por André Vieira, com fotos Pablo Vergara (Telesur) 06/05/2013
Assentamento tema de “Campo Alegre: memória em movimentos e as gerações de luta” continua a escrever sua história e passa a abrigar centro de formação cultural
Um final de semana de atividades culturais marcou o Assentamento Campo Alegre, o mais antigo do estado do Rio de Janeiro. Na última sexta-feira, dia 3, foi lançado o livro “Campo Alegre: memória em movimentos e as gerações de luta”, produzido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Escola Municipalizada de Campo Alegre.
Segundo a coordenadora estadual do MST, Érica Silva, o lançamento mostra que os camponeses também podem produzir seus livros. “Este livro marca uma retomada do movimento, no sentido dos movimentos sociais estarem ocupando as escolas e também mostra a articulação dentro e fora do campo para que as escolas construam seus próprios livros didáticos dentro de suas realidades”, afirmou a líder camponesa.
Para a professora Marília Campos, da UFRRJ, é preciso valorizar o processo de produção do livro. “O livro é mais importante como processo do que como objeto, porque a educação do campo tem que estar nas bases, nas escolas. Essa é a contribuição que as licenciaturas do campo podem dar”, observou a docente.
Centro de Formação Cultural João Generino
João Generino foi um dos sem terra que participou da ocupação da antiga Fazenda Campo Alegre, no ano de 1984. Por sua luta em defesa da Reforma Agrária, Generino receberá seu nome no novo centro de formação que funcionará na casa onde residiu por anos, localizado no Assentamento Campo Alegre.
“Meu pai ficaria muito feliz com essa homenagem, vendo sua casa se transformar em um centro de formação cultural. Espero que esse seja um importante momento de contra-hegemonia, contra o sistema o sistema capitalista que desvaloriza nossa forma de ser e nossa vida”, relata Débora Figueira, militante do MST e filha de Generino.
De início, dois projetos já estão aprovados para o novo espaço do assentamento. O projeto “Bibliotecas Populares”, do grupo de pesquisa GeoAgrária, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), já iniciou suas atividades e em breve instalará uma biblioteca no assentamento. Outro projeto que também será desenvolvido no centro cultural é o “Observatório Camponês”, fruto da interação entre o MST/RJ e o Coletivo Tatuzaroio de Comunicação e Cultura que foi vencedor do edital de Cultura Digital da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.
Na mesa: Julio Condaque (CSP-Conlutas); Maíra Siman (PUC-RJ); Sandra Quintela (Jubileu Sul); Marcelo Durão (Via Campesina/MST); Renata Souza (Jornalista).
As políticas contraditórias de segurança pública em prática no Haiti e na cidade do Rio de Janeiro foram tema de debate realizado na última segunda-feira (27), no auditório do Sindsprev-RJ, na Lapa. Convocado por organizações sindicais, culturais e de defesa dos direitos humanos, a atividade faz parte da jornada continental pela retirada das tropas da MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), daquele país.
O debate foi conduzido por Sandra Quintela, da Rede Jubileu Sul, organização que acompanha desde 2004 as situações de violações de direitos que ocorrem no país, realizando missões de solidariedade e diversas iniciativas junto à outras organizações como forma de pressionar os governos que possuem tropas no Haiti pela retirada das mesmas. Também compunham a mesa, Júlio Condaque (CSP Conlutas/ Quilombo Raça e Classe); Maíra Siman (Historiadora/ IRI PUC-RJ); Marcelo Durão (Via Campesina/ MST); e Renata Souza (Jornalista e moradora do Complexo da Maré).
A atividade atraiu um público diverso e preocupado com as questões e semelhanças da dita “pacificação” em curso nos dois territórios. As tropas da Minustah completam no próximo 1º de junho nove anos de política de extermínio da população haitiana, denúncia apresentada à plateia através do vídeo que está disponível na internet (veja abaixo), e reforçada pelos palestrantes convidados para o debate.
País de população negra e pobre, o Haiti foi invadido por tropas da ONU logo após o golpe de Estado sofrido pelo presidente Aristide em 2004, que foi expulso do país, mesmo tendo sido eleito democraticamente. A ação foi financiada e articulada pelos Estados Unidos e França. Desde então, com a prerrogativa de estabilização da ordem social, as tropas da Minustah, formadas pelo exército de países como o Brasil e o Chile, se revezam para prosseguir com a política das forças armadas de segurança. Com tanques, fuzis, helicópteros, as tropas brasileiras provocaram sistemáticas violações aos direitos humanos da população, como a ação em Cite Soleil, em 2006, quando milhares de haitianos foram mortos em uma ofensiva armada injustificada.
