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Site do boletim do MST do Rio de Janeiro

O curso “Emancipações” e a formação política da classe trabalhadora no Rio de Janeiro

terça-feira 19 outubro 2010 - Filed under Sem categoria

Desde 2006, o Programa Outro Brasil, do Laboratório de Políticas Públicas da UERJ, promove o “Curso Movimentos Sociais Políticas, Públicas e Emancipações”. Trata-se de uma iniciativa que busca a construção conjunta com os movimentos sociais e demais organizações populares do Estado do Rio de Janeiro. Nesse sentido, desde o seu surgimento, os movimentos sociais têm se apropriado ora mais, ora menos intensamente dessa ferramenta no sentido de que o curso seja organizado antes pelos movimentos que para eles.

O “Emancipações” visa à formação política como um passo imprescindível da luta socialista. Ele é voltado a militantes de esquerda indicad@s pelos coletivos em que estão inserid@s, sendo aberto à participação das mais diversas organizações identificadas com as causas populares. A auto-organização dos coletivos envolvidos é um princípio do curso, por isso sua Coordenação Político Pedagógica (CPP) precisa ser composta por representantes dos movimentos sociais de luta por reforma agrária, reforma urbana, pré-vestibulares comunitários, fóruns de comunidades tradicionais, movimento estudantil, movimento negro, movimento de mulheres, etc. Sem dúvida, é uma peça importante na (re)constituição de um necessário Programa Estadual de Formação dos movimentos sociais, bem como na (re)criação de um Coletivo Estadual de Educadores Socialistas do campo e da cidade.

Em 2009, a primeira etapa do “Emancipações” foi no mês de maio e, em seguida, aconteceram mais sete etapas até o mês de novembro, quase todas no Campus da UERJ Maracanã. Várias etapas contaram com o apoio do NEP (Núcleo de Educação Popular) 13 de Maio, aplicando as oficinas “Como Funciona a Sociedade (1 e 2)” e “O que é uma Análise de Conjuntura”, por exemplo. O conteúdo das etapas também incluía temas como “A crise do capitalismo”, “organização e trabalho de base”, “estratégias de luta”, etc. Participaram mais de oitenta educand@s de diferentes regiões do estado: Metropolitana, Baía de Ilha Grande, Norte Fluminense, etc.

Nesse ano de 2010 o formato do curso sofreu algumas alterações. A redução do apoio financeiro implicou na redução do número de etapas de oito para cinco. Além disso, em vez de uma turma única em todas as etapas, o curso teve uma primeira etapa geral em julho, quando tod@s @s educand@s, mais de sessenta, estiveram reunid@s num só local, a UERJ – para a realização da oficina “Comunicação e Expressão”, aplicada por monitores do NEP 13 de Maio –, sendo que, nos meses seguintes, a segunda, a terceira e a quarta etapas têm acontecido em quatro turmas divididas por regiões: capital, baixada, sul e norte fluminense. Ainda está prevista para novembro a quinta e última etapa, na UERJ, assim como a primeira etapa, para tratar de “Organização, Tática e Estratégia”. Essas mudanças têm prós e contras. Por exemplo: fazer as etapas intermediárias espalhadas nas regiões facilita a participação d@s educand@s que, desta forma, não precisam fazer grandes deslocamentos a cada mês. Contudo, também fica mais difícil construir várias CPP’s, falta gente para acompanhar as turmas.

Com todas as dificuldades, a turma da capital realizou a segunda etapa do curso em agosto com a oficina “Como Funciona a Sociedade 1”, baseada nos conceitos elaborados por Marx em O Capital. No mês passado, setembro, ocorreu a terceira etapa com o tema “Análise de Conjuntura”. Precisamos agora nos esforçar para construir a quarta etapa, que deverá ser sobre “Classe, Gênero e Etnia”. Esse tema vem de uma avaliação da CPP de que faltou tratar mais essas questões no ano passado.

A formação política das classes populares no Rio de Janeiro caminha a passos lentos. É momento de aprofundar o trabalho de base, o acúmulo de forças e, sobretudo, as ações unitárias. Várias organizações não têm conseguido fazer parte da construção de espaços conjuntos de formação como o “Emancipações” porque, por um lado, faltam militantes, @s militantes estão sobrecarregados, etc. Por outro lado, faltam militantes e os que há ficam sobrecarregados porque não conseguimos formar nov@s militantes e precisamos, portanto, formar. Na prática não é fácil, como tudo na luta da classe trabalhadora. Todavia, priorizar a construção do “Emancipações” e/ou de outros espaços unitários de formação e luta é um dos desafios táticos centrais que se coloca para nós de esquerda hoje no Rio de Janeiro e no Brasil.

2010-10-19  »  alantygel

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