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Site do boletim do MST do Rio de Janeiro
quinta-feira 4 dezembro 2014
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Notícias do Rio
VI Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes promove de 8 a 10 de dezembro exposição e venda de produtos de camponeses do Rio e de várias regiões do Brasil
V Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, realizada em julho de 2014.
Mais uma vez, o Largo da Carioca será palco da maior feira do Rio de Janeiro com produtos oriundos de assentamentosde reforma agrária. De 8 a 10 de dezembro, cerca de 130 agricultores/as vão participar da VI Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes. Nessa edição, uma novidade: três dias de evento, onde a sociedade terá a oportunidade de conhecer a produção dos assentamentos, das cooperativas e de coletivos por meio da compra de produtos direto das mãos das camponesas e camponeses.
A diversidade de produção expostas durante a feira sempre surpreende os participantes. Agricultoras e agricultores de 17 assentamentos do MST do estado vão levar cerca de 30 toneladas de diferentes produtos como frutas, hortaliças, verduras, doces, geleias, compotas, feijão, arroz, derivados de leite, derivados da cana-de-açúcar, fitoterápicos, café, mel, pimenta, própolis e artesanatos. Além dos produtos in natura, a feira ira oferecer agroindustrializados de diferentes cooperativas, dentre elas: COOPSCAMP e COOPATERRA (RJ); ASFAPSUL (MG); COOPAVA e COAPRI (SP).
Quem passar pela feira também vai ser embalado por ritmos de diferentes regiões do país. Já confirmaram participação Geraldo Júnior, Us Neguin Q Ñ C Kala, Bloco Apafunk, Mano Teko e MC Pingo.
O principal objetivo da feira é ser um espaço de conscientização a respeito da Reforma Agrária. A aproximação entre assentados e moradores da cidade possibilitar a divulgação da realidade social, cultural e organizativa dos assentamentos de reforma agrária, da luta por justiça social, e do esforço para produzir alimentos saudáveis e agroecológicos. O projeto da Reforma Agrária Popular tem como princípio básico o diálogo entre campo e a cidade, e a produção de alimentos saudáveis para a população.
O nome da feira é uma homenagem ao líder Sem Terra Cícero Guedes, assassinado em Campos dos Goytacazes, em 2013. Cícero foi um dos idealizadores da feira, e uma referência em agroecologia.
O evento é uma realização do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em parceria com o INCRA, e tem o apoio do SINDIPETRO, da COOPSCAMP, da COOPATERRA e da COOPERAR.
Serviço
Evento: VI Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes.
Dias: De 8 a 10 de dezembro.
Hora: Entre 8h e 18h.
Local: Largo da Carioca.
Mais informações:
Vanessa Ramos
(21) 993723219
Alan Tygel
(21) 980858340
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2014-12-04 ::
alantygel
sexta-feira 17 outubro 2014
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Notícias do Rio
da Coordenação Estadual do MST-RJ
É com muita alegria e resistência que o MST/RJ socializa com todos/as mais uma conquista do nosso movimento. No dia 15 de outubro de 2014, foi imitida a posse do acampamento Irmã Dorothy, Antiga Fazenda das Pedras em Quatis, RJ. As famílias estavam acampadas desde do dia 22 de outubro de 2005.
A notícia foi recebida com muita alegria, pois as famílias já estavam cansadas de tantas promessas e nenhuma solução. O acampamento já estava preparado para comemorar no próximo dia 22 de outubro seus nove anos, e agora a festa será para celebrar mais uma conquista para todos/as nós.
Neste ano de 2014, é a segunda área que conquistamos. A primeira foi o assentamento Osvaldo de Oliveira, primeiro Plano de Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro. Agora, 7 meses depois, conquistamos o assentamento Irmã Dorothy. Antes destes, o último assentamento pelo INCRA havia sido em 2007.
Portanto, companheiros/as, sabemos que não está fácil este momento para a classe trabalhadora, porém precisamos seguir fazendo luta e conquistando terras, para que estas de fato esteja nas mãos de quem nela trabalha e não nas mãos do agronegócio que não produz vida. Sabemos que muito ainda temos por fazer, mas a mística da luta não pode nos faltar. Seguiremos lutando para fazer a Reforma Agrária.
Viva a Luta Camponesa!
Viva a Ir. Dorothy!
Lutar! Construir Reforma Agrária Popular!
Veja mais sobre o Irmã Dorothy:
Irmã Dorothy: 300 anos de opressão e luta. 5 anos de acampamento! (09/11/2010)
Dorothy Stang presente: a luta na Serra e no Vale à sombra da ferrovia e rodovia (10/02/2011)
Dorothy Stang presente: a luta na Serra e no Vale à sombra da ferrovia e rodovia (11/03/2011)
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2014-10-17 ::
alantygel
quinta-feira 16 outubro 2014
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Agenda
Convidamos a todos para participar, nesta sexta-feira, 17 de outubro, do ato político Direitos Humanos Sim, às 18h, em frente à Câmara de Vereadores.
O ato político de defensores de direitos humanos com Dilma. Reuniremos os mais diversos segmentos da sociedade para reafirmar as conquistas democráticas e fortalecer um conjunto de pautas progressistas:
– Contra a redução da maioridade penal
– Reparação de vítimas de violência do Estado
– Criminalização da homofobia e exigir a punição dos demais crimes de ódio (intolerância religiosa, xenofobia…)
– Criação de um protocolo federal de atuação dos agentes do Estado em manifestações, pautado no respeito aos direitos humanos.
– Revisão da lei de anistia
– Fim dos autos de resistência
– Respeito aos povos e comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas…)
– Respeito à diversidade religiosa
– Reforma Agrária e Urbana Popular
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2014-10-16 ::
alantygel
segunda-feira 13 outubro 2014
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Notícias do Brasil
Educadores e educandos se desafiam a construir a agroecologia da Amazônia no contexto da luta pela terra no Pará
por Alan Tygel, de Belém (PA)
Aliar o conhecimento técnico da academia ao saber popular camponês. Essa é uma das motivações do Curso de Formação em Agroecologia, Agricultura de Base Ecológica e Políticas Públicas, realizado em parceria entre o MST Pará e o IFPA Castanhal. O segundo tempo escola terminou na última sexta (10), e contou com visitas a diversas experiências de agroecologia no nordeste do Pará.
Roberta Coelho, coordenadora do Núcleo de Educação e Estudos em Agroecologia (NEA), do IFPA Castanhal, explica o formato do curso:
“Em cada momento do tempo escola, a gente discute questões teóricas. E quando eles retornam para seus lotes, vão com uma tarefa de tempo comunidade. No primeiro eixo, eles apresentaram uma caracterização do seu lote: o que plantam, como fazem, qual é a relação de trabalho, quem é que faz o manejo, se o homem ou a mulher, etc. Na segunda etapa, eles farão uma discussão sobre as organizações sociais dentro dos seus assentamentos ou acampamentos, para dar subsídio aos formadores que irão trabalhar.”
