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Site do boletim do MST do Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, 1o de maio tem ato junto às favelas da Maré e Manguinhos

sábado 3 maio 2014 - Filed under Notícias do Rio

por Alan Tygel, do Boletim MST RJ

IMG_0587Movimentos sociais e partidos políticos reunidos na Plenária dos Movimentos Sociais realizaram neste 1o de maio um ato em lembrança ao Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras. Cerca de 300 pessoas marcharam na Avenida Brasil, da entrada favela da Maré até Manguinhos. O objetivo este ano foi chamar a atenção para o processo de escalada da violência do Estado, operada sobretudo dentro das favelas pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). O exército também tem contribuído com o quadro desde de que 1500 soldados invadiram a favela da Maré no início de abril.

De acordo Marcelo Durão, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, as pautas do primeiro de maio são as demandas históricas da classe trabalhadora. “Moradia, saúde, educação, condições dignas de sobrevivência na cidade e reforma agrária. O Rio de Janeiro está vivendo um exemplo de um novo modelo de cidade, altamente capitalizada e que exclui os trabalhadores. O trabalhador hoje no máximo vai trabalhar e volta. Ele não tem mais condições de viver na cidade. As praças são bloqueadas, estar na cidade está cada vez mais difícil. Passamos mais tempo no transporte do que no trabalho ou em casa.”

Segundo ele, a questão agrária está fortemente ligada aos problemas vividos na cidade: “A dificuldade de se ter gente no campo, a concentração da população nos grandes centros urbanos, e a não realização da reforma agrária estão intrinsecamente ligados. A Reforma Agrária poderia, além de desconcentrar, trazer melhores condições de vida, sobretudo através da produção de alimentos saudáveis produzidos em harmonia com o meio-ambiente.”

IMG_0605Durão explica que a escolha do local do ato não foi por acaso. “Esse ato hoje é uma forma de nos aproximarmos das favelas que estão sofrendo essa opressão hoje. É muito importante trazermos a favela para juntos dos movimentos sociais e partidos para reivindicar as pautas da própria sobrevivência. Lutamos contra a opressão das favelas. A presença da polícia no Rio nas favelas através da UPP está trazendo um fascismo perceptível, toda hora temos trabalhadores sendo assassinados com a justificativa da pacificação.”

Gizele Martins, jornalista e diretora Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, concorda com a importância da manifestação ocorrer em frente à Maré: “É importante saber que os movimentos sociais estão atentos às pautas das favelas. Hoje tem se intensificado a criminalização e controle da favela. E esse primeiro de maio aqui mostra que nós não estamos sós. É bom estarmos unidos não só pela pauta da segurança pública, mas por outras pautas também, como a cultura, a moradia, a reforma agrária. Que bom que estamos aqui juntos protestando com o extermínio dos pobres que está acontecendo todos os dias na favela, contra a invasão militar que está acontecendo nas nossas favelas.”, afirma Gizele, nascida e criada na Maré.

Perguntada sobre a Copa do Mundo, ela diz ter certeza de que as coisas só vão piorar. “Nossos governantes querem mostrar que no Rio de Janeiro está tudo bem controlado, que pode receber os gringos, mas não está. Não temos nada a comemorar. Temos é que resistir.”

No aniversário de 50 anos do Golpe Civil Militar no Brasil o complexo de favelas da Maré foi invadido pelo polícia militar, e posteriormente pelo exército. Os moradores publicaram um manifesto denunciando a violência policial e as ameaças que vinham sofrendo: “Nós, moradores que estamos envolvidos com a luta pelos direitos humanos fundamentais dos cidadãos que vivem em favelas, estamos colocando esforços para denunciar estes muitos casos de abuso que estão acontecendo com nossos familiares e vizinhos.”

Policiais militares acompanharam o ato à distância, e um helicóptero sobrevoou o local seguidas vezes. O trânsito da pista lateral da Av. Brasil foi desviado para a passagem dos manifestantes, e não houve nenhum registro confronto com a polícia.

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Produtos da Reforma Agrária à Venda!

quinta-feira 1 maio 2014 - Filed under Notícias do MST Rio

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Não conseguiu comprar da última vez? Já comeu todo o doce de leite? Agora você pode comprar os laticínios Terra Viva diretamente no escritório estadual do MST.

Endereço: Av. Pres. Vargas, 502 7o andar

Horário: 9h às 18h.

Telefone: 2263-8517

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Prefeitura tenta enganar, mas Sem Teto não arredam pé: “Vamos ficar aqui até ter resposta. O povo quer casa!”

terça-feira 15 abril 2014 - Filed under Notícias do Rio

Funcionários da prefeitura oferecem como proposta um cadastro como este da foto. Nele, o declarante é obrigado a dizer que ocupou o “prédio da empresa de telefonia Oi”, e recebe uma garantia vaga de algum dia, receber uma moradia. O relato do atendimento chega a ser cômico.

do Boletim do MST-RJ

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– Onde você mora?

– Não tenho casa, senhora.

– Quanto a senhora paga de aluguel?

– Não tenho casa, senhora.

– Quantas pessoas moram na sua casa?

– Senhora, eu já disse que eu não tenho casa.

Após o cadastro:

– A senhora já pode voltar para casa, e nós entraremos em contato.

– Senhora, qual parte do “eu não tenho casa” você não entendeu? E como a senhora vai entrar em contato comigo se não pegou meu telefone?

* * *

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Ontem à noite, os Sem Teto não puderam dormir. Os carros de polícia ligavam a sirene toda hora. As crianças não tinham como dormir, ainda em frente à prefeitura. Nessa hora eles já haviam sido expulsos da passarela pelo choque. Eles disseram: “ou vocês descem ou vão descer rolando”.

Os advogados foram conversar com o comandante, que disse que iria acordar todo mundo às 5:00h. E foi isso que eles fizeram. E deram 10 minutos que as pessoas saíssem da frente da prefeitura. Ou saiam, ou iam receber do choque e da GM o tratamento que a gente já conhece.

As pessoas então foram para debaixo da marquise antes da prefeitura, entre os Bancos Bradesco e do Brasil, que nem abriu hoje, porque ficaram com medo. O número de doações hoje foi bem abaixo do necessário. Mais cedo um garoto foi atropelado, voou longe, quebrou a mandíbula, a clavícula, e tinha poça de sangue enorme. Os guardas tentaram estancar o sangue mas era impossível. Os bombeiros chegaram rápido, mas ele foi pro Souza Aguiar e faleceu. O nome dele é Fernando, e ele era de Manguinhos.