Estabilização x Pacificação
De acordo com a historiadora e doutoranda do Instituto de Relações Internacionais da PUC-RJ, Maíra Siman, que estuda a operação de paz no Haiti, as noções de pacificação aplicadas em comunidades do Rio de Janeiro através das UPP´s e de estabilização praticadas no Haiti são um reflexo de um projeto político contraditório, que está dentro do contexto histórico do período de colonização do Brasil, especialmente com as práticas que tem sua origem fixada durante o período regencial, quando Duque de Caxias, patrono do Exército brasileiro, usava da força militar para abafar as mobilizações que aconteciam na época. Nesse momento, a “pacificação” é usada como política conservadora do Império, como prerrogativa para manter o status quo baseado e mantido na desigualdade social.
Pacificador: “Passaeficaador”
Dentro das mudanças evidentes com o desenvolvimento da sociedade brasileira, contudo, a militarização da polícia tornou-se forte instrumento de repressão, mantendo o seu caráter excludente e de manutenção da ordem vigente. As UPP´s e o Bope, localizadas em comunidades periféricas e nos principais morros do centro-sul da capital carioca, demonstra bem onde a política do “abafamento” está sendo imposta, em detrimento à elitização da capital e de uma faxina ética, restringindo grande parte da população da vida da cidade. A técnica que é usada aqui será agora transferida para o país caribenho, em recente convênio acordado entre a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro com a Polícia Nacional do Haiti. Mesma abordagem, mesmas armas, mesmo discurso.
O que parte da sociedade não sabe e que a grande mídia não publica, é que a atual política de segurança é contraditória por não dar liberdade e nem segurança à população. A polícia militarizada invade as favelas, marginaliza seus moradores, numa prática clara de remodelamento da cidade para atender as exigências do capital. Aqui além da guerra armada, tem-se a guerra midiatizada, onde o espetáculo e a propaganda em torno da “pacificação” passam longe da concepção real de paz e liberdade. A chegada das UPP’s aos morros, não trouxeram de fato o acesso de seus moradores às políticas publicas de educação, saúde, moradia, saneamento básico. Mas, conseguiu abrir caminhos ao mercado e à especulação imobiliária. A “pacificação” na marra, sem diálogo, mas com excesso de violência deixa marcas até hoje nas comunidades que possuem unidades em seu território.
Solidariedade entre os povos: a prática da paz
Com 80% da população abaixo da linha da pobreza e com 75% das casas sem acesso à água encanada, o Haiti passa por um desmantelamento total dos serviços públicos. Dentre as alternativas de apoio aos haitianos, a Via Campesina organiza desde 2006 a Brigada Internacional de Solidariedade ao país. Em 2009, a primeira missão levou cerca de cinquenta pessoas, entre agricultores, campesinos, médicos, educadores, agrônomos, pesquisadores brasileiros, da Argentina e de Cuba. A brigada de solidariedade atua no país como a perspectiva de troca de experiências, levando até o país as práticas de desenvolvimento sustentável, reforçando principalmente a população campesina. Além do apoio na reorganização da produção agrícola local com a distribuição de sementes, a brigada atua junto à formação política da população, a alfabetização de jovens e adultos, formação técnica em agroecologia e na produção de medicamentos naturais.
As jornadas de mobilização pelo fim da ocupação das tropas da Minustah no Haiti seguem até o dia 1º de junho, quando manifestações pelo continente estão marcadas para acontecer.
Para assistir o documentário “O que se passa no Haiti?”, clique aqui.
No dia 14 de junho, o Jornal Brasil de Fato irá receber a Medalha Pedro Ernesto concedida pelo vereador Renato Cinco. O evento ocorre na ABI, às 18h, com presença de Nilton Viana, João Pedro Stédile, Silvio Tendler, Marcelo Freixo, Cláudia Santiago, Repper Fiel, entre outros. Boletim do MST RJ também será homenageado.
O semanário Brasil de Fato vai terminar 2013 de cara nova, após completar dez anos no último mês de janeiro. Mudança no projeto gráfico para a edição nacional e edições regionais em formato tabloide (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília) são algumas das novidades, além do aumento da tiragem e a distribuição gratuita. Os cariocas foram premiados com a primeira edição regional no último 1º de maio, dia do trabalhador, durante as manifestações que ocorreram nas ruas da cidade.
Houve um balanço sobre a trajetória do jornal junto às forças sociais que lhes dão sustentação financeira e política, sobretudo os movimentos e sindicatos, e foi avaliado que apesar das vitórias e da resistência é preciso avançar mais, explicou Nilton Viana, editor do veículo. Segundo ele, o objetivo é tentar chegar mais próximo à classe trabalhadora, com edições massivas de linguagem mais simples e enfoque mais direto.