Além da visita a campo dentro do próprio campus do IFPA em Castanhal, os educandos visitaram Sistemas Agroflorestais (SAFs) em dois municípios da região. Em Igarapé-Açú (117km de Belém), os SAFs visitados foram tema de estudos da Embrapa Amazonia Oriental para desenvolver técnicas de manejo que evitam o uso de queimadas, prática muito difundida na região amazônica. No local, utiliza-se a trituração da capoeira, chamada de Tritucap. Através de máquinas específicas ou adaptadas, a vegetação não florestal é triturada e deixada em cima do solo. Desta forma, se pode plantar com o solo protegido e utilizar a lenha para movimentar uma casa de farinha. O principal produtos dos SAFs é o açaí, mas também é produzida pimenta do reino, maracujá, citros, graviola, cupuaçu, cacau, entre outras.
Em Tome-Açú (113km de Belém), na comunidade de Santa Luzia, além do manejo da agrofloresta, os participantes do curso puderam observar uma agroindústria da APPRAFAMTA. A associação, através de financiamentos externos, conseguiu estruturar o processamento de polpas – extração, embalagem e congelamento – e acabou de adquirir equipamento para extração de óleos. As máquinas secam as sementes, trituram, cozinham e prensam para retirar óleo. O objetivo é extrair óleo de andiroba, maracujá, cupuaçu e cacau.
Viviane Brígida é coordenadora estadual do MST no Pará. Ela explica que a maioria dos educandos são lideranças de acampamentos e assentamentos da regional Cabana, e que possuem alguma experiência prática de agroecologia em suas áreas. Faltava então o complemento teórico e intercâmbio de experiências: “É um princípio que estamos botando em prática.”
Entender como se dá a agroecologia na Amazônia também é um desafio do curso. Para Viviane, “É sobretudo uma defesa do que é ser Amazônia, do que é ser camponês. Existimos dentro dessa biodiversidade, garantimos sua preservação e aprimoramos o conhecimento que o camponês já tem daqui. Sobretudo, fazemos uma agroecologia de resistência, de defender a natureza, defender o saber da terra e o saber camponês nessa região.”
Josias Antônio do Nascimento é acampado no Jesus de Nazaré, há um ano e 5 meses. Antes de ingressar no movimento, Josias trabalhou na Agropalma, no monocultivo do dendê. Com apoio do governo federal, esta cultura tem crescido nos últimos anos no estado, e utiliza grandes quantidades de herbicidas e raticidas. Ele teve intoxicação por agrotóxicos diagnosticada por médicos:
“Hoje eu me sinto muito melhor graças a Deus, devido ao envenenamento que eu passei. Vou continuar no curso até o final e vou passar o informe para as outras pessoas do meu acampamento. A agroecologia é uma grande diferença para a realidade que eu passei usando o veneno”, disse Josias.
Se dentro do MST a agroecologia faz parte do projeto político, na academia ainda há uma disputa a ser feita, como explica Roberta:
“A gente tem resistência com o tema no Instituto. Temos um grande número de professores que discutem agroecologia, mas também temos o agronegócio dentro do Instituto. É uma instituição pública e lá fazemos nossa luta por espaço. Em nossas disciplinas temos o viés da agroecologia, mas eu saio da sala e entra o professor que discute adubação química e agrotóxicos. Mas do nosso ponto de vista isto é até bom, pois o aluno consegue ter o contraponto entre agronegócio e agroecologia e fazer a sua escolha enquanto profissional.”
Para Josias, a escolha já está feita. Quem já foi explorado no trabalho rural e sentiu o peso dos venenos na pele não tem dúvidas: “A diferença de ter a própria terra é que a gente é mais livre, mais solto. Se eu não gosto de trabalhar com veneno e for trabalhar empregado, eu tenho que fazer o que patrão manda e vou ter que usar o veneno. E dentro do meu terreno eu trabalho da minha forma, do meu jeito, natural, sem atingir ninguém, sem explorar a terra, o meio ambiente, enfim, sem me prejudicar.”
O curso contará ainda com mais duas etapas presenciais, além do tempo comunidade. Além das práticas agroecológicas para produção agrícola, um dos focos das próxima etapas serão as políticas públicas.
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2014-10-13 ::
alantygel
terça-feira 23 setembro 2014
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Notícias do Brasil
César Garcia, para o Canal Ibase
Não é de hoje. Dos anos 1990 para cá, um grande número de brasileiros tem se dedicado cada vez mais a considerar a origem dos alimentos que consome. Os transgênicos representam preocupação constante para as populações mais bem informadas, já que têm sido alvo recorrente de ambientalistas que identificam neles elementos cancerígenos na composição. Os orgânicos, autoproclamados livres de pesticidas, herbicidas e aditivos químicos, custam bem mais caro. São embalados por um marketing de certificação verde, que inibe pequenos agricultores de produzi-los, e nada impede que sejam cultivados nos mesmos moldes das monoculturas tradicionais do agronegócio. Uma terceira categoria de alimentos, no entanto, enseja uma forma de produção aliada à justiça ambiental: os agroecológicos.
A agroecologia se baseia na garantia de terra para os camponeses, na diversidade de espécies, no trabalho digno e na soberania alimentar. Ela se opõe ao agronegócio, cuja produção é caracterizada por monoculturas de alta mecanização, ocupando grandes extensões de terra, e que dependem de defensivos agrícolas para o cultivo. As práticas agroecológicas dizem respeito à pequena propriedade, à mão de obra familiar, aos sistemas produtivos adaptados às condições locais e às redes regionais de produção e distribuição de alimentos. E aqui está a grande virtude do sistema: a produção dessas pequenas propriedades é comercializada em feiras, normalmente localizadas nos centros urbanos mais próximos.
Num estudo realizado com base em dados fornecidos pela Rede de Agricultura Sustentável, 27 estados da federação foram identificadas 99 feiras agroecológicas e 129 feiras orgânicas em todo o Brasil. Pernambuco é o estado com mais feiras agroecológicas (30), seguido pelo Rio Grande do Sul, com 20, Santa Catarina, com 12, e Rio de Janeiro, com 11. São Paulo é o estado com mais feiras orgânicas do país (23), seguido por Rio de Janeiro (21) e Paraná (14).
Os números não são definitivos, nem podem ser. As informações muitas vezes carecem de atualização. E feiras abrem e fecham ao sabor do mercado. O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) elaborou, em 2012, uma lista de feiras orgânicas e agroecológicas por municípios, que apontava o Rio de Janeiro como a cidade com o maior número (25) delas no país. Brasília era a segunda, com 20, seguida por Recife, com 18, Curitiba, com 16, e a cidade de São Paulo, com 12. O mesmo instituto disponibilizou na web um Mapa de Feiras Orgânicas, com endereços, horários de funcionamento e os tipos de alimentos processados e in natura que o consumidor pode encontrar em cada uma delas. O mapa também identifica grupos de consumo responsável, por estado, com endereços físicos e virtuais.
Para o economista Jean-Marc Von Der Weld, coordenador de Políticas Públicas da ONG Agricultura Familiar e Agroecologia (AS-PTA), a única forma de produzir de forma sustentável é através da combinação da agroecologia com a agricultura familiar. “Essa combinação”, diz, “permite a quantidade necessária de alimentos, com preços acessíveis e com uma qualidade que o sistema convencional é incapaz de produzir (como mostra o filme “O Veneno Está na Mesa II”, do cineasta Silvio Tendler). Sistema convencional aqui deve ser entendido como o agronegócio, responsável por 43,3% da receita da balança comercial brasileira no primeiro semestre deste ano, e detentor de uma representação de cerca de 120 deputados no Congresso Nacional – a chamada bancada ruralista. Os pouco mais de 12 milhões de camponeses familiares existentes no país conseguem eleger apenas de 10 a 12 deputados federais por mandato – uma desproporção e tanto.
