemplo, o assentamento Irmã Dorothy encontra-se em campanha de resistência contra a tentativa do INCRA e do Estado de expulsar as famílias da terra. Mas são os movimentos sociais do campo e da cidade os que têm trabalhado e lutado para apresentar propostas para combater a vida cara, a fome, a miséria e falta de acesso à moradia impulsionadas pelas políticas genocidas de Bolsonaro e Guedes. E o MST tem contribuído com esse processo com a produção de alimentos saudáveis para o povo e solidariedade na luta pela Reforma Agrária Popular.

O site Terra Crioula pode ser acessado no endereço https://terracrioula.mst.org.br

Lutar, construir reforma agrária popular!

2021-06-29  »  Clivia Mesquita

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