A prefeitura marcou uma reunião em Bonsucesso, sendo que a Secretaria de Habitação é na Cidade Nova. A reunião não teve resultado, e os moradores que já estavam revoltados e com fome, desde de manhã. Um garoto foi preso, morador de Manguinhos, por roubar balas de uma loja.

Se o delegado fosse razoável, já teria soltado ele. Mas ele está levando em consideração as questões políticas. Um advogado entrou e foi falar com o menino, e falou que ele tinha o direito de permanecer em silêncio. E aí o delegado falou: “Advogado não fala dentro da minha delegacia.” Tipificou como roubo qualificado, e disse para o advogado que era uma questão pessoal, ou seja, o delegado está descontando no garoto de 20 anos uma questão dele com o advogado.

* * *

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* * *

– O que vocês vão fazer agora?

– Vamos ficar aqui esperando uma resposta né? Porque por enquanto, essa aqui tá sendo nossa moradia. Isso é o que a prefeitura nos proporciona. Isso é o que a prefeitura proporciona pra população brasileira.

– Porque vocês acham que isso tá acontecendo?

– É o descaso das autoridades. Descaso, descaso. Eles não querem dar nada pra gente. Não quer pagar, não quer dar uma moradia pra gente, digna, porque nós merece. Educação, saúde, uma moradia, o direito que o pobre, eles não tão dando esse direito pra gente. Só querem dar porrada na gente. As autoridades que vem pro nosso país pensam que o Brasil é feito de futebol, de Copa, de carnaval, de festa, entendeu, de Maracanã… Mas a verdadeira população somos nós, nós que pagamos os maiores impostos. Porque o rico sonega. Tá entendendo? Mas eles não veem isso, entendeu? Pra eles nós somos apenas a minoria. Mas eles estão enganados. Porque o povo vai resistir. O povo não tem pra onde ir mesmo. Até porque nós nem tínhamos pra onde ir, e abrigo nós não vamos aceitar. Nós morávamos num barraco lá, que era madeira, era ruim, mas era nosso. Entendeu? Tiraram assim, de uma forma sem nenhuma estrutura, sem negociar nada.

– Você estava lá no dia?

– Eu estava lá no dia da invasão. Foi horrível, foi horrível, foi horrível… A minha comadre deram três cacetadas na perna dela, porque ela voltou pra pegar a filha, entendeu? Jogaram ela da escada, foi horrível, foi horrível. Comigo graças a Deus, o que me atingiu muito foi spray de pimenta e o gás né, mas espancamento não. Mas eu ví muitas pessoas sendo espancadas, mal tratadas, jornalistas. Pegaram as pessoas que estava querendo mostrar o que estava acontecendo com a gente, eu assisti também, jornalista tendo seus materiais e seus equipamentos quebrados. pisoteados, porque queriam mostrar a realidade do Brasil, que eles querem esconder.

– Vocês vão ficar aqui até quando?

– Até eles resolverem nossa casa. Me dar uma moradia. Que eu não tenho onde ficar, meu filho tá na casa da minha sogra, eu não posso morar em de sogra, eu não tenho casa. To nessa situação aqui, eu e minha mulher. Vamos ficar aqui até ter resposta. O povo não vai desistir. O povo quer casa!

* * *

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* * *

– A frase que eu mais escutei aqui foi “Tiro, porrada e bomba.”

– Minha filha quase morreu queimada. A gente morava no segundo andar, tava tudo escuro, eu não enxerguei eles, vierem no corredor – HU-HU-HU, e eu, que isso? Quando olhei só vejo fogo, me arranhei todinha, graças a Deus minha filha não se machucou. Minha filha com um ano. Morando dentro do barraco, eles chegaram tacando fogo, batendo nos outros.

– Eles tacaram fogo com vocês dentro do barraco?

– Com todo mundo, derrubaram os barracos com morador dormindo debaixo, é mentira? Claro que não. Eles derrubaram os barracos com todo mundo dormindo embaixo. Eles foram lá agredir nós sem nós convidar eles. Ainda pediram café da manhã. Pegaram minhas mercadorias todas que nós tinha lá pra montar o barraquinho, pra ganhar o pão de cada dia. E tudo que sobrou, eles comeram e beberam. Tudo que sobrou da minha tá aqui comigo ó (mostra um colchonete e uma mochila).

– Da minha não sobrou nada. Foi tudo queimado. Só a única coisa que sobrou (tira uma identidade de dentro da blusa) foi meu documento, mesmo assim porque estava comigo.

– Por que é que vocês foram para a ocupação?

– Porque a gente não tem onde ficar. Nós não temos onde ficar. Se a gente tivesse onde ficar não tava dormindo aqui na rua. Se nós tivéssemos pelo menos um emprego decente, um emprego digno, que pagasse um salário decente pra nós podermos pagar um aluguel, entendeu, mas eu acho que o Brasil é um país muito rico, não tem necessidade de ninguém viver de aluguel.

– Quanto é um aluguel onde você morava?

– Ah, um aluguel de uma quitinete lá tá por volta de R$350. E pra quem ganha um salário como a gente tem, como nós vamos pagar aluguel, material escolar pro filho, alimento pra dentro de casa, luz, é muita coisa, é muita coisa e pouca opção. Nós não temos opções. O Brasil tá criando marginais, cara. O Brasil tá criando marginais. Olha o que eles estão fazendo com a população.

 

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“Mataram a gente com tiro porrada e bomba”

segunda-feira 14 abril 2014 - Filed under Notícias do Rio

Entrevista hoje, por volta de 9:00h, em frente à prefeitura, debaixo de muita chuva, com 5 moradores da favela da Telerj. É impossível conversar com uma pessoa, todo mundo quer falar.

do Boletim do MST-RJ

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– Carro de som: Alguém acredita nessa prefeitura gente?

– Não!

– Carro de som: O que eles fizeram com a gente na sexta-feira?

– Mataram a gente com tiro porrada e bomba! Spray de Pimenta! Massacre, massacre, massacre! Foi massacre mesmo, foi foda. Tipo Carandirú. Botaram fogo no nosso barraco. Roubaram nossas madeiras. Foi horrível, massacre mesmo, geral. Coisa de terror. Pegaram a gente quatro horas da manhã lá moço!

– Vocês estavam dormindo?