Assentamentos e agroecologia: a experiência do Rio de Janeiro
A Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que acontece duas vezes ao ano, no centro do Rio de Janeiro, reflete uma experiência agroecológica que tem dado muito certo no Brasil. E funciona como um espaço de reconexão campo-cidade, em que o consumidor fica em contato direto com a produção dos colonos assentados no estado.
A gama de alimentos expostos é variada: abacaxi, abóbora, coco, mel, quiabo, ovos, mandioca, manga, pimenta, mel, tapioca, ervas e maracujá (os alimentos variam de acordo com a região. Nas feiras agroecológicas de Pernambuco, por exemplo, são vendidos mostarda, acelga, coentro, cebolinha, alface lisa, crespa e americana, pimentão, goma, beiju, entre outros). Também há nela cosméticos, como xampu e condicionador, produzidos com inhame e linhaça, além de creme para os pés à base de alfavaca e hortelã, livros sobre ecologia, e agendas do MST. “A ideia é mostrar que, além de produtora de alimentos que resguardam a saúde humana, a agricultura campesina fixa as famílias à terra, e as pessoas não migram para as cidades”, comenta a engenheira agrônoma e pesquisadora Eliana Leite. Para ela, espaços assim permitem ao mesmo tempo segurança alimentar e renda para os produtores, já que, além de produzir, eles se alimentam. E não é apenas a renda do excedente, pondera. “Num assentamento, você também produz de tudo: milho, abóbora, feijão, hortaliças… cria galinhas, porcos, cabras, e o melhor: tudo isso em áreas relativamente pequenas, dependendo, claro, da realidade de cada município”.
No Rio de Janeiro, duas instituições ligadas à agroecologia prepararam em agosto de 2013 o que pode ser considerado um dos raros esforços de inventariar endereços e horários de funcionamento desses empreendimentos no estado: o guia Feiras da Roça, Orgânicas e Agroecológicas no Estado do Rio de Janeiro. O folder, disponível na web em formato pdf., além de classificar as feiras por cidades, tem uma seção indicativa de compras coletivas organizadas por consumidores que negociam diretamente com os agricultores. A Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ) também produziu uma publicação semelhante na web, Onde Adquirir Produtos Agroecológicos, com um mapeamento que inclui não apenas as feiras, mas também as associações de produtores em cada estado.
Feiras: espaços de resistência
Organizar uma feira como a do MST, em pleno Largo da Carioca, no centro do Rio, não é tarefa fácil. Envolve muita logística, para o transporte dos alimentos, e dinheiro, que é arrecadado em sindicatos
ligados historicamente às causas que o MST defende: “Sempre tivemos muita dificuldade de trazer para o centro do Rio a produção das áreas de acampamento. Mas a gente traz, para mostrar à sociedade o que é feito pela agricultura camponesa de produção de alimentos no Rio”, explica o engenheiro agrônomo Marcelo Durão, membro da direção do MST no estado. O MST de Marcelo integra a Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ), que juntamente com o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) reúne aproximadamente 110 feirantes das regiões Serrana, Sul-fluminense e do Vale do Paraíba, que se revezam em 30 barraquinhas no local.
Historicamente o Rio de Janeiro tem disputado uma peleja desigual em relação à produção de alimentos. Boa parte de sua área agricultável vem sendo ocupada pelo agronegócio, que no estado se restringe à cultura da cana de açúcar e à do eucalipto. Para se ter uma ideia, em 20 anos, a área de plantio de culturas alimentares básicas experimentou uma queda muito acentuada no estado. O cultivo de arroz teve sua área reduzida em 95,1%; o de laranja, em 82,8%; o de feijão, em 66,7%; o de tomate, em 55% e o de mandioca, em 41,2%. Os dados são do engenheiro ambiental Eduardo Barcelos, da Associação dos Geógrafos do Brasil ( O período considerado por Barcelos retrata a comparação entre os resultados dos censos do IBGE de 1985 e 2006).
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra no Rio surgiu praticamente da organização dos camponeses expulsos da terra pela grande cultura da cana, que ocupou boa parte desses espaços de cultivo, explica Eliana Leite. E isso esvaziou definitivamente as cidades do interior. “As cidades estão cada vez mais desertas. Principalmente no Norte e no Noroeste, que são áreas muito pobres e com um processo de desertificação em marcha. É preciso manter essas pessoas no campo, dignamente. E isso só agricultura camponesa pode fazer”, diz.
O número de assentamentos familiares regrediu substancialmente nos últimos anos. Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) demonstram um declínio de cerca de 50% no número de assentamentos entre 2007 a 2010 (232,7 mil) de assentamentos entre 2007 a 2010 (232,7 mil), e entre 2011 e 2014 (105,3 mil).
“A gente sente dificuldade desde o primeiro governo Lula. Cada vez mais o PT tem apostado no agronegócio como modelo de agricultura. E nós sabemos que não existe meio termo entre agricultura camponesa e agricultura do agronegócio”, diz Marcelo Durão.
Ele enumera o que é preciso fazer para reverter esse quadro: primeiro, a valorização da semente produzida pelo campesinato – a chamada semente crioula – em detrimento da semente transgênica. Depois, favorecer a comercialização e a circulação de alimentos por região. Também é necessário, segundo ele, potencializar os programas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento): “Acho que isso foi uma coisa boa que o governo fez. Com esses programas, você tem a compra direta e garantia de comercialização e distribuição”, diz. Por fim, a reforma agrária: “Você tem, entre aspas, uma distribuição de renda, mas deixa intacta a propriedade privada. Não sou um pensador econômico, mas percebo que algumas questões podiam ser resolvidas de forma diferente, porque haveria mais movimentação do capital, e isso sem pensar em revolução”, diz.
A reforma agrária no estado do Rio de Janeiro vai mal, desde que o PMDB de Sergio Cabral se instalou no poder. Marcelo reclama que o MST nunca foi recebido pelo atual governo, hoje exercido pelo vice-
governador Pezão. Entretanto, ele não perde a esperança: “Acho que a primeira coisa a fazer é sentar e conversar, potencializar a construção de algumas políticas, identificar áreas públicas no estado. É a partir das áreas devolutas que a gente pode começar a reforma. As áreas para desapropriação são mais a nível federal”, explica.
Os números oficiais do Incra para 2014 ainda não foram divulgados .Mas há hoje, segundo Eduardo Barcelos, 630 mil hectares de áreas degradadas no estado, que poderiam ser aproveitadas para reforma agrária. E esse número pode chegar a 1,5 milhão de hectares, nos cálculos dele. “No ano passado, eu participei de um seminário sobre conflitos envolvendo o cultivo da madeira, na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). Era um chororô danado de empresários do ramo da silvicultura, querendo saber como a atividade poderia se viabilizar no estado. O secretário de Desenvolvimento Econômico da época, Júlio Bueno, disse o seguinte: ‘Eu não tenho uma resposta, vocês têm 630 mil hectares disponíveis para expandir’, referindo- se às áreas degradadas do Rio de Janeiro e à possibilidade
de ocupação dessas áreas por um novo ciclo de monocultura de madeira para estocar, visando os empreendimentos industriais que estão sendo desenvolvidos no estado, nos últimos 10 anos”.