“Vivemos um momento extremamente delicado no país com avanço tecnológico nas comunicações, mas as elites continuam com o monopólio. Avaliamos que precisamos interferir mais na conjuntura. É um governo contraditório, com políticas progressistas, que não rompeu com esse modelo. É um momento propício, com respaldo dos movimentos sindical e social. Com esses novos desafios vamos tentar fazer com que o Brasil de Fato seja efetivamente um veículo de comunicação que consiga definitivamente influenciar a opinião pública e, assim, elevar o nível de consciência da classe trabalhadora para que façamos as mudanças estruturais tão necessárias que o país precisa”, afirmou o jornalista.
As edições regionais do Brasil de Fato serão semanais, em formato tabloide, distribuídas gratuitamente nos centros de aglomeração de trabalhadores, como metrô, central de ônibus, trens, universidades e nas aglomerações da juventude trabalhadora das grandes cidades. A expectativa é que seja ampliada para outras capitais, contando também com o apoio, através de anúncios, de prefeituras progressistas. Alguns jornalistas foram contratados, mas o projeto continua sustentado pelo apoio de colaboradores e dos movimentos.
Vivian Virissimo, correspondente do BF no Rio de Janeiro, com a primeira edição carioca do jornal ao fundo. Foto: Arquivo pessoal.
De acordo com Vivian Virissimo, correspondente do jornal no Rio de Janeiro, a publicação será distribuída gratuitamente nas estações de barcas, metrô e trens da Supervia, além de escolas, universidades e espaços de ampla circulação. A edição regional do Brasil de Fato, segundo ela, vai disputar hegemonia com os veículos tradicionais de comunicação cariocas.
“Com 100 mil exemplares por semana, vamos disputar a atenção dos trabalhadores (as) que estão se deslocando de casa para o trabalho e receberão o jornal de graça. Nossa intenção será abordar o cotidiano sempre com uma visão popular dos fatos. Nos dias de distribuição, quinta e sexta-feira, será uma das maiores tiragens da cidade. Isso é um feito muito significativo para a comunicação popular, que antes ficava muito restrita. Ao dialogarmos com grandes parcelas da população, em curto e médio prazo, poderemos trazer avanços em diversas lutas dos trabalhadores e dos movimentos sociais”, afirma a jornalista.
A edição mineira foi lançada no último dia 04, em Belo Horizonte, durante o Encontro Estadual de Formadores do Plebiscito Popular pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz. Cerca de 700 pessoas receberam com entusiasmo a nova edição estadual, ressaltando a importância da iniciativa devido ao grande controle do governo estadual sobre a mídia comercial. Em seu editoral é destacada a “ousadia” e “coragem” do novo projeto, “um grito de liberdade”, e que o povo mineiro sonhava há muito tempo com um veículo de comunicação comprometido com uma visão popular de Minas, do Brasil e do Mundo.
Histórico do Brasil de Fato
O Brasil de Fato nasceu em 25 de janeiro de 2003, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. As primeiras edições de 4 páginas foram experimentadas como encarte no jornal Sem Terra, do MST, com 2 milhões de exemplares distribuídos nos grandes centros para divulgar a luta dos trabalhadores e suas versões contadas por eles mesmos. Algumas edições especiais com temas específicos circularam nesse período.
O semanário cresceu com apoio das forças sociais, como as pastorais sociais, a Via Campesina e os sindicatos. Por isso, é uma publicação essencialmente popular. Sua principal dificuldade continua sendo financeira. No início houve uma campanha que arrecadou R$ 400 mil para rodar as primeiras edições em todo o Brasil, com tiragem de 100 mil exemplares. Nessa trajetória foram realizadas campanhas de assinaturas e doações entre a militância, além de debates para dar visibilidade à iniciativa e suscitar o debate público, que resultou na auto sustentação do projeto. Com a chegada do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder o jornal adequou seu projeto gráfico, editorial e político, e conseguiu sanar todas as suas dívidas.
Antes da atual reforma, circulava com tiragem de 50 mil exemplares (16 páginas coloridas tamanho standard). Reúne jornalistas, intelectuais, lideranças sociais do Brasil e do mundo. Entende, de acordo com o seu editor, que a democratização da mídia é fundamental na luta por uma sociedade mais justa e fraterna, daí sua contribuição no debate de ideias e na análise de fatos do ponto de vista da necessidade mudanças sociais em nosso país.
Mística de Encerramento da Turma Comuna de Paris no CENAM – 17.05.2013
Ato público realizado no CENAM no último dia 17 de maio marcou o encerramento da I Turma do Curso de Especialização em Trabalho, Educação e Movimentos Sociais. Fruto de uma parceria entre o MST, o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fiocruz (EPSJV/Fiocruz), a turma, denominada Comuna de Paris, teve início em junho de 2011 e contou com a participação de educandos de 17 diferentes estados brasileiros. Entre eles estiveram dirigentes do Setor de Educação do MST, professores e diretores de escolas de assentamentos e acampamentos e integrantes dos setores de Produção, Formação e Saúde, que são responsáveis pelo acompanhamento pedagógico de cursos do Pronera.