– Dormindo não né, quem é que vai dormir num lugar daquele? Eles disseram que entraram na calma, na calma nada! Se fosse na calma não tinha acontecido isso não. Jogaram muita bomba, tomei leite dois dias pra coisar a bomba de pimenta (apontando para o pulmão). Aqui a bomba aqui (aponta um ferimento na canela). A gente dormiu lá desde o começo. Sol quente, sem luz, sem água, bicho, inseto, tudo, para agora ficar assim? Tem que dar uma solução na vida da gente. Tiroteio, tavam atirando bala de verdade mesmo. Meu colega pegou uma mão de cápsula de bala. Bala de verdade, não era de borracha não.

– O que vocês estão pedindo aqui?

– Nós quer casa! Nós quer casa para morar, só queremos casa, nem que eles deixassem a gente no mesmo local que a gente estava. Pelo menos tinha um barraco pra morar. Entendeu? Aí quer dar abrigo, não! É Minha Casa Minha Vida, pra ser sorteado, não, oxe! Não adianta não. Pelo menos se tivesse deixado a gente lá no barraco… Não, oxe… Acordaram a gente na porrada, derrubando tudo na porrada lá dentro. Disseram que entrou na calma, na calma nada, é porque a imprensa não mostra o que eles fizeram. Disseram na televisão que morreram quatro? Não! Morreram quatro crianças, tá tudo escondido. Quatro crianças, um homem, e uma senhora. Uma senhora de idade. Toda pisoteada. Isso não foi pra midia. Não foi pra mídia, morreram quatro crianças, uma senhora, e teve um rapaz que está sem visão por causa de bala de borracha. Foi bala de borracha, e eles tavam dando bala de verdade também. A gente ficou tudo ilhado lá dentro.

– Por que vocês foram para ocupação?

– Ué? Porque não tem onde morar. A gente queria moradia… A gente mora de aluguel, o salário é pouco, entendeu? Depois que entrou as UPP na favela, a gente paga 400, 500, 600 reais de alguel. Eu ganho 800 reais, só de desconto é R$300, o aluguel é R$350, eu fico só com R$250 pra manter tudo, manter a casa. Isso dentro da favela, em Manguinhos. O aluguel tá altíssimo, tudo alto, alimento alto. O gás é R$52, aí já sobram só R$200. Aí o que acontece, pra mim fazer a compra, eu tenho 3 filhos, o pai do meus filhos não me dá nada, aí o que acontece, só o quilo de feijão tá R$4. R$4 o quilo de feijão. 5 quilos de arroz tá R$11 o mais barata. O que acontece, a gente não vive, a gente só pede pra comer. O dinheiro mal dá pra comer. Aí quando chega as eleições, eles chegam na nossa porta, com cesta básica, vamos fazer isso, aquilo. Aí chega na hora e não faz, só faz melhoria na Zona Sul, na Barra.

– Por que vocês acham que isso tudo está acontecendo?

– É culpa do governo mesmo. Eles tão preocupado com a Copa, gastam milhões em estádio, roubaram milhões em estádios, eles botam dinheiro na cueca. Quem é vítima? O morador da favela. Eles recebem muito bem, usam nosso dinheiro pra ficar em hotel de luxo, cinco estrelas, se tiver algum reporter, vou falar, botar a boca no trombone mesmo. Eles ficam de jatinho, carros luxuosos, tudo com nosso dinheiro. Tudo com nosso dinheiro! Tudo! A gente ainda tem que vir de ônibus lotado! Na passeata que teve, eles disseram que iam aumentar o preço do ônibus, mas iam botar ar-condicionado em tudo. Não foi colocado ar-condicionado em nenhum ônibus!

– Você estava na passeata de junho?

– Estava na passeata. Enquanto tiver passeata requerendo nossos direitos eu vou estar, porque eu acho que o que o governo faz com a comunidade é um abuso, com os pobre, porque é só os pobres que sofrem. Os ricos tão lá comendo, bebendo, na maré-mansa, na piscina, indo no restaurante, tudo é com o nosso dinheiro. E eles nunca dá nada pra gente. Não tamo roubando ninguém, não tamo querendo confusão. Só queremos nosso direito a moradia, a gente não pede nada além disso. Nada além disso.

 

 

 

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Prefeitura não oferece solução e Sem Teto marcam ato amanhã às 8:00h

domingo 13 abril 2014 - Filed under Notícias do Rio

Moradores removidos da favela da Telerj não aceitam cadastro e vão se mobilizar por moradia nesta segunda, às 8:00, em frente à Prefeitura. No momento, doações são fundamentais

do Boletim do MST-RJ

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Acampados em frente à prefeitura desde a última sexta-feira, quando foram violentamente removidos da favela da Telerj, Sem Teto estão sobrevivendo como podem: “O que temos hoje aqui são as doações. Nem o banheiro químico deixaram botar”, conta Perla, uma das lideranças da ocupação.

Perguntada sobre como foi a desocupação, Perla indaga: “O massacre? Foi horrível. Eles chegaram destruindo tudo, sem direito a dialogar, sem conversa, não deixaram a gente tirar as crianças, os pertences. Perdemos tudo. Um dia antes, eles prometeram que ia ter o Ministério Público, assistente social, direitos humanos, conselho tutelar, mas não teve nada disso. O choque já veio, com tiro porrada e bomba. Quebrou com retroescavadeira por trás, e cercaram pela frente.

Perla revelou a frieza dos policiais: “Até cantos eles tinham. Diziam: ‘Sai! Vai sair por bem ou por mal!’ Começamos a gritar: ‘queremos moradia’, eles batiam no escudo e diziam ‘Vai trabalhar, vai trabalhar’. E foram botando todo mundo pra fora, jogando spray de pimenta. Barraco eles iam quebrando com o pé, com criança dormindo dentro. As crianças se intoxicaram, a gente disse que tinha criança ferida, não deixaram ninguém socorrer. Não deixaram a gente pegar nada, foi um massacre. O helicóptero vinha baixinho e jogava bomba também. Foi o caos.”

Hoje pela manhã uma comissão foi recebida na prefeitura: “Ofereceram um cadastro pelo CRAS ou pela internet, para gente esperar 10 anos pelo Minha Casa Minha Vida. E queriam nos levar para o abrigo, que disseram não ter vaga para todos.”

Perla explica a demanda dos Sem Teto: “Nós queremos moradia digna. Tantos prédios vazios que eles contruíram com dinheiro da gente, porque não podem dar moradia para o povo?”