Eduardo conta que o agronegócio não ficou satisfeito com a oferta, pressionou a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, e isso fez com que o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) se apressasse em lançar um “Estudo de ‘Favorabilidade’ das Terras para Silvicultura”– isso mesmo: “favorabilidade”, segundo ele, um neologismo para classificar o que os agrônomos chamam desde sempre de aptidão agrícola. “Quando a gente começa a olhar o estudo, encontra uma cifra de 1,5 milhão de hectares ‘favoráveis’ à silvicultura no Rio de Janeiro, entre baixa, média e alta favorabilidade”, revela. Isso significa uma disponibilidade de cerca de metade da área agrícola do Rio para o agronegócio da silvicultura.
Para o líder do MST no Rio, Cosme Santos que também é um assentado, a proposta de reforma agrária que o movimento adotou nos últimos 30 anos está socialmente derrotada. Segundo ele, é necessário pensar uma reforma agrária em que campo e cidade dialoguem e, ao mesmo tempo, estimulem a vida no campo. “A gente quer escola, saúde, áreas de lazer”, disse em palestra no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, em 2 de junho de 2014. . Os pontos principais dessa reforma, segundo ele, são produção de alimentos saudáveis, de qualidade, preservação dos recursos naturais, e propriedade da terra: “A terra sempre foi uma questão política no Brasil.
A nossa história é a história da grilagem de terras”, diz. Outro ponto importante, segundo Cosme, é uma nova forma de assistência técnica. “Nós fomos deseducados a trabalhar na terra. Hoje a assistência que temos é formada dentro da lógica da tradicional universidade rural, da tradicional metodologia do uso de insumos, como os defensivos agrícolas. Nós precisamos formar nossos agrônomos com novas técnicas de produção, que em vez de nos tornar dependentes, nos emancipem”, diz.
Para Cosme, é preciso pensar em uma educação de qualidade, que forme técnicos, que fixe a juventude no campo, e que traga conhecimento tecnológico que possibilite melhorar as técnicas de produção. E isso sem querer reinventar a roda: “Precisamos trazer de novo as técnicas de produção utilizadas por nossos avós e bisavós, que além de serem muito eficientes, eram muito produtivas também”.
Marcelo Durão tem pontos de vista convergentes. Para ele, o desenvolvimento do campo passa pelo desenvolvimento da sociedade. “Estão fechando as escolas do campo, que precisam voltar abrir. Estão
centralizando cada vez mais as escolas do campo nas cidades, nos centros urbanos. Isso, para o filho do agricultor, faz diferença. Áreas de lazer também. Você precisa levar cinema, saúde, universidade e internet para o campo. O jovem tem migrado para a cidade porque na área rural não tem nada disso. A prioridade é ir para a cidade. É lá que está a festa, é lá que está a juventude!”
Marcelo acrescenta que falta também ao Rio uma referência de comercialização dos produtos produzidos pelos camponeses: “Nós não temos mais no estado do Rio de Janeiro, nem no município, uma área de mercado municipal. E isso aconteceu dentro da lógica do comércio varejista, das redes de supermercados. Você acabar com um mercado municipal é um tiro muito forte no agricultor, no campesinato“, explica.
Cosme chama atenção para a questão da falta de infraestrutura nos assentamentos. “O básico para sobreviver você não tem, ou quando tem é precário a tal grau que põe em risco a vida dos homens e das mulheres. As casas são uma em cima da outra e não têm luz. Como é que uma jovem vai sair para estudar e voltar para casa na escuridão, correndo riscos graves?”, indaga. Marcelo complementa: “Só pra você ter uma ideia: a gente tem um assentamento que, andando a pé, fica a 50 metros da Dutra. E dentro do assentamento não tem luz. Sabe, são coisas assim: em pleno Rio de Janeiro, a 50 metros da Dutra, não existe eletrificação num assentamento. São coisas que beiram o absurdo, não?
Segundo Cosme o projeto de reforma agrária popular do MST só vai ser vitorioso se construído numa lógica de organização social. Campo e cidade pensando juntos: “Isso passa pelos hábitos alimentares, pelo conhecimento tecnológico, pelos diversos conhecimentos que adquirimos até aqui”. É um projeto que, nas palavras dele, quer desconcentrar o que está concentrado – as periferias das cidades, as favelas – e ao mesmo tempo distribuir renda, dando condições de produção aos assentados.
Agricultura familiar e agronegócio
Segundo o professor de agroecologia da Universidade da Califórnia, Miguel Altieri, a agricultura industrial de monoculturas no mundo produz somente 30% dos alimentos consumidos, e essa não é uma comida de boa qualidade, na medida em que é produzida com aplicação de pesticidas e agrotóxicos. Já 50% dos alimentos preparados para consumo humano são cultivados por camponeses, que controlam apenas 20% da terra. “Imagine se você destinasse 50% dessas terras aos camponeses. Haveria alimento para todos!”, concluiu o professor, em entrevista recente no Programa Sem Fronteiras, GloboNews, 04.08.2014.
No Brasil o quadro não é muito diferente. Segundo o Censo Agropecuário de 2006, o último disponível, foram identificados 4,3 milhões de estabelecimentos de agricultura familiar, o que representava 84,4% do total. Esse contingente de agricultores familiares ocupava uma área de 80,2 milhões de hectares, ou 24,3% da área ocupada por todos os estabelecimentos agropecuários brasileiros. Esses números configuram uma estrutura agrária extremamente concentrada no país: os estabelecimentos não familiares, apesar de constituírem 15,6% do total dos estabelecimentos existentes, ocupavam à época 75,7% da área agricultável.
De qualquer forma, os números dão bem conta da pujança da agricultura familiar como política de governo. Ela fixa um contingente de 12,3 milhões de pessoas no campo, que produz 87% da mandioca que consumimos, 70% do feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, e 21% dos derivados do trigo que chegam às nossas mesas. A suinocultura familiar lidera a lista da pecuária, com uma participação de 59%, seguida pela produção de leite (58%), aves (51%) e bovinos (30%). A cultura com menor participação na agricultura familiar é a da soja (16%), exatamente um dos carros-chefes da pauta de exportações do agronegócio brasileiro.
Os agricultores familiares enfrentam, hoje, algumas barreiras com a legislação sanitária, que é montada para beneficiar grandes extensões de terra. “É preciso resgatar o conceito de que a interação com a natureza é importante para uma produção sustentável”, afirma o economista Jean-Marc Von Der Weld. E isso pode ser feito com semente crioula, sem a utilização de agrotóxicos ou de adubos químicos. “Aos poucos o agricultor começa a ver que os elementos ambientais têm um papel no sistema agroecológico: o primeiro deles é a conservação do solo”, diz.