O Curso foi dividido em 5 etapas de Tempo-Escola e 4 etapas de Tempo-Comunidade, com base no regime de alternância, no qual os educandos passam alguns dias na escola-sede do curso (Tempo-Escola, com uma jornada intensiva de aulas e outras atividades de estudo) e outro período, mais longo, nas áreas onde residem, nos assentamentos, acampamentos e/ou escolas onde trabalham (Tempo-Comunidade, no qual os educandos desenvolvem as atividades de pesquisa que complementam pedagogicamente o Tempo-Escola).
O curso procurou analisar os desafios que o MST enfrenta hoje na relação com as universidades e as escolas de assentamentos e acampamentos, pautando-se pela abordagem do materialismo histórico e dialético.
Na última Etapa foi realizado no Auditório da EPSJV/Fiocruz um Seminário denominado “Educação e luta de classes”, que buscou sintetizar as principais questões debatidas ao longo do curso. Além disso, foram apresentados e debatidos 43 Trabalhos de Conclusão de Curso.
Entrega da Arte da Turma para a ENFF e a EPSJV/Fiocruz – 15.05.2013
Turma Comuna de Paris no Ato de Encerramento no CENAM – 17.05.2013
Homenagem à CPP da Turma no Ato de Encerramento – 17.05.2013
Apresentação de TCC no Auditório da EPSJV/Fiocruz – 10.05.2013
por Diego Rangel, do Boletim do MST-RJ, com foto de Natália Almeida
Nos dias 09 e 10 de Maio aconteceu, na Reserva Biológica da União, em Rio das Ostras-RJ, o Seminário Interno da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro – AARJ. O Seminário teve a participação de 40 pessoas, entre movimentos sociais, agricultores agroecológicos, entidades da sociedade civil e instituições públicas. A atividade foi pensada e construída durante a reunião da Coordenação Política, em março deste ano. Com a necessidade de se avaliar, passo importante para o fortalecimento das experiências agroecológicas e do trabalho em rede, além da preparação para o III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA).
A recepção dos participantes foi com uma dinâmica de roda, para que todos se olhassem e se conhecessem. Cada participante se apresentou dizendo “o que trouxe”, “o que vai levar” e “o que compartilha” para o encontro. Nesse clima de aconchego e cumplicidade entre os companheiros participantes, começou os trabalhos do primeiro dia do encontro.
O inicio das atividades se deu nos grupos de trabalho das regionais, que levantaram a conjuntura de cada região. Levantando seus principais conflitos, problemas, demandas, parceiros e agricultores agroecológicos. O mapeamento levantado pelos GTs da conjuntura foi debatido em plenária, sintetizando assim um panorama da conjuntura do Estado. Dentre os principais conflitos levantados pelos GTs, alguns se mostram como sendo comuns entre todas as regiões do estado.
A especulação imobiliária, os megaempreendimentos, a monocultura (cana e eucalipto) e a morosidade e descaso do poder público, se apresentam como principais vértices de conflitos e empecilhos para o desenvolvimento da agricultura orgânica e agroecológica no Estado. Corroborando com esta análise, Eduardo Barcelos, membro da AGB – RJ e da CEDRO, apresentou uma análise do Plano Estratégico para o desenvolvimento territorial do Rio de Janeiro. Ficaram expostos os direcionamentos do governo do estado para o Rio, que de forma alguma atendem as demandas e necessidades dos pequenos agricultores, seja ele convencional ou agroecológico.
Foram frisadas as ações de despejo e desaparições praticadas pelo governo, que contribuem apenas para o êxodo rural e a “desagriculturização” do estado. O resultado é a redução das áreas cultiváveis em beneficio, claramente, do agronegócio. Segundo o plano estratégico do governo, o estado conta com mais de 1 milhão de hectares (cerca de 38% da área cultivável do estado) para o cultivo de eucalipto para a indústria da celulose e as madeireiras. Ao fim do dia foi revista a organicidade da AARJ e sua participação em inúmeros eventos para o fortalecimento das redes de trabalho agroecológico.
No segundo dia foi a vez de debater a construção de um calendário de atividades da AARJ. Além de encaminhar propostas para o III ENA, foram debatidas e construção do Encontro Estadual de Agroecologia e a Festa de Sementes Crioulas. No planejamento do calendário o Encontro Estadual e a Festa de Sementes tiveram especial destaque nas discussões do dia. Foi encaminhada a proposta para a construção de atividades em Campos dos Goytacazes, norte fluminense, para o fortalecimento das denúncias das situações de violência no campo ocorridas na região.