Perguntada pela motivo de tanta violência, ela não titubeia: “Isso está acontecendo por causa da Copa. O pobre é lixo pra eles. O que vale é a reunião que ele vão ter amanhã da Copa, com gente de fora. Nós que estávamos lá dentro, a gente não serve pra nada. Só pra pagar imposto pra eles. Ninguém apareceu nem para saber se as crianças estavam bebendo água. Nunca foram lá pra negociar, só pra botar para fora.”

Ela e todas ocupação convocaram para o ato: “Amanhã faremos um protesto pacífico às 8:00h, aqui em frente à Prefeitura. Queremos parar o Rio de Janeiro para eles olharem para o pobre, para o favelado. Jogaram a gente na rua como um lixo, sem direito a nada.”

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Venda de Produtos da Reforma Agrária – Doce de leite, creme de leite, achocolatado e leite condensado

terça-feira 8 abril 2014 - Filed under Notícias do MST Rio


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Companheiras e Companheiros,

Durante esta semana, o MST-RJ realizará uma venda especial dos produtos da Reforma Agrária. São laticínios da Cooperoeste (PR), da marca Terra Viva, que estiveram em nossa VI Feira da Reforma Agrária, no ano passado.

Estão à venda Doce de Leite, Creme de Leite, Achocolatado e Leite Condensado.

Para comprar, o procedimento é:
1) Faça seu pedido aqui: http://e.eita.org.br/produtosdareformaagraria até o dia 10 de abril.
2) Escolha as quantidade de cada produto, e a forma de pagamento. O pedido mínimo é de R$20,00.
3) Busque o pedido no dia 14/04, de 10 as 17h, no Escritório do MST – Avenida Presidente Vargas, 502/7o andar.
4) Caso tenha escolhido depósito em conta corrente, a conta é:

Banco do Brasil
Agência:4686-8
Conta:204021-2
Nome: MARCELO DURAO F OLIVEIRA

Leve o comprovante de pagamento. Caso tenha escolhido dinheiro, se possível, leve trocado.

Atenciosamente,
Setor de Produção / MST-RJ

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Boletim do MST – Especial do 50 anos do Golpe

quarta-feira 2 abril 2014 - Filed under Boletins

Caso na consiga visualizar corretamente, clique aqui: http://boletimmstrj.mst.org.br/boletim-do-mst-especial-do-50-anos-do-golpe/

Boletim do MST – Especial 50 anos do golpe – 2 de abril de 2014

Para rememorar os 50 anos do golpe civil-militar, a Página do MST traz uma série de artigos, entrevistas e matérias ao longo dessa semana, que relacionam o papel da Reforma Agrária e das lutas sociais do campo em torno do golpe de 1964. Veja a seguir alguns deles:

Dênis de Moraes: Reforma Agrária foi o que mais preocupou as classes dominantes

“Goulart apontou reformas de base em várias áreas, mas uma das que mais preocupava as classes dominantes eram as medidas em relação à Reforma Agrária e as grandes linhas para o desdobramento da democratização do campo”. Em entrevista à Página do MST, Dênis de Moraes analisa o papel das lutas sociais no campo durante o governo Goulart, no período da ditadura militar e a diferença na luta pela terra daquele período com as de hoje.

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Reforma Agrária e o Golpe de 1964: imaginar o passado para projetar o futuro

A paisagem monótona aos lados da maioria das estradas brasileiras, marcada pela monocultura de commodities agrícolas, com quase nada de vegetação nativa, amplos desertos verdes monocromáticos desprovidos de gente, poderia ser diferente se há 50 anos o destino do país não fosse golpeado por uma ditadura civil militar.

Hoje, não seríamos o país recordista em consumo de agrotóxico por cidadão, mais de 5,5 litros por ano. Certamente, também não estaríamos na vergonhosa posição de um dos países mais desiguais em termos de renda e distribuição de terras, nem deveríamos ser a quarta maior população carcerária do planeta.

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José Porfírio de Souza e a resistência camponesa contra a ditadura

José Porfírio de Souza foi um militante camponês que participou de revoltas no interior de Goiás, em Trobas e Formoso na década de 1950. Com o Golpe Civil-Militar de 1964, teve que entrar na clandestinidade.

Após denúncias de fazendeiros, foi capturado e torturado. Ao ser liberado, teve um encontro com sua advogada e, logo em seguida, desapareceu. Até hoje sua família luta para resgatar seus restos mortais.

Leia mais…

A política de ocupação militar na amazônia e o medo da Reforma Agrária

O ambiente político se radicalizou, pois o presidente João Goulart prometia fazer as reformas de base “na lei ou na marra”. Quando o golpe de estado aconteceu em 1964, as principais lideranças políticas do Pará, o então governador Aurélio do Carmo e o prefeito de Belém, Moura Carvalho, não estavam em território amazônico. Estavam no Rio de Janeiro, que a rigor ainda funcionava como centro político, onde ocorria a reunião do Partido Social Democrata (PSD).

Até a década de 60, o Brasil desconhecia a região amazônica. A primeira “grande” política foi a realização do processo de colonização da região por meio de grandes projetos, organizados pelo primeiro presidente da ditadura, o general Castelo Branco.

O Pará, pelo seu potencial energético e mineral, passou a ser foco de atenção. Os planos de desenvolvimento a todo custo para a região amazônica faziam parte da ideologia da ditadura militar, para preservar e legitimar o próprio regime.

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Ato em Brasília pede revisão do número de vítimas da ditadura no campo

O reconhecimento dos 1196 camponeses assassinados entre 1964 e 1989 como vítimas da ditadura e a devida punição dos culpados foram as principais reivindicações que os camponeses brasileiros, liderados pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), levaram às ruas de Brasília, nesta segunda (31), véspera da data que marca os 50 anos do golpe que deu início à ditadura civil-militar.

Em ato simbólico, militantes do movimento cravaram no gramado do Congresso Nacional 1.196 cruzes, representando as vítimas já identificadas por estudos preliminares, e queimaram bonecos batizados com os nomes dos torturadores mais conhecidos do regime, como os coronéis Brilhante Ustra, diretor do Doi-Codi de São Paulo entre 1970 e 1974, e o major Sebastião Curió, que atuou na repressão à Guerrilha do Araguaia.

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Veja ainda:

Jornada da Juventude denuncia os 50 anos do Golpe Militar no Ceará

Movimentos homenageiam lutadores e mudam placas de avenidas em MS

Movimentos sociais escracham coronel Brilhante Ustra, em Brasília

Ditadura militar foi responsável por matar 2 mil indígenas na Amazônia

Quem lucrou com a ditadura? Investigação pretende descobrir

A Reforma Agrária no Discurso de João Goulart, em 13 de março de 1964

“A reforma agrária só prejudica uma minoria de insensíveis, que deseja manter o povo escravo e a nação submetida a um miserável padrão de vida.”