Há dois anos, foi lançado um plano que, embora tenha muito a ser aprimorado, é um avanço na área. O governo federal lançou oficialmente o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), com o objetivo de orientar o desenvolvimento rural sustentável. O plano, criado pelo Decreto No 7.794, de 20 de agosto de 2012, é uma conquista dos movimentos sociais, e envolve, afora a Secretaria-geral da Presidência da República, a participação de 10 ministérios na sua elaboração (Íntegra do plano). Frente ao montante anunciado pela presidente Dilma Rousseff como estímulo ao agronegócio, o Planapo ainda conta com um volume de recursos muito baixo. No entanto, é uma frente de luta e espaço de diálogo alcançado pelos movimentos sociais, com o objetivo de expandir a agroecologia, como foi ressaltado no Encontro Nacional de Agroecologia, em maio deste ano. Trata-se, na opinião de especialistas, como Altieri, da construção de um novo modelo de produção agrícola. A agroecologia, para ele, é uma revolução pensada a partir do campo. E, vale dizer, a América Latina é a vanguarda do movimento.
Veja aqui duas tabelas com a lista das feiras de produtos agroecológicos em algumas capitais brasileiras.
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2014-09-23 ::
alantygel
segunda-feira 15 setembro 2014
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Boletins
Boletim do MST RJ – N. 59 – Setembro de 2014
E quando o Companheiro Osvaldo de Oliveira se foi, partiu dessa trincheira de luta, nos recusamos a deixa-lo. Precisávamos de sua coragem, de sua ousadia, de sua animação. Foi assim que o companheiro virou um assentamento inteiro. Precisávamos dele, as famílias Sem Terra precisavam dele. Virou nome de um lugar onde a luta é viva. E quão importante foi a sua família estar lá, junto com sua nova família, famílias sem terra do MST. Júlia, sua filha, agora estuda para ser assistente social na UFF. Carregando a história de seu Pai ela agora é chamada para retomar essa luta. “Bem vinda a sua nova família.”
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No dia 27 de agosto, os alunos do Curso Técnico de Agente Comunitário de Saúde (CTACS – 2013), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz, visitaram o assentamento Terra Prometida em Duque de Caxias – RJ. Conhecer a realidade dos assentados foi fundamental para estes trabalhadores Agentes Comunitários de Saúde relacionarem a saúde com as condições de vida da população do campo e que a terra é a principal fonte de sobrevivência de quem nela trabalha.
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Na fria madrugada do dia 16 de agosto de 2009, 150 famílias ocuparam a Fazenda Rio Novo, no município de Paracambi, a 76 km da capital fluminense. O latifúndio, que plantava capim e promovia queimadas, já havia sido declarado improdutivo pelo Incra desde 2005.
Cinco anos depois, 20 famílias resistem na beira da estrada à espera da terra. E no último sábado (16), o acampamento Marli Pereira da Silva completou mais um aniversário debaixo da lona preta:
“Estamos no meio da rua, mas não é por isso que o povo vai ficar dentro do barraco de braços cruzados. A gente produz na beira da estrada mesmo, temos muita produção. Quem quiser ver, procura lá a comunidade Marli Pereira da Silva, que vai ver as fotos da nossa produção ao longo desses cinco anos. A gente compartilha os produtos aqui com a comunidade, e o trabalho é todo coletivo”, afirma Áurea Andrea, coordenadora do acampamento.
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Cerca de 200 pessoas lotaram ontem (11/09) o auditório da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) no I Encontro Estadual de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. O evento foi organizado pelo Coletivo de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN-RJ) e teve como tema a agricultura familiar na alimentação escolar. Foram convidados para participar das mesas professores, gestores, técnicos e agricultores. Um dos objetivos da atividade foi avaliar a implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) nos últimos cincos anos no Rio.
O PNAE foi implantado nacionalmente em 1955 para contribuir para o crescimento, desenvolvimento, aprendizagem e rendimento escolar dos estudantes matriculados na rede pública. Busca também criar hábitos alimentares saudáveis, por meio da alimentação escolar e de ações de educação alimentar e nutricional. A lei 11.947 prevê ainda a compra de 30% dos alimentos de produção agroecológica. Em 2013 foram destinados mais de R$ 3,5 milhões para aquisição, via chamadas públicas, dos produtos locais por parte do governo. Os recursos são repassados por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FDNE).
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Desde quarta-feira (10), cerca de 300 feirantes ocupam a Praça Afrânio Jorge – Prado (Praça da Faculdade), em Maceió (AL), para a comercializarem a produção dos assentamentos e acampamentos organizados pelo MST no estado. A 15ª Feira da Reforma Agrária, que seguiu até o sábado (13), já se consolida no calendário e na vida da sociedade maceioense como referência de resistência ao modelo agrícola dos agrotóxicos.
Nesta quinta-feira (11), na exibição do Cineclube Cinema Na Terra, será lançado na capital alagoano o novo filme do cineasta Silvio Tendler, “O Veneno está na Mesa 2”. A comercialização de produtos da Reforma Agrária é acompanhada de um Festival de Cultura Popular que se iniciou na noite desta quarta, contando com a presença marcante de autoridades e da sociedade alagoana celebrando a abertura da Feira.
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Integrantes do MST bloquearam por mais de uma hora a Rodovia Castelo Branco, no sentido de Iaras e Promissão (SP), na tarde desta quinta-feira (11).
Cerca de 250 famílias protestaram contra a morosidade nos processos de Reforma Agrária no país.
Para Márcio Matos, da direção estadual do MST, a atual postura dos candidatos à presidência da República mostra um retrocesso na questão agrária.
“Não se fala em reforma nessas eleições, é uma conjuntura ruim, que em nada favorece os trabalhadores rurais. As contradições fundiárias são imensas, é um ponto que não podemos deixar adormecer nesse período”, diz.
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Nos dias 9 e 10 de setembro, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida realizou uma reunião nacional com participação de diversas organizações e comitês regionais.
A Campanha se reafirma como uma articulação nacional que luta para denunciar os efeitos dos venenos e do agronegócio e anunciar novos modos de organização da produção agrícola através da agroecologia.
Na reunião, foi lançado o novo panfleto da Campanha, que deve ser distribuído entre os comitês e entidades que compõe a campanha.
Como linhas de ação específicas, a Campanha segue denunciando o uso de agrotóxicos no Brasil proibidos em outros países. Após banir o Metamidofós e o Endossulfam, a Anvisa engavetou o processo de outras substâncias que já têm pareceres prontos desde 2012 indicando o banimento.
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El acaparamiento de tierras en el planeta crece implacable
Cuando como GRAIN comenzamos una investigación al respecto, pusimos el foco, por razones metodológicas, en el renovado control que sobre terrenos por todo el mundo emprendían los gobiernos de algunas naciones invocando a toda voz su intención de resolver una inseguridad alimentaria. Muy pronto, los variados grupos financieros (incluidos algunos fondos de pensión) saltaron al centro de los procesos de negociación desnudando el carácter especulativo de muchos de estos tratos agrarios y abriendo el foco de esta renovada ansia corporativa de tierra.
Siempre hemos estado conscientes de que el acaparamiento de tierra es mucho más vasto y ominoso de lo que hemos mostrado hasta el momento. No es sólo su utilización para emprendimientos agrícolas industriales de monocultivo de materias primas de exportación, ni la producción dislocada de alimentos en otros países. Implica extractivismo : agua, minería, petróleo, deforestación, narcotráfico, servicios ambientales y proyectos REDD (es decir territorios enajenados aparentemente en resguardo) y la especulación subsecuente con ellos, el turismo, el desarrollo inmobiliario y la urbanización, la geopolítica militar y mucho más.
