Estudantes chilenos saem às ruas
quarta-feira 17 agosto 2011 - Filed under Notíciais Internacionais e da Via Campesina
Agosto de 2011
Por Silvia Eloisa Fernández Venegas, com fotos de Pablo Tarifeño e Silvia Fernàndez
Nesses últimos meses, de maio para cá, estudantes, professores e outros grupos sociais no Chile têm organizado manifestações contra o governo. Dezenas de milhares de estudantes – com apoio popular em todo o país – levam para frente o seu protesto com o sem a permissão oficial, e o sentimento público contra o presidente Sebastian Piñera continua a crescer.
A mobilização dos estudantes foi crescendo e demonstrando a sua importância porque eles querem resolver de uma vez os grandes problemas que foram se acumulando com a instauração do modelo neoliberal no país. Propõe nada menos do que reconstruir a educação pública, restaurar os recursos naturais e acabar com a desigualdade, em suma, a completa democratização do país com uma nova Constituição. Dessa forma tem resgatado da vida política as aspirações das gerações anteriores, que pareciam perdidas nos becos do mercado e a indignidade.
Sob a palavra de ordem “Por uma educación pública, gratuita, laica y de calidad” perante um dos sistemas educativos mais desiguais do mundo, pela armadilha financeira dos empréstimos bancários das famílias, os estudantes levam à agenda pública a necessidade de mudar o modelo imposto nas últimas quatro décadas e o apartheid social no país da região que tem 15 mil dólares per capita. Mas, essa reforma precisa outras, por exemplo, uma nova institucionalização e na verdade, essa discussão principal é a preocupação maior da classe política.
Por isso, as autoridades, em geral, têm reagido condenando ou proibindo as manifestações, empurrando os manifestantes na sua postura com repressão, canhões de água e bombas lacrimogêneas, e oferecendo propostas de educação que foram rejeitadas também pela população com “panelaços” nas ruas.
Nesse momento do conflito só existem dois caminhos: o que a Alianza (coalizão no governo) e da Concertación (coalizão que tinha o governo e perdera para a direita) que propõem uma suposta democracia dos acordos ou a manutenção do movimento estudantil. Esses caminhos dos acordos tem sido a base nos passados 20 anos e faz parte do projeto que mantém as desigualdades e a pouca representação propriamente cidadã, que se negou a separar o mercado e o lucro da educação e reduziram a educação a uma opção individual, desconhecendo-a entanto aspiração legitima do povo.
Temos que reconhecer que os políticos do governo e da oposição têm tentado colocar a necessidade do dialogo, após dois meses, e ofereceram o Congresso como espaço de acordos. Contudo, não pensaram que os estudantes têm memória individual e coletiva das experiências anteriores e que não acreditam em comissões e só aceitarão esse convite se as suas colocações são respeitadas.
Esse respeito é no fim atender as aspirações cidadãs adiadas por 20 anos: as desigualdades, a representação cidadã, o reconhecimento da educação, da saúde, da moradia, dos recursos naturais, a proteção do trabalho como bens públicos perante os interesses dos grupos econômicos.
Uma explicação do sucesso do movimento e a sua convocação poderiam ser, que essa nova geração protagonista do movimento não viveu o medo da ditadura e sua criatividade, sua disposição à organização horizontal e sua transparência são novas formas de pratica política que querem superar o pântano político da reconstrução democrática e com uma nova subjetividade acreditam que outro Chile é possível com a participação e o concurso de todos.
Essa geração tem demonstrado que a luta política por mudar o sistema é possível além de necessária, e que pode ser um ponto articulador de um movimento capaz de recolher as diferentes expressões sociais que visem mudar a sociedade. Isso porque o movimento estudantil tem demonstrado a urgência de falar de questões mais gerais que requerem uma nova distribuição da riqueza.
Uma questão nova é que o movimento tem devolvido a alegria á vida popular chilena, lembrando que a luta social e política deve ser uma festa da justiça e a liberdade.
É a agitação social contra o modelo chileno que tem chegado finalmente e tomara que a crise econômica não faça a juventude do Chile perder a grande oportunidade que abriu após 37 anos: “Abrir las grandes alamedas”…
2011-08-17 » marcelodurao
17 agosto 2011 @ 10:58
[…] Estudantes chilenos saem às ruas […]
19 agosto 2011 @ 12:20
Agradeço a notícia, sou Chilena e moro no Rio de Janeiro e adorei a reportagem e as fotografias. Muito grata e força Chile!
Além, é um processo geral, em Mexico foi uma luta de um ano de movilizações estudianteis que acabaram por concretar a educação pública nesse país, em Argentina foram seis meses de luta estudiantil, também deu certo. Em Nicaragua foi um ano e meio e agora Chile, bom, Força America Latina!
.