“Trabalhadores, acabei de assinar o decreto da Supra. Assinei-o, meus patrícios, com o pensamento voltado para a tragédia do irmão brasileiro que sofre no interior de nossa pátria. Ainda não é aquela reforma agrária pela qual lutamos. Ainda não é a reformulação do nosso panorama rural empobrecido. Ainda não é a carta de alforria do camponês abandonado. Mas é o primeiro passo: uma porta que se abre à solução definitiva do problema agrário brasileiro.

O que se pretende com o decreto que considera de interesse social, para efeito de desapropriação, as terras que ladeiam eixos rodoviários, leitos de ferrovias, açudes públicos federais, e terras beneficiadas por obras de saneamento da União, é tornar produtivas áreas inexploradas ou subtilizadas, ainda submetidas a um comércio especulativo, odioso e intolerável.

Não é justo que o benefício de uma estrada, de um açude ou de uma obra de saneamento vá servir aos interesses dos especuladores de terra, que se apoderam das margens das estradas e dos açudes. A Rio-Bahia, por exemplo, que custou 70 bilhões de dinheiro do povo, não deve beneficiar os latifundiários, pela multiplicação do valor de suas propriedades, mas sim do povo.

Não o podemos fazer, por enquanto, trabalhadores, como é de prática corrente em todos os países do mundo civilizado: pagar a desapropriação de terras abandonadas em títulos da dívida pública e a longo prazo.

Reforma Agrária com pagamento prévio do latifúndio improdutivo, à vista e em dinheiro, não é reforma agrária. Reforma agrária, como consagrado na Constituição, com pagamento prévio e a dinheiro é negócio agrário, que interessa apenas ao latifundiário, radicalmente oposto aos interesses do povo brasileiro. Por isso de decreto da Supra não é a reforma agrária.

Sem reforma constitucional, trabalhadores, não há reforma agrária autêntica. Sem emendar a Constituição, que tem acima dela o povo, poderemos ter leis agrárias honestas e bem intencionadas, mas nenhuma delas capaz de modificações estruturais profundas.

Graças à colaboração patriótica e técnica das nossas gloriosas Forças Armadas, em convênios realizados com a Supra, graças a essa colaboração, meus patrícios, espero que dentro de menos de 60 dias já comecem a ser divididos os latifúndios das beiras das estradas, os latifúndios ao lado das ferrovias e dos açudes construídos com o dinheiro do povo, ao lado das obras de saneamento realizadas com o sacrifício da Nação. E, feito isto, os trabalhadores do campo já poderão, então, ver concretizada, embora em parte, a sua mais sentida e justa reivindicação, aquela que lhes dará um pedaço de terra para cultivar. Aí, então, o trabalhador e sua família irão trabalhar para si próprios, porque até aqui eles trabalharam para o dono da terra, a quem entregam, como aluguel, metade de sua produção. E não se diga, trabalhadores, que há meio de se fazer à reforma sem mexer a fundo na Constituição. Em todos os países civilizados do mundo já foi suprido do texto constitucional aquela parte que obriga a desapropriação por interesse social, a pagamento prévio, a pagamento em dinheiro.

No Japão de pós-guerra, há 20 anos, ainda ocupado pelas forças aliadas vitoriosas, sob o patrocínio do comando vencedor, foram distribuídos dois milhões e meio de hectares das melhores terras do país, com indenizações pagas em bônus com 24 anos de prazo, juros de 3,65% ao ano. E quem é que se lembrou de chamar o general Macarthur de subversivo ou extremista?

Na Itália, ocidental e democrática, foram distribuídos um milhão de hectares, em números redondos, na primeira fase de uma reforma agrária cristã e pacífica iniciada há 15 anos. Cento e cinquenta mil famílias foram beneficiadas.

No México, durante os anos de 1932 a 1945, foram distribuídas 30 milhões de hectares, com pagamento das indenizações em títulos da dívida pública, 20 anos de prazo, juros de 5% ao ano, e desapropriação dos latifúndios com base no valor fiscal.

Na Índia foram promulgadas leis que determinam a abolição da grande propriedade mal aproveitada, transferindo as terras para os camponeses. Essas leis abrangem cerca de 68 milhões de hectares, ou seja, a metade da área cultivada da Índia.

Portanto, não existe argumento capaz de poder afirmar que no Brasil, uma nação jovem, que se projeta para o futuro, não se possa também fazer a reforma da Constituição para a reforma agrária autêntica e verdadeira.

A reforma agrária não é capricho de um governo ou programa de um partido. É produto da inadiável necessidade de todos os povos do mundo. Aqui, no Brasil, constitui a legenda mais viva da esperança do nosso povo, sobretudo daqueles que labutam no campo. A reforma agrária é também uma imposição progressista do mercado interno, que necessita aumentar a sua produção para sobreviver.

Os tecidos e os sapatos sobram nas prateleiras das lojas e as nossas fábricas estão produzindo muito abaixo de sua capacidade. Ao mesmo tempo em que isso acontece, as nossas populações mais pobres vestem farrapos e andam descalças, porque não têm dinheiro para comprar.
Assim, a reforma agrária é indispensável, não só para aumentar o nível de vida do homem do campo, mas, também, para dar mais trabalho às indústrias e melhor remuneração ao trabalhador urbano.

Interessa, por isso, também a todos os industriais e aos comerciantes. A reforma agrária é necessária, enfim, à nossa vida social e econômica, para que o país possa progredir, em sua indústria, e no bem-estar do seu povo.

Como garantir o direito de propriedade autêntica quando, dos 15 milhões de brasileiros que trabalham a terra, no Brasil, apenas dois milhões e meio são proprietários?

O que estamos pretendendo fazer no Brasil, pelo caminho da reforma agrária, não é diferente, pois, do que se fez em todos os países desenvolvidos do mundo. É uma etapa de progresso que precisamos conquistar e haveremos de conquistar.