En este número de Nyéléni, queremos asomarnos un poco a este fenómeno creciente y a las posibilidades de resistirlo desde nuestras comunidades.
Leia o Boletín Nyéléni 19 – Comunidades en lucha por la defensa de sus territorios
Caros amigos e amigas do MST,
Viemos a sua presença para lhes informar alguns fatos recentes muito importantes que aconteceram na luta pela Reforma Agrária brasileira, e a situação no campo em geral.
Nos últimos anos, o capital vem implementando o modelo de produção agrícola do agronegócio, que temos denunciado como perverso para os interesses do povo brasileiro. Um modelo baseado na monocultura, no uso intensivo de venenos, que contamina os alimentos, desemprega e expulsa a população do campo. Um modelo que destrói a biodiversidade e traz graves consequências para o equilíbrio climático.
Apesar de sua perversidade, que dá lucro apenas para uma minoria de fazendeiros e às 50 empresas transnacionais que dominam a agricultura brasileira, eles conseguiram uma hegemonia através dos meios de comunicação, que influi no governo e na sociedade como sendo este o único modelo possível de se produzir.
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Boletim MST Rio
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2014-09-15 ::
alantygel
segunda-feira 15 setembro 2014
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Notícias do MST Rio
por Diego Rangel Fraga, com fotos de Maria Amarela
Há 4 anos atrás, nesta mesma data, 7 de setembro de 2010, cerca de 300 famílias se organizaram e ocuparam um latifúndio improdutivo e com várias denúncias de desmatamento. A Fazenda Bom Jardim na época era de propriedade da Rádio Difusora, pertencente de Barbosa Lemos, ex-deputado estadual e ex-prefeito de São Francisco de Itabapoana-RJ.
Quatro anos se passaram desde este emblemático, o 7 de setembro. Todos vão para as ruas nessa data. Uns comemorar a tal da “Independência”, outros, como nós, tomamos as ruas para reivindicar nossos direitos, essa tal “Independência” que tanto nos é negada, no Grito dos Excluídos.
Como já se é de esperar, esses 4 anos foram marcados por muitas lutas, sofrimento e resistências das famílias do MST, e a luta e o sofrimento não tardaram a chegar. O despejo do Acampamento Osvaldo de Oliveira se realizou no dia 17 de novembro, e as famílias passaram por um dia tenso e de desrespeito aos direitos humanos por parte do poder público. Eram mais de 250 agentes da PF e da PM: “Era mais polícia do que gente, companheiro!”, é uma fala corriqueira que se costuma ouvir das famílias que estavam naquele fatídico dia. O despejo passou, mas a luta continuou.
As famílias começaram então uma peregrinação para encontrar um pouso para poder descansar e se organizar para os próximos passos da luta. De baixo de chuva foram jogados de um lado para o outro pelo poder público e seus agentes repressores, até que conseguiram com a Igreja um lugar para descansar e se reorganizar para os embates que viriam. Com a ajuda do Padre Mauro, conseguiram ficar em Virgem Santa, área da Igreja ainda em Macaé.
A luta não acabou e corajosos como somos, trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra, fomos para uma área pública à beira da linha férrea, no bairro de Califórnia em Rio das Ostras. Área fica no limite com o município de Macaé. As famílias começaram a se preparar para voltar a ocupar a fazenda. Foram muitas lutas no INCRA, no Fórum e mais onde fosse necessário estar.
Nessa época começaram a discutir uma ocupação diferenciada da área, já que tinha inúmeras denúncias de desmatamento na fazenda e desrespeito ao meio ambiente. Com trabalho intenso de formação avançamos na proposta do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável). O PDS é uma modalidade de assentamento em alternativa ao modelo convencional, com uma proposta diferenciada de matriz de produção, agroecológica, e ocupação em harmonia com o meio ambiente, apropriação coletiva da terra e proteção da mata.
Com a ação em conjunto da UFF – Rio das Ostras, parceira do MST e do Osvaldo de Oliveira desde sua ocupação, e dos Setores de Formação e Produção, as famílias começaram um importante processo de formação em agroecologia e organização coletiva.
Nessa relação firmamos parcerias concretas e solidárias com os companheiros da UFF-RO, do SindiPetro-NF, Marcel, Danilo, Pe. Mauro, André… Tantos em tanta caminhada, por que sozinhos sabemos que não damos conta. “A luta dos companheiros do recentemente conquistado Assentamento Osvaldo de Oliveira tem sido pedagógica para a Universidade Pública”, são palavras da professora da UFF-RO Katia Marro, grande companheira e formadora nesses 4 anos de lutas.
Mas toda luta gera fruto, e depois de tanta, dor, sofrimento e resistência veio a tão sonhada conquista.
VITÓRIA!!!
No dia 28 de Fevereiro de 2014, em frente ao Fórum de Macaé, cerca de 30 famílias esperavam ansiosas a decisão do juiz. Esperamos e esperamos lá do lado de fora, Ana Tavares, a Aninha para nós Sem Terra, advogada popular, já estava lá dentro há muito tempo. Todos estavam preocupados com a demora. Alguns companheiros diziam “A gente tem que ter fé que é hoje que sai essa terra!”, outros diziam “Nós só vamos sair daqui com uma decisão a nosso favor!” Era muita fé e coragem em jogo. E quando a Aninha chegou com a noticia foi àquela explosão de alegria, muitas bandeiras vermelhas tremularam, muitas lagrimas de felicidades rolaram aquele dia também. Eram muitos gritos e palavras de ordem, tantos que emocionavam.
“MST! A LUTA É PRA VALER!!!”
“REFORMA AGRÁRIA QUANDO? JÁ!!!”
“OUSADIA NECESSÁRIA, PRA FAZER REFORMA AGRÁRIA!!!”
Finalmente na terra, na tão sonhada terra! Fazenda Bom Jardim… Fazenda Bom Jardim que nada, agora é PDS Osvaldo de Oliveira!!! Primeira experiência dessas no estado do Rio de Janeiro. Que grandiosa vitória para todas essas famílias! Logo no dia seguinte já estavam todos de mudança, um corre-corre danado, mas todos com sorrisos largos estampados na face.
Passaram-se pouco mais de 6 meses desde que as famílias voltaram para a terra, de onde nunca deveriam ter saído. Mas a luta ainda não acabou, isso não, ainda falta muita coisa para conquistar. E foi assim que os companheiros e companheiras do Osvaldo de Oliveira aprenderam, só se conquista com luta. E é desse jeito que esta sendo até hoje.
“Precisamos de transporte escolar para as nossas crianças.” “A gente se organiza e vamos todos juntos a Secretaria de Educação.”, “Precisamos de coleta seletiva de lixo, atendimento médico e melhorias na estrada.” “Vamos arrumar um ônibus e passar o dia lá em frente da Prefeitura.”
Lutas e conquistas, todas elas, assim como o trator para arar a terra, as sementes, tudo. Tamanha coragem e ousadia para a luta cotidiana chegam a ser inspirador, “Talvez eles não o saibam, mas essa teimosia impregnou nossas agendas de trabalho e pesquisa, nossas preocupações cotidianas como sujeitos universitários”, é o que relata Katia Marro.