Participaram do Seminário as entidades MAPA/SFA – RJ; Rede Carioca de Agroecologia Urbana; Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida; CEDRO; PACS; MST; FEAB – Campos; Agrocriolo; Casa dos Saberes; ASPTA; CPT; AGB; Sec. de Pesca e Agricultura de Paraty; Univerde; Cooperar. Com a colaboração para a construção FASE e MAPA.
Organizada pelos movimentos sociais populares de Mato Grosso do Sul, a marcha dos Povos da Terra saiu hoje de manhã, 3 de junho, de Anhanduí, a 60 km de Campo Grande, com aproximadamente 1000 pessoas. O objetivo é chegar à capital do estado em quatro dias. A jornada unitária de lutas em Mato Grosso do Sul quer chamar a atenção para a urgente necessidade da demarcação das terras indígenas e quilombolas e a realização da reforma agrária.
A marcha se realiza num momento histórico e estratégico da luta dos Povos da Terra no Mato Grosso do Sul, em que os indígenas e em especial o Povo Terena decidiram dar um basta às mentiras do Estado e do governo brasileiro, à violência incentivada com o silêncio conivente do governo do estado, inimigo declarado dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul. Em um contexto em que os nativos somam mais um mártir na luta pela terra e território no Estado, com a morte do índio terena Oziel Gabriel, durante uma reintegração de posse na Terra Indígena Buriti, na semana passada.
A marcha dos Povos da Terra, junto com os estudantes, militantes de sindicatos, entidades e organismos de defesa dos direitos humanos, é para reivindicar a demarcação das terras indígenas, titulação e demarcação dos territórios quilombolas e exigir a reforma agrária que esta totalmente parada no Estado.
Além disso, a marcha tem um caráter político de grande importância por conta que os movimentos sociais no Estado têm avançado num processo unitário importante, valorizando a unidade entre indígenas, camponeses e quilombolas, diretamente enfrentando o agronegócio e latifúndio, a violência e a desterritorialização provocada pelo agrocapital, sendo as principais vítimas os legítimos donos das terras nesta parte do país.
O poder econômico e político, as transnacionais, os governos Federal e Estadual, segundo os organizadores da jornada de luta, têm usado como o argumento um império ideológico inserido em frases como: “os indígenas têm que se integrarem à economia nacional”, falácias como “o desenvolvimento não pode parar”; “reforma agrária já foi feita, agora precisa melhorar os assentamentos”, etc.
Assim esse mesmo império, com os mesmos argumentos, defende o indefensável: uma “economia urbanoide” para esvaziar os campos e as terras e deixá-los nas mãos de investidores e invasores estrangeiros, das transnacionais da monocultura, dos agrotóxicos, e das financeiras agropecuárias. E pior de tudo isso é que esses pacotes devem avançar a qualquer custo, ainda se custar à própria vida, cultura e os modos peculiares de vida dos indígenas, camponeses e quilombolas, fundamentalmente. O Tribunal Popular da Terra, um dos organizadores da marcha tem sido um dos espaços mais importantes nos dois últimos anos desse processo de articulação, diálogo e unidade dos Povos da Terra no Estado.
A marcha que se iniciou hoje vai durar quatro dias, sendo que o objetivo, além de dar visibilidade à problemática fundiária no Estado, dará lugar para momentos de estudos e formação política dos participantes da marcha, que vem pela BR 163. Os movimentos sociais do campo entendem que a construção da unidade não é uma mera retórica de discursos e sim um processo que tem que ser construído e demonstrado sobre tudo na pratica se for verdadeira.
O II Encontro Nacional de Professores Universitários do MST foi realizado entre os dias 23 e 25 de maio de 2013 na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, São Paulo, e contou com a presença de cerca de 80 professores universitários que colaboram com o MST em cursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e em outras ações nos campos do ensino, da pesquisa e da extensão.
O Encontro foi um importante momento de troca entre o MST e os professores universitários, marcado pelo diálogo franco em torno dos desafios que o MST enfrenta na atual conjuntura brasileira e com os quais os professores se deparam em uma universidade cada vez mais mercantilizada e produtivista, em que importa mais a quantidade do que a qualidade da produção acadêmica.
O Encontro teve como temas centrais a contribuição dos professores universitários para os debates do VI Congresso do MST que se realizará em fevereiro de 2014 e a relação entre o MST e as Universidades. Um dos pontos altos do Encontro foi a qualidade das místicas, concebidas pedagogicamente de forma sequencial. Também foi marcante a atividade em homenagem a Carlos Nelson Coutinho, recentemente falecido.
Dentre os principais desdobramentos do Encontro destacamos o compromisso dos professores universitários em continuar contribuindo para o debate do Programa Agrário do MST a ser definido no VI Congresso e a realização de uma campanha de filiação à Associação de Amigos da ENFF, com a tarefa de que cada professor consiga mais 3 associados para contribuir para a sustentação política e financeira da ENFF. Definiu-se ainda que todas as universidades parcerias do MST realizarão em abril de 2014 a Jornada da Reforma Agrária nas Universidades.
