No Rio de Janeiro, 1o de maio tem ato junto às favelas da Maré e Manguinhos
sábado 3 maio 2014 - Filed under Notícias do Rio
por Alan Tygel, do Boletim MST RJ
Movimentos sociais e partidos políticos reunidos na Plenária dos Movimentos Sociais realizaram neste 1o de maio um ato em lembrança ao Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras. Cerca de 300 pessoas marcharam na Avenida Brasil, da entrada favela da Maré até Manguinhos. O objetivo este ano foi chamar a atenção para o processo de escalada da violência do Estado, operada sobretudo dentro das favelas pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). O exército também tem contribuído com o quadro desde de que 1500 soldados invadiram a favela da Maré no início de abril.
De acordo Marcelo Durão, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, as pautas do primeiro de maio são as demandas históricas da classe trabalhadora. “Moradia, saúde, educação, condições dignas de sobrevivência na cidade e reforma agrária. O Rio de Janeiro está vivendo um exemplo de um novo modelo de cidade, altamente capitalizada e que exclui os trabalhadores. O trabalhador hoje no máximo vai trabalhar e volta. Ele não tem mais condições de viver na cidade. As praças são bloqueadas, estar na cidade está cada vez mais difícil. Passamos mais tempo no transporte do que no trabalho ou em casa.”
Segundo ele, a questão agrária está fortemente ligada aos problemas vividos na cidade: “A dificuldade de se ter gente no campo, a concentração da população nos grandes centros urbanos, e a não realização da reforma agrária estão intrinsecamente ligados. A Reforma Agrária poderia, além de desconcentrar, trazer melhores condições de vida, sobretudo através da produção de alimentos saudáveis produzidos em harmonia com o meio-ambiente.”
Durão explica que a escolha do local do ato não foi por acaso. “Esse ato hoje é uma forma de nos aproximarmos das favelas que estão sofrendo essa opressão hoje. É muito importante trazermos a favela para juntos dos movimentos sociais e partidos para reivindicar as pautas da própria sobrevivência. Lutamos contra a opressão das favelas. A presença da polícia no Rio nas favelas através da UPP está trazendo um fascismo perceptível, toda hora temos trabalhadores sendo assassinados com a justificativa da pacificação.”
Gizele Martins, jornalista e diretora Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, concorda com a importância da manifestação ocorrer em frente à Maré: “É importante saber que os movimentos sociais estão atentos às pautas das favelas. Hoje tem se intensificado a criminalização e controle da favela. E esse primeiro de maio aqui mostra que nós não estamos sós. É bom estarmos unidos não só pela pauta da segurança pública, mas por outras pautas também, como a cultura, a moradia, a reforma agrária. Que bom que estamos aqui juntos protestando com o extermínio dos pobres que está acontecendo todos os dias na favela, contra a invasão militar que está acontecendo nas nossas favelas.”, afirma Gizele, nascida e criada na Maré.
Perguntada sobre a Copa do Mundo, ela diz ter certeza de que as coisas só vão piorar. “Nossos governantes querem mostrar que no Rio de Janeiro está tudo bem controlado, que pode receber os gringos, mas não está. Não temos nada a comemorar. Temos é que resistir.”
No aniversário de 50 anos do Golpe Civil Militar no Brasil o complexo de favelas da Maré foi invadido pelo polícia militar, e posteriormente pelo exército. Os moradores publicaram um manifesto denunciando a violência policial e as ameaças que vinham sofrendo: “Nós, moradores que estamos envolvidos com a luta pelos direitos humanos fundamentais dos cidadãos que vivem em favelas, estamos colocando esforços para denunciar estes muitos casos de abuso que estão acontecendo com nossos familiares e vizinhos.”
Policiais militares acompanharam o ato à distância, e um helicóptero sobrevoou o local seguidas vezes. O trânsito da pista lateral da Av. Brasil foi desviado para a passagem dos manifestantes, e não houve nenhum registro confronto com a polícia.
2014-05-03 » alantygel
13 maio 2014 @ 0:25
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