2014, 4 anos depois, no mesmo dia, naquela mesma data. 7 de setembro, Grito dos Excluídos, mais uma vez nos movemos, nos mobilizamos. Lá estava novamente o povo do Osvaldo, organizados e mobilizados. Dessa vez era comemoração. Aniversário de 4 anos do Osvaldo de Oliveira, de muita luta, mas também muitas conquistas. E foi para celebrar essas conquistas que nos mobilizamos, que festejamos.
Comemoramos por estar na terra, ter ganhado do latifundiário, por estarmos produzindo sem nenhum veneno em respeito à vida, por estarmos fazendo feira. Por estarmos exercitando a sociedade do futuro. Mas também não celebramos sozinhos, por que não conquistamos sozinhos. Nessa festa do povo, de todo o MST, de toda a classe trabalhadora, de todas as famílias do Osvaldo de Oliveira, celebramos com todos. Estavam na celebração os companheiros do SindiPetro-NF, os companheiros e companheiras da UFF-RO, o atualmente Vereador Marcel Silvano, a Secretaria de Agroeconomia, e a família do Companheiro Osvaldo de Oliveira, que cede nome ao Assentamento.
Nessa comemoração todos eram protagonistas dessa história. Todos mesmo. Cada qual com sua contribuição em algum momento, ou em alguns. E quão bonito ficou todos juntos, se enxergando. Mas nessa história uma parte destoou. Quando olhávamos para o lado e víamos a família do Osvaldo, o tal Osvaldo que virou o nome do assentamento, ficávamos cheios de felicidade e orgulho.
Osvaldo foi um grande lutador, desses que não desistem fácil de uma boa briga. Sempre ao lado do povo. Tinha um lado bem definido. Ocupava terra, fazia atos, se mobilizava. Ocupou os espaços do sindicato rural e de lá continuou tendo um lado. E esse lado sempre era o lado do povo. Um companheiro assim a gente costuma não deixar morrer, não damos descanso. A luta não para.
E quando o Companheiro Osvaldo de Oliveira se foi, partiu dessa trincheira de luta, nos recusamos a deixa-lo. Precisávamos de sua coragem, de sua ousadia, de sua animação. Foi assim que o companheiro virou um assentamento inteiro. Precisávamos dele, as famílias Sem Terra precisavam dele. Virou nome de um lugar onde a luta é viva. E quão importante foi a sua família estar lá, junto com sua nova família, famílias sem terra do MST. Júlia, sua filha, agora estuda para ser assistente social na UFF. Carregando a história de seu Pai ela agora é chamada para retomar essa luta. “Bem vinda a sua nova família.”, ouvi algumas vezes essa frase sendo dita por inúmeros companheiros a todas da família do Osvaldo.
Nessa importante festa comemoramos nossas vitórias, vitórias que nos dão folego novo para continuar nessa caminhada. Caminhada em busca de uma reforma agrária popular, onde todos e todas são partes indispensáveis nessa construção. É com muito orgulho que as famílias do Osvaldo de Oliveira e o MST-RJ chegam a esse ponto do processo da história, cientes de que a luta esta apenas no começo e que o caminho é longo. Agradecemos a todos que lutaram e ainda lutam pela emancipação do povo, e deixamos o convite para continuar nessas trincheiras de luta.
“OSVALDO DE OLIVEIRA,
SEU SONHO AINDA VIVE,
LUTAMOS TODOS JUNTOS POR UMA PATRIA LIVRE!!!”
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2014-09-15 ::
alantygel
segunda-feira 15 setembro 2014
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Notícias do MST Rio
por Ronaldo Travassos e Mariana Nogueira (Educadores do Curso Técnico de ACS)
No dia 27 de agosto, os alunos do Curso Técnico de Agente Comunitário de Saúde (CTACS – 2013), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz, visitaram o assentamento Terra Prometida em Duque de Caxias – RJ. Conhecer a realidade dos assentados foi fundamental para estes trabalhadores Agentes Comunitários de Saúde relacionarem a saúde com as condições de vida da população do campo e que a terra é a principal fonte de sobrevivência de quem nela trabalha.
Esta experiência no assentamento provocou o debate sobre como a grande mídia criminaliza os movimentos sociais. Além disso, os alunos apontaram que os trabalhadores do campo e da cidade têm em comum a luta por dignidade e condições de trabalho. Identificaram que a luta pelo direito à terra e à moradia é uma bandeira que todos os trabalhadores deveriam defender.
“Muito proveitosa essa ida ao MST, aprendi muito com esses trabalhadores comprometidos com a terra e com a luta da reforma agrária. Conquistaram minha admiração e a de todos do CTACS sua luta e resistência são a marca desse movimento. Que consigam conquistar a cada dia mais seus direitos é o desejo de todos nós que estivemos no Terra Prometida.”, disse Eliete, agente comunitária de saúde e aluna do CTACS.
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2014-09-15 ::
alantygel
segunda-feira 15 setembro 2014
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Notícias do MST Rio
por Alan Tygel, fotos de Daniel Barreiros
Na fria madrugada do dia 16 de agosto de 2009, 150 famílias ocuparam a Fazenda Rio Novo, no município de Paracambi, a 76 km da capital fluminense. O latifúndio, que plantava capim e promovia queimadas, já havia sido declarado improdutivo pelo Incra desde 2005.
Cinco anos depois, 20 famílias resistem na beira da estrada à espera da terra. E no último sábado (16), o acampamento Marli Pereira da Silva completou mais um aniversário debaixo da lona preta:
“Estamos no meio da rua, mas não é por isso que o povo vai ficar dentro do barraco de braços cruzados. A gente produz na beira da estrada mesmo, temos muita produção. Quem quiser ver, procura lá a comunidade Marli Pereira da Silva, que vai ver as fotos da nossa produção ao longo desses cinco anos. A gente compartilha os produtos aqui com a comunidade, e o trabalho é todo coletivo.”, afirma Áurea Andrea, coordenadora do acampamento.
A camponesa participou da ocupação desde o início:
“Eu vim do trabalho de base lá em Miguel Couto, na casa do seu Manel. Um dia, chegou uma notícia de que estavam dando terra, e eu sempre quis ter um sítio. Então eu pensei: oba, vou lá! Mas eu não sabia que era do MST. Chegando lá, vi nosso colega Cláudio Amaro com bonezinho vermelho, e pensei: epa, não vou entrar nisso não, fiquei com um pouco de medo. Mas ele foi falando da importância da luta pela terra, e eu fui me interessando cada vez mais. Tínhamos reuniões de 15 em 15 dias, e a gente ficava naquele suspense de onde ia ser a ocupação. Eu pensava que se fosse um lugar longe não poderia ir, e o interessante é que eu sempre quis morar em Paracambi, passava por aqui pra ir pra casa do meu vô, e achava um clima bom. E aí, sem querer querendo, a ocupação foi em Paracambi, no mês do meu aniversário. Nessa noite estava muito frio, a gente saiu de lá dia 15, mas só chegamos aqui no dia 16, porque tivemos que enrolar no meio do caminho. Esperamos no mutirão de Paracambi até a madrugada para fazer a ocupação. Viemos em dois ônibus com cerca de 150 famílias, e ocupamos a fazenda Rio Novo, aqui em Paracambi.”