Esta manifestação deslumbrante que presenciamos é um testemunho vivo de que a reforma agrária será conquistada para o povo brasileiro. O próprio custo da produção, trabalhadores, o próprio custo dos gêneros alimentícios está diretamente subordinado às relações entre o homem e a terra. Num país em que se paga aluguéis da terra que sobem a mais de 50% da produção obtida daquela terra, não pode haver gêneros baratos, não pode haver tranqüilidade social. No meu estado, por exemplo, o estado do deputado Leonel Brizola, 65% da produção de arroz é obtida em terras alugadas e o arrendamento ascende a mais de 55% do valor da produção. O que ocorre no Rio Grande é que um arrendatário de terras para o plantio de arroz paga, em cada ano, o valor total da terra que ele trabalhou para o proprietário. Esse inquilino rural desumano e medieval é o grande responsável pela produção insuficiente e cara que torna insuportável o custo de vida para as classes populares em nosso país.

A reforma agrária só prejudica uma minoria de insensíveis, que deseja manter o povo escravo e a nação submetida a um miserável padrão de vida.

E é claro, trabalhadores, que só se pode iniciar uma reforma agrária em terras economicamente aproveitáveis. É claro que não poderíamos começar a reforma agrária, para atender os anseios do povo, nos estados do Amazonas ou do Pará. A reforma agrária deve ser iniciada nas terras mais valorizadas e ao lado dos grandes centros de consumo, com transporte fácil para o seu escoamento.”

Leia o discurso completo

 ::  Share or discuss  ::  2014-04-02  ::  alantygel

Coletivo investiga empresas no regime militar e provoca: “Quem lucrou com a ditadura?”

quinta-feira 27 março 2014 - Filed under Notícias do Rio

Pesquisa pretende revelar empresas que se beneficiaram de ilegalmente durante a ditadura civil-militar no Brasil

do Boletim do MST-RJ

Investigar a atuação dos grandes grupos econômicos durante o regime ditatorial no brasileiro e suas continuidades até o presente. Este é o objetivo central do Coletivo Mais Verdade, que realizou ontem (27) no Salão Nobre do IFCS uma cerimônia de lançamento em que apresentou seus objetivos e linhas de pesquisa.

Formado por diversos pesquisadores/as ligados a universidades e organização sociais, o Coletivo Mais Verdade pretende estabelecer um detalhado banco de dados, cruzando informações sobre empresas, organizações sem fins de lucro e órgãos e agentes públicos a partir de 1964. O ponto de partida do trabalho é a obra de René Dreifuss “1964, a conquista do Estado.”

A atividade de lançamento foi coordenada por Luiz Mario Behnken, do Instituto Mais Democracia, Renato Lemos (UFRJ) e Vírgínia Fontes (Fiocruz). Estiveram presentes diversas organizações que demonstraram interesse na proposta e se dispuseram a contribuir com que o fosse necessário. Dentre elas, o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, o Comitê Popular da Copa, os DCEs da UFRJ e da Unirio, o Grupo Tortura Nunca Mais, o PACS (Políticas Alternativas para o cone sul), a Comissão Estadual da Verdade, a secretaria de direitos humanos da OAB, sindicato dos petroleiros, entre outras. Também a Comissão da Verdade do ANDES-SN enviou saudação reconhecendo a importância da pesquisa.

Marcelo Durão, militante do MST no Rio Janeiro, ressaltou o estrago feito pela ditadura na organização dos camponeses, e a coincidência do período da ditadura com a chegada da revolução verde no Brasil. Neste período, vieram as empresas de adubos, venenos e sementes, que se beneficiaram da politica de créditos agrícola. Durão finalizou com um apelo: “Que este não seja apenas mais um fórum de debates, mas que possibilite ações concretas para acabar com os resquícios da ditadura, como a polícia militar.”

Dentre as diversas linhas de pesquisa do coletivo, encontram-se o papel do BNDES no financiamento de determinados grupos econômicos, o complexo industrial-militar, o caso Globo, o caso das empresas de energia como a Light, além das relações entre os EUA e a ditadura, especialmente dos empresários e entidades privadas transnacionais.

A próxima atividade do coletivo será no dia 20 de maio, na UERJ, para discutir a relação entre a ditadura e as empreiteiras, que a exemplo de Odebrecht, Camargo Correa e Andrade Gutierrez, se tornaram mega conglomerados que atuam internacionalmente, explorando trabalhadores e riquezas naturais na América Latina e na África. Será debatida a tese do professor Pedro Campo, da UFRRJ, e as pesquisas recentes do Instituto Mais Democracia em relação às empreiteiras hoje, representada aqui pelo professor João Roberto Lopes Pinto, da Unirio.

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RJ marcha pelo fim da violência contra as mulheres

segunda-feira 10 março 2014 - Filed under Notícias do Rio

Dia Internacional de Luta das Mulheres é celebrado pelas mulheres nas ruas da Lapa com um arrastão carnavalesco. Mulheres do MST recebem homenagem do grupo Samba Brilha. 

por Alan Tygel e Vanessa Ramos, do MST


Dia Internacional de Luta das Mulheres - Foto: Alan Tygel
Mais do que lembrar o Dia Internacional das Mulheres, o 8 de março foi marcado por representações de força e luta. Cerca de 500 mulheres marcharam pelo bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, em torno da mesma pauta: o fim da violência contra as mulheres. O ato reuniu mais de 20 organizações do campo e da cidade, e fez diversas homenagens às Garis, que no fim do dia encerraram sua histórica greve que marcou o carnaval carioca.

A escolha da Lapa como ponto de partida da marcha não foi aleatória. De acordo com Maria Luísa Duarte, da Marcha Mundial das Mulheres, a região tem sido palco de constantes violências contra as mulheres como: estupros, assédios e prostituições. “É um espaço central de lutas para a gente, nesse período de Copa do Mundo e de eventos, por isso nós temos realizado ações de conscientização na região desde o ano passado”, explicou Maria.

Na segunda-feira de carnaval, uma jovem de 18 anos foi estuprada e morta na Rocinha, Zona Sul do Rio. Segundo Eleutéria Amora, da Casa das Mulheres Trabalhadoras (Camtra), só no mês de janeiro, cerca de 35 mulheres foram mortas esse ano, vítimas de violência, no Rio. “Nós temos um problema muito sério na política brasileira para as mulheres: elas são ineficazes, insuficientes. O estado do Rio de Janeiro não garante a vida das mulheres. Nós precisamos avançar nessa pauta”, completou.

Cantos e discursos lembraram o altíssimo número de estupros e assassinatos de mulheres no Brasil. No momento mais emocionante, foram lidas histórias de mulheres que perderam a vida por conta do machismo, na maior parte dos casos, vítimas de maridos ou ex-maridos. (Veja as histórias abaixo).