A transnacional entrou com processo criminal contra integrantes de organizações e movimentos sociais em 2005. A decisão do TJ demonstra o reconhecimento da legitimidade dos sujeitos coletivos de direitos em meio ao processo de democratização da sociedade brasileira.
A transnacional Monsanto está em mais de 80 países, com domínio de aproximadamente 80% do mercado mundial de sementes transgênicas e de agrotóxicos. Em diferentes continentes, a empresa acumula acusações por violações de direitos, por omissão de informações sobre o processo de produção de venenos, cobrança indevida de royalties, e imposição de um modelo de agricultura baseada na monocultura, na degradação ambiental e na utilização de agrotóxicos.
No Brasil, a invasão das sementes geneticamente modificadas teve início há uma década, com muita resistência de movimentos sociais, pesquisadores e organizações da sociedade civil. No Paraná, a empresa Monsanto usou a via da criminalização de militantes como forma de responder aos que se opunham aos transgênicos.
Na última quinta-feira (23), desembargadores do Tribunal de Justiça (TJ) absolveram por unanimidade cinco militantes acusados injustamente pela Monsanto de serem mentores e autores de supostos crimes ocorridos em 2003. A transnacional entrou como assistente de acusação na ação criminal em resposta à manifestação de 600 participantes da 2ª Jornada de Agroecologia, na estação experimental da empresa, em Ponta Grossa, para denunciar e protestar contra a entrada das sementes transgênicas no estado e as pesquisas ilegais e outros crimes ambientais praticados pela empresa.
Foram acusados Célio Leandro Rodrigues e Roberto Baggio, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, José Maria Tardin, à época integrante da AS-PTA – Assessoria e Serviços em Agricultura Alternativa, Darci Frigo, da Terra de Direitos, e Joaquim Eduardo Madruga (Joka), fotógrafo ligado aos movimentos sociais. Em claro sinal de criminalização, a transnacional atribuiu à manifestação, feita por mais de 600 pessoas, como responsabilidade de apenas cinco pessoas, usando como argumento a relação genérica dos acusados com os movimentos sociais.
Em sentido contrário, a decisão do TJ demonstra o reconhecimento da legitimidade dos sujeitos coletivos de direitos na sociedade brasileira. Segundo José Maria Tardin, coordenador da Escola Latina Americana de Agroecologia e da Jornada de Agroecologia do Paraná, o ato na sede da Monsanto em 2003 e posterior ocupação permanente da área chamaram a atenção em âmbito nacional e internacional para a ilegalidade das pesquisas com transgênicos.
Nos anos seguintes às denúncias, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e equipe técnica ligada ao governo do estado realizaram vistorias detalhadas nos procedimentos da transnacional. Foram confirmadas ilegalidades que violavam a legislação de biossegurança vigente.
A área ficou ocupada por trabalhadores sem terra durante aproximadamente um ano. Neste período, os camponeses organizaram o Centro Chico Mendes de Agroecologia e cultivaram sementes crioulas. Para Tardin, a agroecologia é o “caminho da reconstrução ecológica da agricultura, combatendo politicamente o modelo do agronegócio e do latifúndio”. (…)
Mundo contra a Monsanto
Mais de 50 países aderiram à “Marcha contra Monsanto” no último sábado (25), em protesto contra a manipulação genética e a monopólio da multinacional na agricultura e biotecnologia. A campanha contra a empresa teve como estopim o suicídio de agricultores indianos, que se endividam após serem forçados pelo mercado a ingressar na lógica de produção do agronegócio, tornando-se, anos mais tarde, reféns das sementes geneticamente modificas, agrotóxicos e outros insumos vinculados a esta lógica produtiva.
Com sede no estado de Missouri (EUA), a Monsanto desponta como líder no mercado de sementes e é denunciada nesta marcha por não levar em consideração os custos sociais e ambientais associados a sua atuação, além de ser acusada de biopirataria e manipulação de dados científicos em favor dos transgênicos.
A empresa é líder mundial na produção de agrotóxico glifosato, vendido sob a marca Roundup. O Brasil é o segundo maior consumidor dos produtos da Companhia, ficando atrás apenas da matriz americana. O lucro da filial brasileira em 2012 foi de R$3,4 bilhões.
Assista ao filme “O Mundo Segundo a Monsanto”, produzido pela francesa Marie-Monique Robin. O documentário foi lançado em 2008 e denuncia a gigante dos transgênicos.
Leia mais sobre as manifestações contra a Monsanto realizadas em 436 cidades de 52 países no último fim de semana:
– Fora Monsanto de nossos corpos e de nossos campos! Viomundo, 27/05/2013.