Renato Baldez, outro coordenador do acampamento, produz abelhas e tem uma horta no local. Em sua pequena horta, é difícil contar a quantidade de espécies, entre árvores, hortaliças e adubo verde: “Chaia, moringa, tem produção que às vezes num grande sítio você não encontra. Minha intenção é trabalhar sempre com a biodiversidade, sempre ter um pouco de tudo. Quem olha isso aqui acha que está tudo sujo. Mas na realidade cada planta aqui tem sua importância, além de insetos como a joaninha. Ela não mata a planta, e come os pulgões. A gente tem que aprender a trabalhar com isso, fazendo o controle biológico e o manejo agroecológico. O controle biológico se faz plantando um pouco de tudo. A formiga é o que dá mais trabalho, a gente não tem um predador dela. O pulgão a joaninha come, o gafanhoto tem um passarinho que vem e come. Então existe esse controle biológico, é o mangangá que vem, a abelha, e um controla o outro, na cadeia alimentar. Quando tem descontrole, a gente tenta ver aonde o inseto está focando, e tiramos um pouco dessa planta, e com isso tiramos o excesso.”
Para ele, falta incentivo para agricultura familiar: “Muitas pessoas vem desistindo, por não ter incentivo. Mas desistir é a pior coisa a fazer, pois é assinar um atestado de assumir completamente o agrotóxico. Produzindo a nossa própria alimentação, a gente consegue eliminar o agrotóxico, ter uma alimentação mais saudável. E o mais importante, a gente não deixa a biodiversidade morrer.”
A produção do acampamento, além do consumo interno, é vendida regularmente na Feira da Roça de Nova Iguaçu. A Feira da Estadual da Reforma Agrária e a Festa do Aipim de Tinguá também recebem os produtos do Marli Pereira da Silva.
O processo de ocupação foi todo coordenado por lideranças femininas do MST. Por isso, o nome Marli Pereira da Silva foi uma homenagem à uma mulher guerreira, que nos anos 1980 ficou conhecida na Baixada Fluminense como “Marli Coragem”. Ela denunciou o sequestro e assassinato de seu irmão pela polícia militar. Após grande exposição do caso, precisou se esconder e nunca mais foi vista. Mesmo assim, seu filho de 15 anos foi assassinado em represália. Marli se encontra presente na luta das mulheres Sem Terra de Paracambi.
Um mês após a ocupação, o acampamento sofreu um despejo, como conta Áurea: “No dia 16 de setembro, teve a reintegração. Foi muita polícia, muita tensão, mas não teve violência. Aí corremos aqui para a rua, sem estrutura nenhuma, começamos do nada, montamos as barracas, com família, criança, dormimos ao relento, no meio do mato, com cobra, uma friagem!”
Na época ainda vigorava a Lei XXX, decretada por Fernando Henrique Cardoso, que paralisava o processo de desapropriação de uma terra por 2 anos em caso de ocupação. A lei foi suspensa em XXX pelo governo Lula.
O trabalho de conscientização política ajuda os acampados a compreenderem o processo de luta pela terra como algo mais amplo do que apenas conquistar um pedaço de chão para plantar.
“Do dia da ocupação até hoje, em 5 anos, eu sempre participei dos cursos de formação. Com a formação que eu tive no MST, fiquei mais consciente ainda, e consegui fortalecer outros companheiros. Muitos desistiram, mas temos um grupo ainda bom, dos que estavam desde a ocupação. Passando um força para o outro, conseguimos estar aqui”, afirma Áurea.
Ela busca sempre mostrar que o acampamento é um espaço de estudo e trabalho: “Oferecemos aos nossos acampados que ainda não sabem ler o método cubano de alfabetização “Sim, eu posso!”. Estamos na luta, estamos na rua, mostrando isso para o povo que passa aqui. Eles falam que a gente é preguiçoso, vagabundo, que queremos roubar terra dos outros, mas estamos mostrando não é isso. Queremos produzir, ter uma boa qualidade de vida, e não comer venenos.”
Ela entende que o processo de luta pela terra exige firmeza persistência: “No começo a gente estava mais empolgado, tinha mais gente, muita criança, jovens, apoio. Hoje estamos fragilizados em número de famílias, porque muitos têm desistido por conta da demora no processo. As pessoas acham mais vantagem esperar em casa sendo assalariado do que vim lutar por terra.”
Mas não é isso que pensa Luzia Marques de Oliveira. Ela chegou no acampamento logo após a reintegração de posse, um mês depois da ocupação. Orgulhosa das suas rúculas e da bandeira que tremula em sua horta, ela na titubeia: “Não saio daqui de jeito nenhum. Tenho certeza de que vamos conseguir essa terra.”
Perguntado sobre quando isso vai acontecer, Renato Baldez não tem dúvidas: “O mais breve possível! Infelizmente os governantes ficam muito focados no agronegócio, no que dá muito dinheiro. Eu acredito muito na agricultura familiar, uma forma de trabalho mais junto com a natureza, mas infelizmente isso não dá resultado pra eles. Eles só querem a monocultura, essa estrutura monstruosa que vem engolindo a gente, infelizmente.”
E alerta: “Eles esquecem que isso um dia para de produzir. Porque aonde você bota só uma coisa, um dia não vai dar mais nada, não vai mais ter água para irrigar. Alguns estados estão proibindo a soja da entressafra, por conta da quantidade de praga e venenos que estão jogando em cima que não está dando conta. Cada quantidade de veneno que eles botam, as pragas vêm mais resistente ainda. Isso é um círculo vicioso que infelizmente tá levando todo ser humano e nossa terra à ruína.”
Com esperança na conquista da terra e no desenvolvimento através da agroecologia, Áurea já planeja: “Nesse período muitos foram embora, mas fomos fazendo trabalho de base e convidando outras famílias pra sempre manter o acampamento. Estamos confiantes. O fazendeiro plantava só capim, desmatou tudo, fez queimada. Mas ainda tem uma reserva pra fazermos uma agrofloresta quando o assentamento sair.”
Áurea vê melhoras a cada ano no acampamento. Mas para ela, o dia da conquista da terra não pode demorar mais: “A nossa vontade não é ficar comemorando 5, 6, 10 anos na estrada. A gente quer comemorar é ali dentro da fazenda.”
Veja matéria sobre a ocupação publicada no jornal Inverta: http://inverta.org/jornal/edicao-impressa/448/movimento/marli-pereira-da-silva-campo-e-cidade-unidos
A história de Marli Pereira da Silva (o nome está incorreto nesta matéria) http://mulheres-incriveis.blogspot.com.br/2013/07/marli-pereira-soares.html
E notícia no dia do despejo: http://passapalavra.info/2009/09/11925
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2014-09-15 ::
alantygel
domingo 24 agosto 2014
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Notícias do Rio
O curso de Especialização em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, do Programa de Residência Agrária, convida a todos para conhecer a experiência e debater sobre a Universidade e a Agroecologia em Cuba. Contaremos com a presença da Reitora da Universidade de Havana, Dra. Maria Irene Balbin Arias, além de mais dois professores cubanos.
O evento acontece nesta segunda feira, 25 de agosto, às 10h, no auditório Hilton Sales, 2o andar, P1, UFRRJ Campus Seropédica.
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2014-08-24 ::
alantygel