Violência atinge a cidade, mas não deixa de fora mulheres do campo

Dia Internacional de Luta das Mulheres - Foto: Alan Tygel

No entanto, a violência contra as mulheres não é um problema exclusivo da cidade. Infelizmente, ele também está presente no meio rural. “Nós entendemos que temos que estar presentes nessa luta porque ela também representa resistência contra a violência na área rural brasileira. Lugar de mulher é na luta!”, afirmou Elisângela Carvalho, Dirigente Nacional do MST/RJ.

A marcha no dia 8 de março já é um ato tradicional no cenário carioca, e neste ano o MST trouxe estampado num cartaz a cor e a graça de uma mulher que merece ser lembrada: Regina Pinho dos Santos, brutalmente assassinada em fevereiro de 2013, no Assentamento Zumbi dos Palmares, em Campos dos Goytacazes, município da região norte do Rio de Janeiro.

“Ela tinha força e gana. Era uma camponesa que lutava pela Reforma Agrária, pela agroecologia, pela soberania alimentar. Ela era uma Sem Terra”, contou Elisângela, emocionada.

Ainda durante o ato, as mulheres foram alvo de provocações machistas de um grupo pequeno de baderneiros, que precisou ser retirado da marcha. A ação culminou em violência entre homens que apoiavam o ato e os provocadores. Apesar do incidente, a atividade terminou de forma animada com uma grande ciranda em torno dos arcos da Lapa.

Homenagens

Dia Internacional de Luta das Mulheres - Foto: Alan Tygel

Após a manifestação, o grupo Samba Brilha homenageou movimentos que promovem a luta pelos direitos das mulheres, como a Camtra, o Sindicato de Jornalistas Profissionais de Rio de Janeiro, o Movimento Olga Benário, o bloco Maria Vem com as Outras, a RENAFRO, a ABIA, o CISVE e a Rede de Comunidades Conta a Violência.

As mulheres do MST também receberam uma homenagem em nome da militante Nivia Regina da Silva: “O Movimento de Resistência Cultural em Defesa da Preservação da Cinelândia e do Samba de Raiz ‘O Samba Brilha’ presta homenagem especial a todas as mulheres do Movimento da Mulheres Trabalhadores Sem Terra por suas relevantes contribuições para a valorização da cultura popular brasileira através do seu engajamento em diferentes movimentos sociais, porque sempre ‘vamos precisar de todo mundo’.

Veja abaixo o texto lido durante o ato:

No Brasil, uma mulher é agredida a cada 15 segundos a maioria é vítima dos companheiros ou ex-companheiros. Todo dia, 15 mulheres são assassinadas no país, 40% delas por parceiras ou ex-parceiros. Todos os anos são registrados 50 mil casos de estupros. Mas a maioria das mulheres não denuncia as violências sofridas. Somos muito mais que 50 mil. Somos todas!

Dia Internacional de Luta das Mulheres - Foto: Alan Tygel

Meu nome é Rebeca
Tinha 9 anos
Morava na Rocinha
Fui estuprada e estrangulada
Por um homem
Que me tirou de uma festa de aniversário
E me levou para um terreno baldio
Se ser uma menina
é motivo para ser estuprada e assassinada,
Basta de violência contra as mulheres
Somos todas companheiras,
somos todas Rebeca.

Meu nome é Elisa
fui assassinada
meu corpo foi jogado para os cachorros.
Meu ex-namorado é suspeito
Ele não queria pagar a pensão do meu filho.
Se exigir nossos direitos
é motivo para ser assassinada,
Basta de violência contra as mulheres
Somos todas companheiras,
somos todas Elisa.

Meu nome é Eloá.
Tinha 15 anos.
Fui sequestrada e assassinada
pelo meu ex-namorado
Ele não queria o fim do namoro.
Se namorar só com quem nós queremos
é motivo para sermos assassinadas
Basta de violência contra as mulheres

Somos todas livres,
somos todas Eloá.
Meu nome é Paula
Tinha 22 anos
Morava no Andaraí
Fui torturada pelo meu marido
Ele me espancou
Ameaçou matar meus filhos
Me queimou com o ferro de passar
Escreveu seu nome com uma faca nas minhas costas
Disse que me queria bem feia
Para que eu não pudesse ficar com mais ninguém
Se sermos livres
É motivo para sermos marcadas como gado
Basta de violência contra as mulheres
Somos todas livres,
somos todas Paula.

Meu nome é Amanda (fictício)
Tinha 18 anos
Fui estuprada dentro de uma van
Por 4 homens diferentes
Se estar em um transporte público
É motivo para ser estuprada
Basta de violência contra as mulheres
Somos todas companheiras,
somos todas Amanda.

Meu nome é Caroline
Tinha 24 anos
Morava em Rio Claro
Eu e minha irmã fomos assassinada à tiros
Na porta de casa
Pelo meu ex marido
Que não aceitou o fim do relacionamento
Se não querer mais apanhar
Se dizer BASTA!
É motivo para sermos assassinadas
Basta de violência contra as mulheres
Somos todas companheiras,
somos todas Caroline.

Meu nome é Fernanda e Silvia (nome fictício)
Temos 16 anos.
Fomos estupradas por oito homens
músicos da banda new hits.
A juíza nos perguntou
porque aceitamos entrar no ônibus.
Se entrar em um carro
é motivo para sermos estupradas
Basta de violência contra as mulheres
Somos todas companheiras,
somos todas Fernanda e Silvia.

Me nome é Bianca,
Tinha 14 anos,
Fui estuprada e assassinada
por um amigo de meu pai.
Meu corpo ficou escondido na minha própria casa
debaixo da cama do meu assassino.
Se ser adolescente
é motivo para sermos estupradas
Basta de violência contra as mulheres
Somos todas adolescentes,
somos todas Bianca.

Meu nome é Gabriela (fictício)
Fui estuprada no estacionamento da Uerj
O estuprador disse que era pra eu aprender
A gostar de homem
Se sermos bissexuais
É motivo para sermos estupradas
Basta de violência contra as mulheres
Somos todas livres,
somos todas Gabriela.

Meu nome é Mariana (fictício)
Tinha 12 anos
Morava na Barra
Fui estuprada por 3 amigos
Em uma festa
Eles me embebedaram
Filmaram tudo
E colocaram na internet
Se estar vulnerável
É motivo para sermos estupradas
Basta de violência contra as mulheres
Somos todas companheiras,
somos todas Mariana.