– Um mundo melhor segundo a Monsanto – panfleto distribuído durante manifestações em São Paulo.
– Manifestação global pró-rotulagem – Valor Econômico, 28/05/2013 (Em Pratos Limpos).
– Monsanto enfrenta onda de protestos pelo mundo – Terra, 28/05/2013.
As notícias e as correspondentes análises, transmitidas pela mídia composta pelos grandes jornais, a quase totalidade das revistas semanais, as estações de rádio mais ouvidas, as TV abertas e os canais noticiosos da TV paga, fazem parte do ardil do capitalismo para continuar dominando na nossa terra. A manipulação atual de sociedades e países se dá sem exércitos e invasões, com exceção para os casos rebeldes.
Contudo, a violência da fome e miséria, que a manipulação via mídia acarreta, é semelhante à da devastação de uma invasão. Se o brasileiro vive com o dinheiro apertado, em um país sem grande oferta de empregos de qualidade, se a falta de saneamento está na porta dele, trazendo odor indesejável para sua casa e germes para sua família, se o SUS não o cura nem os seus e assim por diante, é porque ele fez péssimas escolhas nos poucos momentos em que sua opinião poderia mudar o que existe.
E por que ele escolheu mal? O principal instrumento que leva às péssimas escolhas é a descrita mídia do capital, que o deixa mal informado ou desinformado. Nestas duas condições vulneráveis, ele escolhe candidatos com discursos previamente ensaiados por marqueteiros, os quais compõem outro instrumento de manipulação usado pelo capital. Assim, o brasileiro não escolhe os candidatos por temas que poderiam ser julgados como principais e, sim, por temas assessórios.
Um exemplo para tornar mais clara a questão. Um candidato com discurso fluente e eloquente denuncia a homofobia e quer diminuir os casos de mortes por abortos clandestinos, o que qualquer pessoa socialmente comprometida apóia, Entretanto, ele pertence a um partido que apóia a exploração desumana do capital e irá votar nas questões econômicas sempre contra os trabalhadores. Este candidato ilude, por não dizer que votará em temas econômicos contra os interesses da maioria da sociedade.
Já prestaram a atenção para o fato que esta mídia pertencente ao capital divulga ao extremo a Comissão da Verdade relativa à época da ditadura? Aliás, este é um dos poucos pontos positivos dela. Entretanto, é muito negativo ela nunca ter pregado a criação de uma absolutamente necessária Comissão da Verdade relativa ao período neoliberal. Obviamente, porque, nesta Comissão, iriam ser mostrados os danos sociais causados pelo capital. Tenho certeza que o liberalismo extremo, instalado no Brasil a partir da década de 90, já antecipou a morte de maior número de brasileiros do que os 21 anos de ditadura anteciparam.
A pessoa mal informada é detentora de informações erradas, acreditando serem corretas, graças à sempre culpada mídia. É grande a possibilidade de uma pessoa mal informada atuar, com a maior pureza d’alma, como uma estação repetidora dos erros que recebe. Pensa que as informações que recebeu são verdadeiras e não tem tempo, nem condições, de testar a veracidade delas. É triste, mas não há um debate público de idéias, por causa da mesma nefasta mídia. A pessoa desinformada também não está em boa condição, pois, nada sabendo, torna-se um campo fértil para marqueteiros mal intencionados.
Em uma estimativa “por sentimento”, diria que uns 80% da população votante brasileira formam sua opinião graças ao que vêm na TV aberta, ouvem nas rádios e nos bate-papos com amigos também desinformados, uns 15% acrescentam a leitura de grandes jornais e revistas semanais, além de assistirem a programas ditos informativos da TV paga e, finalizando, só uns 5% leem a única exceção de revista semanal merecedora de leitura, algumas revistas mensais e jornais e sites alternativos. Desta forma, pode-se dizer que, muitas vezes, a maioria do povo brasileiro vota contra si própria, parecendo uma verdadeira boiada dócil, que, alheia, aceita ir para o matadouro.
No dia da recente 11ª rodada de leilões de blocos para a exploração de petróleo, em noticiários noturnos da televisão aberta, a divulgação da rodada, quando existiu, foi pífia. A retirada dos seios da Angelina Jolie ganhou, no mínimo, dez vezes mais tempo do noticiário que a rodada e, com todo respeito ao seu corajoso ato, a rodada tem maiores conseqüências para a vida do brasileiro que a mastectomia praticada. Aliás, a posição de quase nenhuma divulgação desta rodada, nas TV abertas, ocorreu durante todo o período anterior ao dia do evento. O capital optou, com relação a este tema e nesta mídia de grande alcance, por desinformar principalmente e, em menor escala, por mal informar.
