MST participa de seminário na Suécia e vai à Finlândia denunciar a Stora Enso
terça-feira 17 maio 2011 - Filed under Notíciais Internacionais e da Via Campesina
por Marcelo Durão – MST
A convite dos Amigos da Terra da Suécia e da Finlândia, organizações que o MST tem longa parceria, fui indicado pelo Setor de Relações Internacionais do MST para realizar de 11 a 21 de abril debates sobre Soberania Alimentar, Agroecologia, Reforma Agrária, Agronegócio e para apresentar denúncia das ações predatórias da Stora Enso na reunião anual dos acionistas da empresa.
Na Suécia fiquei o período de 11 a 18 de abril onde realizei diversos debates e entrevistas todos passando pelos temas expostos acima com dois momentos mais centrais.
O primeiro foi a conversa com parlamentares Suecos (do Partido Verde, Partido de Esquerda e Liberal) que fazem parte de um grupo responsável por questões sobre a América Latina, em especial o tema do comércio com a Europa.
O debate se passou rapidamente pela reforma agrária no Brasil, o MST, e sobre modelo de produção do agronegócio e suas conseqüências por conta do comercio de soja e etanol. A Suécia importa muita soja do Brasil e esta muito interessada na utilização do etanol acreditando que é energia limpa e ecológica.
O debate centrou-se no modelo de produção da soja e da cana para etanol. Expus que estas culturas causam muito impactos sócio-ambientais no Brasil, como a degradação da natureza, contaminação pelo intenso uso de agrotóxicos, diminuição da produção de alimentos básicos dos brasileiros, disputa por territórios, super exploração do trabalhador e muitas vezes trabalho escravo, entre outras. A tentativa foi de desmistificar a produção do etanol como ecológica. Eles acreditam que a soja deles que vem principalmente das fazendas do Centro Oeste não são transgênicas e sem altos usos de agrotóxicos.
O segundo momento foi um seminário na cidade de Ramsele, uma cidade da região central da Suécia, com o tema: Recuperar o poder sobre o alimento e Recursos Naturais. O seminário buscou articular uma plataforma comum entre diversas entidades: das áreas da luta camponesa; luta coorporativa dos agricultores familiares; Defensores do meio ambiente (florestas, etc); Urbanos por alimentos não envenenados; Municípios com desenvolvimentos local e defesa da cultura local incluindo os camponeses; e Agricultura urbana.
O seminário teve 3 dias de debates e foram abordadas questões como soberania alimentar, produção orgânica de alimentos, preocupação com a qualidade dos alimentos, relação produtor consumidor, a questão das florestas de pinus e as empresas madeireiras.
O principal objetivo deste encontro foi a tentativa de construir na região, unidade entre as organizações.
Na Finlândia fiquei de 18 a 21 de abril e com a mesma dinâmica: debate na universidade de Helsinque, entrevistas em rádios e webtv, os temas se centraram mais nos impactos da Stora Enso no Brasil, pelo plantio de eucalipto.
Visitei pequenos agricultores que trabalham de forma cooperada e que fazem parte da Via campesina Finlândia. Este produtores trabalham com morango, ervas (temperos), batata, leite, galinhas e possuem uma loja de comércio justo, tudo agroecológico ou orgânico.
O momento mais trabalhado foi a exposição das denúncias dos crimes realizados pela Stora Enso/Veracel no Brasil dentro da reunião anual dos acionistas da empresa. Desde que se estabeleceu na região, a empresa comete desde crimes ambientais desde a evasão de impostos, falsificação de documentos até a corrupção de servidores públicos, entre outros. O Ministério Público e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA) impuseram multas à Veracel pela contaminação de nascentes de riachos e rios com o uso de agrotóxicos, principalmente herbicidas.
Dentre as ações da Stora Enso/Veracel no Brasil, a perda da biodiversidade é o principal, pois a mata atlântica é o bioma com maior número de espécies (animais e vegetais) do planeta, mas temos a contaminação de nascentes, córregos e lagoas pelo uso de agrotóxicos; expulsão de comunidades da região; diminuição da produção de alimentos básicos; centralização da propriedade de grandes quantidades de terra na mão da empresa; aumento da pobreza; entre muitas outras ações comuns ao modelo do agronegócio.
Estas denuncias causaram desconforto por parte da diretoria da empresa e aos acionistas, tanto que após o termino da reunião o próprio presidente da empresa fez questão de vir conversar sobre a importância das denuncias, da presença do MST e que queria estabelecer diálogo aqui no Brasil. Não existe como acreditar em nada disso. Pois qualquer solução dada para resolver estas questões seria afetando (reduzindo) diretamente os altos ganhos anuais que a empresa vem conquistando ano a ano.
2011-05-17 » alantygel
13 julho 2011 @ 15:25
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