Meu nome é Maria da Penha
fui espancada diariamente
pelo meu marido
Ele atirou em mim
Me deixou paraplégica .
Se não querer mais apanhar
Se dizer BASTA
é motivo para sermos perseguidas,
Basta de violência contra as mulheres
Somos todas lutadoras,
somos todas Maria da Penha.

Meu nome é Gleice Oliveira
Tinha 18 anos
Morava na Rocinha
Fui amarrada, estuprada e morta
No banheiro de um bar
Durante o último carnaval
Se querermos nos divertir
E se sair só com quem nós queremos
É motivo para sermos estupradas e mortas
Basta de violência contra as mulheres
Somos todas companheiras,
somos todas Gleice!

MEXEU COM UMA
MEXEU COM TODAS
MEXEU COM UMA
MEXEU COM TODAS
MEXEU COM UMA
MEXEU COM TODAS!

Dia Internacional de Luta das Mulheres - Foto: Alan Tygel

 

 

 

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Boletim 56

sexta-feira 28 fevereiro 2014 - Filed under Boletins

Caso não consiga visualiza o boletim corretamente, acesse http://boletimmstrj.mst.org.br/boletim56Boletim do MST RJ – N. 56 – Fevereiro de 2014

Notícias do MST Rio

 

Depois de 8 anos, Justiça concede assentamento ao MST no RJ

Depois de três anos e meio de muita luta e sofrimento, as 78 famílias do acampamento Osvaldo de Oliveira, em Macaé, poderão passar seu primeiro carnaval sem medo de mais um despejo. Ontem, dia 27 de fevereiro de 2014, o Juiz Eduardo Aidê Bueno de Camargo assinou a imissão da posse da Fazenda Bom Jardim, e com isso poderá ser iniciado o processo de assentamento das famílias. No dia 1o de setembro de 2010, a área já havia sido declarada de interesse social por um decreto assinado pelo ex-presidente Lula, e desde 2012 o INCRA já havia determinado a desapropriação. Desde 2007 não acontecia um assentamento em áreas do MST no estado do Rio de Janeiro.

Comprovando a tese de que a reforma agrária no Brasil só acontece através da luta, os acampados e acampadas do Osvaldo de Oliveira tiveram de ser muito persistentes para alcançar a conquista da terra. O acampamento passou por 4 despejos, sendo um deles muito violento. As 300 famílias que ocuparam a fazenda sofreram um revés 3 meses depois da ação. Policiais deram 30 minutos para que as famílias saíssem, e queimaram todos os barracos em seguida, ainda com pertences dentro. Todos os Sem Terra, incluindo mulheres e crianças, dormiram ao relento até serem acolhidos pela igreja local.

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Notícias do MST Rio

Um carnaval pelo direito à cidade

Não se assuste se você ouvir a marcha “Máscara negra”, do genial Zé Kéti, com uma nova roupagem neste carnaval. Pois é tempo de brincar, pular, namorar e, por que não?, de manter o ritmo da crítica política. As jornadas de junho e os protestos que vieram em seguida mudaram o tom da maior festa brasileira. E, no Rio de Janeiro, a banda vai tocar assim: “Quanto tiro, ó, quanta polícia/a tropa de choque em ação/ditador de helicóptero/ e, no meio da cidade,/ um monte de caveirão”. Blocos já estão organizados para levar seu recado às ruas com temas que variam de denúncias das remoções de famílias até o aumento da tarifa dos transportes públicos, passando pela truculência policial e os impactos negativos dos megaeventos.

As paródias das tradicionais marchinhas foram criadas pela reunião de pessoas de diversos blocos da cidade, em um movimento que ganhou o nome de “Ocupa Carnaval”, com o objetivo de utilizar a irreverência como mais um braço da luta por direitos na cidade do Rio de Janeiro. . Desde meados de janeiro, o grupo vem se encontrando e criando novas letras. A primeira saída oficial acontece exatamente nesta quinta-feira pré-carnavalesca (26/2), data que marcaria a saída do governador Sérgio Cabral. O governador adiou mais uma vez e o vice, Luiz Fernando Pezão, só deverá assumir em 3 de abril. Mas o evento permanece marcado, intitulado “Cabralhada”.

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Venezuela: embate entre opositores e defensores de Maduro no Rio

Promover um ato para criticar o presidente da Venezuela Nicolás Maduro. Esse era o objetivo de aproximadamente 15 pessoas que se encontraram em frente ao consulado, na Avenida Presidente Vargas, na tarde desta terça-feira (25). Mas o objetivo fracassou. Cerca de 200 brasileiros, de diferentes partidos e organizações, se reuniram no mesmo local com outra finalidade: apoiar e defender as profundas mudanças que vêm acontecendo naquele país.

Uma das defensoras do governo Maduro era a historiadora Anita Prestes, filha do militante Luis Carlos Prestes (1898-1990). “A solidariedade internacional é fundamental porque a luta da Venezuela é uma luta de toda a América Latina. Se o processo revolucionário de lá for derrotado, será uma derrota para todos nós. Além disso, a situação de todas as pessoas do continente vai piorar muito”, destacou Anita.

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“Lutamos por uma palestina laica, democrática para todos os povos que lá vivem”

Na última quarta-feira, dia 19 de fevereiro,  recebemos no SINDIPETRO/RJ  o dirigente do birô político da Frente Popular pela Libertação da Palestina – FPLP – Marwan Abdel Al, para um importante debate sobre a Palestina e a situação no Oriente Médio. O evento  foi organizado pelo MST, Esquerda Socialista e PCB, e contou com o apoio dos militantes do Comitê de Solidariedade à Luta do povo palestino do RJ.

O debate transcorreu em um clima de camaradagem e de um forte interesse em ampliar o entendimento sobre os fatos reais  que estão acontecendo no Mundo Árabe e sua relação com a causa Palestina. No final, os presentes reafirmaram seu compromisso de seguir apoiando a causa árabe e  palestina,  fortalecendo a tarefa internacionalista de esclarecer os acontecimentos contra a imprensa corporativa que insiste em reproduzir as  mentiras do imperialismo/sionismo cujo principal  discurso é a defesa da  democracia e dos direitos humanos, quando sabemos que por trás deste escudo está a  destruição dos Estados e das condições mínimas de sobrevivência dos povos, visando  a dominação econômica, política e militar.

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VI Congresso do MST

Veja fotos do Congresso

TV Memória Latina – Especial MST 30 anos, um Movimento Internacional

O MST rompeu as fronteiras do Brasil e se tornou referência para as organizações e movimentos sociais de todo o mundo. Veja o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=UUwQo5AJyOk

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Boletim MST Rio

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