Nos 500 anos do Brasil, os capitais estrangeiros e brasileiros “estão dando de goleada” na sociedade. Contudo, não sugiro o fim do capitalismo, até porque precisaria existir um ser humano extremamente equilibrado. Mas, gostaria muito de ver rapidamente uma sociedade cultural e politicamente desenvolvida a ponto de rejeitar os abusos do capital, quando o teríamos sob controle. Mas, para iniciar este projeto, como iniciativa imprescindível, a mídia precisa ser pública. Além disso, a população precisar participar, cada vez mais, de cursos de formação política.
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Segundo os autos do processo do massacre, a operação policial que assassinou 21 trabalhadores, no dia 17 de abril de 1996, foi financiada pela mineradora Vale do Rio Doce
por Vivian Virissimo, com fotos de Henrique Zizo
Segundo os autos do processo do massacre de Eldorado dos Carajás (Pará), a operação policial que assassinou 21 trabalhadores, no dia 17 de abril de 1996, foi financiada pela mineradora Vale do Rio Doce. O motivo: o protesto dos sem-terra na rodovia atrapalhava a circulação dos caminhões da empresa. Dezessete anos depois, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), dentro da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, mobilizou militantes sociais, nesta quarta-feira (17), para contestar os empreendimentos da Vale em âmbito nacional e internacional.
“A Vale bancou o deslocamento dos policiais que fizeram o massacre e até hoje não temos a punição concreta dos mandantes e dos assassinos. Hoje, precisamos mostrar para o povo brasileiro como está se dando as ações das grandes mineradoras e a Vale é o maior exemplo disso. Elas não só poluem e degradam o meio ambiente, mas estão tomando conta de territórios dos povos originários: quilombolas, indígenas, pescadores e campesinos. Além disso, esse modelo de desenvolvimento acumula muito mais riquezas na mão de menos pessoas. As riquezas desses territórios e minérios deveriam ser socializados com a população: escola, educação, saúde e reforma agrária”, destacou Marcelo Durão, coordenador estadual do MST.
Participaram do ato representando da Articulação Internacional de Atingidos pela Vale de vários estados brasileiros (Minas Gerais, Pará, Maranhão, Goiás e Rio de Janeiro) e de vários países da América Latina (Colômbia, Chile, Peru, Bolívia), da América do Norte (Canadá) e da África (Africa do Sul e Moçambique).
A moradora de Santa Cruz, na zona oeste, Marta Trindade, era uma dessas militantes que se juntou ao grupo de mais de 200 pessoas que protestavam em frente à empresa, no centro do Rio. Aposentada do serviço público de saúde, dona Marta é vizinha da empresa Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA), uma parceria entre a alemã ThyssenKrupp (73,13%) e a Vale (26,87%). A empresa provoca diferentes impactos ambientais, desde mortandade de peixes na Baía de Sepetiba, até casos de doenças respiratórias e de pele devido a chamada “chuva de prata”, pó expelido pela fábrica.
Enquanto conversava com a reportagem do Brasil de Fato, dona Marta mostrava as marcas de irritações alérgicas no rosto e se queixava de dores na garganta. “A vida era uma beleza em Santa Cruz, agora a situação está péssima. Antes nós tínhamos ar limpo, agora eu tenho problemas respiratórios por causa dessa poeira prateada que tem alumínio, ferro e chumbo. Essa empresa não tem respeito nenhum com o Brasil e com os países da América Latina. Eu sou uma moradora que luta porque não posso olhar para os lados e ignorar que tem gente com muitos problemas”, disse a moradora.
Campanha “Pare TKCSA”
Diante dos grandes prejuízos financeiros que a TKCSA vem acumulando, a empresa majoritária ThyssenKrupp está colocando sua parte à venda. Para denunciar o desperdício de dinheiro público nesta transação, movimentos sociais estão organizando a campanha “Pare TKCSA”. “A TKCSA está à venda pela metade do preço e essa transação só sera viabilizada se o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), segundo consta na imprensa, aportar novos recursos. Só que o BNDES já aportou cerca de R$2,3 bilhões, que nunca foram pagos, e mais R$2,5 bilhões em termos de renúncias fiscais, ou seja, mais ou menos 5 bilhões de dinheiro público. Além disso, ela está à venda por um valor inferior, já que os novos compradores oferecem R$4 bilhões”, criticou a economista Sandra Quintela do Instituto de Políticas para o Cone Sul (PACS).
A campanha defende que área da TKCSA seja transformada em um campus universitário. “A Zona Oeste, que representa 65% da cidade do Rio de Janeiro, não tem nenhuma universidade. Esta é uma dívida tremenda com a região. Um campus nesta área resultaria em um desenvolvimento real, com pesquisa e extensão, com a descontaminação da baía de Sepetiba, com trabalho com os pescadores tradicionais e com produção de alimentos garantindo soberania alimentar”, completou.